APOIO DOMICILIÁRIO Alimentação - Tratamento de Roupa Higiene Pessoal - Higiente da Unidade inesrego@olardocomercio.pt 229 405 700 933 951 469 PÁG. | 03 :: MANCHETE PAULO CASTRO E A DIREÇÃO PROCURAM MODERNIZAR O LAR, ATRAVÉS DA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS E O CONTROLO DOS SERVIÇOS PRESTADOS AOS UTENTES. “OS UTENTES SÃO O CENTRO DA NOSSA GESTÃO” :: DINÂMICA SOCIAL :: CULTURA EXCERTO DE “AMOR DE PERDIÇÃO” SERVIU DE MOTE PARA UM DEBATE ENRIQUECEDOR. ARTISTA DE RENOME NACIONAL, CÉLEBRE PELA INTERPRETAÇÃO DO HINO DO FC PORTO, MARIA AMÉLIA CANOSSA FALECEU NO MÊS DE JANEIRO E DEIXA SAUDADE NO MUNDO DAS ARTES. NESTA EDIÇÃO D’O CATASSOL LEMBRA- MOS A SUA LIGAÇÃO AO LAR. O LAR DO COMÉRCIO CELEBROU O ANIVERSÁRIO, COM UM PROGRAMA QUE INCLUIU INICIATIVAS COM TO- DAS AS VALÊNCIAS DA INSTITUIÇÃO. TERTÚLIAS DIALÓGICAS LITERÁRIAS :: GRANDE PLANO ADEUS A MARIA AMÉLIA CANOSSA 85 ANOS CELEBRADOS EM FESTA Periodicidade Semestral | Diretora Judite Maia-Moura | Ano 2022 | Número 2 - segunda-feira, 21 de Fevereiro PÁG. | 06 PÁG. | 13 PÁG. | 09 PUB PÁG. | 15 JOANA PEREIRA É PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO EQUITERAPÊUTICA PORTO E MATOSINHOS, QUE DESDE ESTE ANO TEM SEDE NA QUINTA DO CATASSOL, ORIENTA UMA EQUIPA JOVEM DE TÉCNICOS DE SAÚDE E EQUITAÇÃO. “A QUINTA DO CATASSOL É UM PARAÍSO NO MEIO DA CIDADE “ EDITORIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 2 Sempre na procura pela inovação e criatividade, O Lar do Comércio lançou este ano uma nova rúbrica para as redes sociais. “Tenho uma boa para contar” escolhe, em cada episódio, um utente para partilhar uma memória divertida do seu percurso de vida. Os vídeos, de curta duração, fazem as delícias dos seguidores. “TENHO UMA BOA PARA CONTAR” POR: JUDITE MAIA-MOURA // DIRETORA *ESCREVE DE ACORDO COM A ANTERIOR ORTOGRAFIA POR: ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação Gerir uma casa é sempre tarefa di- fícil, ainda que seja a nossa própria casa. Por muito que queiramos e procuremos não ferir susceptibili- dades, nem sempre os filhos estão todos de acordo, pelo que se torna necessário meditar e pesar as razões de cada um e procurar, abertamen- te, explicar as situações e escutar o que cada um tem a contrapor. Só com a união de todos é possível chegar a uma resposta justa. Se sairmos da nossa pequena casa e passarmos para uma empresa, onde, todos juntos, passamos os nossos dias, a tarefa é, com certeza, mais difícil ainda: gerir horários, conciliar os gostos de cada um, con- tornar a forma de ser de todos, cada qual com a sua forma de estar na vida, não é tarefa desejável a não ser para quem tem um grande coração. E, quanto maior for a empresa, a associação ou a instituição, maio- res serão as divergências, maiores serão os problemas. Mas em nada ajuda andarmos aos “encontrões”; no conta aqui, conta acolá; andar- EDITORIAL SOBE DESCE ARTIGO DE OPINIÃO mos amuados ou sem paciência. Já todos sabemos que não somos to- dos iguais, mas que tudo se torna mais fácil se nos aceitarmos uns aos outros como cada um é. Só de mãos dadas e todos unidos conseguimos resolver as situações que, às vezes, parecem problemas. Numa casa muito grande, onde os departamentos são múltiplos, as funções de cada um são as mais variadas e os temperamentos dos colaboradores mais distintos ain- da, só com simpatia, carinho e boa vontade é possível ter-se um bom ambiente. Tal como em nossa casa, cabe aos “pais” ponderar as situa- ções e discuti-las com os “filhos”, para que um consenso seja conse- guido, mas, mais uma vez, sempre de mãos dadas e todos unidos para gerir as diferentes sensibilidades. Fazer queixas ou resmungar... para quê? O que ajuda? Em qualquer lu- gar o mais importante é a harmo- nia, é a alegria, é a paz. É o sorriso. O sorriso é o melhor limpa-vidros e o melhor limpa-espelhos que exis- te; até nós próprios nos admiramos como ele torna tudo tão transpa- rente e tão luminoso. O sorriso é sempre lindo. O sorriso traz brilho aos dias mais cinzentos, traz alegria ao olhar mais triste, leva um abraço a quem vai ao nosso lado ou a quem nos encontra de frente. O sorriso aquece, leva- -nos a dar as mãos, leva-nos a viver unidos e amigos. Sorriso... palavra que não esquece. “FAZER QUEIXAS OU RESMUNGAR... PARA QUÊ? O QUE AJUDA? EM QUALQUER LUGAR O MAIS IMPORTANTE É A HARMONIA, É A ALEGRIA, É A PAZ” O LAR DO COMÉRCIO TEM VIVIDO UMA VERDADEIRA “REVOLUÇÃO” NO SEU CAMINHO DE RETOMA ALGUMAS NOTÍCIAS SOBRE PRÁTICAS ANTERIORES OFUSCAM AS MELHORIAS UMA CASA GRANDE QUANDO EU FOR GRANDE Lembro-me de ser menino, vestido apenas com uns calções de banho, sentado nas dunas da praia da Ma- dalena. Era mês de Agosto e ao meu lado estavam três primos. Entre as conversas sobre o jogo de voleibol de praia e as contendas de quem nadava melhor ou quem aguentava mais tempo debaixo de água, por vezes surgiam temas mais profundos e que, aos olhos de quem sou hoje, me orgulho de ter debati- do com tão tenra idade. “O que queres ser quando fores grande”? A ânsia por crescer, ser mais velho, poder conduzir, ter dinheiro para comprar todos os jogos de “plays- tation” do mundo, comer todos os dias no McDonalds, acabarem-se os castigos, ver filmes com bolinha e, claro, ser dono do próprio nariz... Ah! Ter o Mundo nas minhas mãos! Durante um largo período da nossa vida, provavelmente o mais bonito, a infância e adolescência, queremos envelhecer a correr. Não deixa de ser irónico que, chega- dos a adultos, tenhamos a percep- ção de que “passou tudo demasiado rápido”. Na verdade, foi mesmo isso que sempre quisemos. Agora na “Casa dos 30”, já não te- nho pressa de envelhecer e até me aborrece que o tempo passe dema- siado rápido. Um avanço evidente, sobretudo quando observo a minha filha, que “ontem” nasceu e hoje já traz TPC da Escola. E o que fazer? Deprimir? Encolher os ombros com enfado? Entrar na profunda melancolia? Ficar agarrado ao passado? Penso que estamos todos errados quando nos reduzimos a “ficar ve- lhos”. Revoltados, irados, amuados com a vida e temendo a morte. Há que continuar a sorrir perante o Futuro. Que nos trará sempre coisas novas. Umas maiores e mais impor- tantes: filhos, netos, bisnetos; outras pequenas, mas com significado: o bichano que estraga as cortinas, o rouxinol que pousa na varanda A MUDANÇA QUE SE SENTE FANTASMAS DO PASSADO A cada dia que passa, mais vi- síveis são as diferenças entre a anterior gestão de O Lar do Co- mércio e da direção atual. Nesta edição do Catassol será possível ler algumas das mu- danças, nomeadamente ao nível da gestão e da agilização dos processos (com destaque para a implementação do sistema in- formático), mas há muitas outras conquistas do dia a dia, com im- pacto real na vida dos utentes. Na Saúde, na Cozinha, na Limpe- za, na Dinâmica Social... Em pou- cos meses, tem sido evidente a melhoria dos índices de satisfa- ção, assim como uma maior abertura à comunidade. E a sen- sação é a de que não vai termi- nar por aqui... Numa altura em que O Lar do Comércio procura implementar o seu novo modelo, com mais transparência, mais fluidez e humanidade, é lamentável que surjam notícias sobre proces- sos, cuja investigação remonta a 2015. Embora a atual Direção esteja do lado da justiça, é preju- dicial à imagem da instituição a veiculação destas informações. No entanto, é importante salien- tar que, atualmente, os nossos utentes, familiares e associa- dos podem estar descansados, porque as práticas descritas na comunicação social não mais ocorrerão dentro destas portas. Agora impera a qualidade no ser- viço ao utente e o carinho. todas as manhãs, um novo livro, o concerto daquela banda que nunca vimos ao vivo, o “Jackpot” de sexta- -feira, o torneio de sueca... Aqueles pequenos faróis que ilumi- nam os nossos dias, semanas, meses e anos. José Mário Branco cantava “Quan- do eu for grande (carta aos meus netos)”, com letra de Manuela Frei- tas, fazendo uma reflexão sobre o arco da vida: Quando eu for grande quero ser como o rio dessa ponte. Nunca parar de correr, Sem nunca esquecer a fonte Creio que o segredo para uma longa vida feliz é estar sempre disponível para aprender e receber o que a vida nos dá, nos seus diferentes atos. Se envelhecer é uma inevitabilida- de, “ficar velho” é uma opção. Sigamos o curso natural da nossa existência; saibamos preservar a memória do que já fomos e vive- mos; que possamos passar aos mais novos a sabedoria que outros nos passaram. Se possível, sorrindo. GRANDE PLANO CATASSOL | FEVEREIRO 2022 3 Candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência vai materializar o robusto projeto de obras, que vai diminuir a capacidade, mas aumentar a quali- dade das instalações. O conceito do futuro passa por uma visão holística dos cuidados dos nossos utentes, indo muito além das regras impostas pela Lei e pela Segurança Social. Serão precisos vários milhões de euros para um projeto único, a nível nacional, e que se quer de referência internacional. PROJETO DE RENOVAÇÃO EM CURSO Este ano a Direção de O Lar do Co- mércio lançou o repto a toda a comu- nidade da instituição. Por que não envolver utentes e fa- miliares, associados, colaboradores e os meninos da Creche/Jardim-de- -Infância “A Borboleta” num projeto de decoração de Natal? Assim, criou-se um programa abran- gente, que começou com uma Feira de Natal, nos dias 2 e 3 de Dezembro. Seguiu-se a inauguração das luzes de Natal e uma sessão de fotos, no dia 14, o mesmo em que n’A Borboleta, os meninos tiveram muitas anima- ções e surpresas. O Centro de Dia assinalou a quadra natalícia a 18 e o Serviço de Apoio Domiciliário teve uma visita especial no dia 21, véspera da Festa na Enfer- maria. O almoço de Natal aconteceu dia 23 no refeitório principal, servindo de Da mega árvore de Natal no exterior do Lar ao presépio feito pelos utentes do Centro de Dia, passando pelas decorações dos pisos e um programa alargado de comemorações. No mês de Dezembro, vive-se uma quadra bonita e feliz entre a família do “Comércio”. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt A MAGIA DO NATAL UNE A COMUNIDADE DO LAR Na sexta-feira, véspera do aniver- sário, a Direção visitou os utentes do Serviço de Apoio Domiciliário e ofereceu um almoço especial assim como um simbólico presente. O Presidente da Direção, António Manuel Bessa, fez questão de acom- panhar uma das equipas na carrinha do Lar e dizer de “viva-voz” que to- dos os utentes fazem parte da grande família d’O Lar Comércio. Seguiu-se a comemoração com os utentes do Centro de Dia, que cortou o bolo e apagou as velas. No sábado de Festa, o dia começou com uma visita ao Mausoléu de Leça do Balio, onde a Direção homena- geou as pessoas ligadas à instituição que já partiram, seguindo-se o Has- tear da Bandeira e a inauguração da Oliveira que, agora, simboliza a Paz, o Amor e a Harmonia, logo à entrada da nossa Casa. Junto a esta bonita árvore, foi descer- rada uma placa, que assinala o ani- versário, assim como todos aqueles que por nós passaram e que gosta- mos sempre de recordar. A citação lá escrita pertence a An- toine de Saint-Exupéry e não podia ser mais adequada. “Aqueles que pas- sam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. A Direção d’O Lar do Comércio e o Presidente da Mesa da Assembleia- -Geral chamaram os utentes para junto de si. Gerou-se um momento com uma energia muito positiva e espírito de união. Antes do almoço, o Sr. Padre Pedro conduziu uma liturgia com muita emoção e devoção. Utentes, colabo- radores e Direção uniram-se num momento de fé, rezando para que o Futuro do Lar seja muito feliz. Destaque para o coro da instituição, O Lar do Comércio celebrou, a 26 de Junho, o seu 85º aniversário, com um programa que incluiu iniciativas com todas as valências da instituição. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt 85 ANOS DO LAR CELEBRADOS COM AMOR que interpretou brilhantemente vá- rias músicas do cancioneiro católico. Após a Missa Solene seguiu-se o al- moço, antecedendo a Sessão vesper- tina, que decorreu no Salão Nobre. A cerimónia, que contou com a pre- sença da Vereadora da Câmara Mu- nicipal de Matosinhos, Ângela Mi- randa, começou com o discurso do Presidente da Mesa da Assembleia- -Geral, José Domingos Silva. Seguiu-se um simbólico vídeo dos meninos da Creche / Jardim de In- fância “A Borboleta”, assim como a atuação do grupo coral do Lar. Também foram homenageados os funcionários com 25 anos de serviço, antes do encerramento, por parte do Presidente da Direção, António Ma- nuel Bessa. “Cada um de nós tem de fazer a sua parte para caminharmos rumo a um Futuro risonho”, defendeu com algu- ma emoção à mistura. Embora o contexto de pandemia não tenha permitido as comemorações ideais, com todos aqueles que mere- ciam fazer parte da festa, a Direção deu o protagonismo todo aos utentes e colaboradores. O corte do bolo aconteceu da parte da tarde, em vários espaços da ins- tituição, sempre com alegria e boa disposição, sem deixar de cumprir as medidas de segurança recomenda- das pela DGS. Para encerrar as celebrações do ani- versário da instituição, a Direção, o Presidente da Mesa da Assembleia- -Geral e as Diretoras Técnicas vi- sitaram a Unidade de Utentes com Acompanhamento Permanente. Foi uma demonstração de carinho especial para aqueles que mais preci- sam, nesta fase da vida. A Direção entende que a celebração da Vida n’O Lar do Comércio só faz sentido se todos forem envolvidos, tal como nas famílias unidas, em que ninguém fica de fora. aperitivo para 24 e 25, onde iguarias como bolo rei, aletria, pão de ló e ra- banadas não faltaram. Laura Guimarães, da Direção de O Lar do Comércio e responsável pela Dinâmica Social confessa-se uma “romântica do Natal” e, por isso, quis promover os valores da quadra na instituição, sobretudo neste contexto de pandemia e no final de dois anos muito difíceis. “O Lar precisa de Amor e unidade. Nada melhor do que o Natal para celebrar o espírito de família. A cor, os cheiros, os sons e os sabores na- talícios são o pretexto ideal para en- volver toda a comunidade do Lar e a verdade é que se sente um clima es- pecial no ar”, explica. Para iluminar a árvore no exterior do Lar, contámos com a colaboração da corporação de Bombeiros Voluntá- rios de São Mamede Infesta. Com o seu veículo e grua, pudemos colocar as luzes e a estrela - feita pelos meni- nos do Jardim-de-Infância - no topo da árvore. DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 4 “A HUMANIDADE DO MOMENTO” No Dia Mundial da Fotografia, o ponto de partida é a célebre frase de Robert Frank, fotó- grafo que se notabilizou por captar pessoas comuns: “Há uma coisa que a fotografia deve conter, a humanidade do momento”! A inspiração levou-nos à fala com “As Irmãs”. Uma conversa franca e fluída, com muita memória e ca- rinho declarado, quer pelo toque quer por palavras ditas a partir do coração. Madalena e Olinda escondem bem a idade. Bonitas, de fino trato, com a memória fresca e o sentido de hu- mor franco e desarmante. De 88 e 87 anos, respetivamente, nasceram em Leça da Palmeira, no seio de uma família humilde, e não tiveram mais irmãos. Enquanto meninas, foram tão dife- rentes, como o são hoje. Se uma é expansiva, a outra mais espiritual, se uma organiza, a outra cria, se uma ri, a outra reflete. Quando “Lena” queria brincar com a máquina de costura, “Linda” desconcentrava-a com uma receita preparada na cozinha de brincar, onde a relva e as flores substituíam o arroz e a batata. Quis o destino que nunca se sepa- rassem. Andaram sempre juntas e assim o fizeram há 16 anos, quando decidiram viver n’O Lar do Comér- cio. A passagem de Leça da Palmei- ra para Leça do Balio trouxe um ca- pítulo feliz a estas irmãs, cuja vida sempre fez sentido ao lado uma da outra. Madalena era uma brilhante aluna, sobretudo com números. Olinda só queria estudar o suficiente para passar de ano e cumprir os objeti- vos definidos em família. Sempre teve um lado mais prático, sendo a capacidade de organização um tra- ço forte da sua personalidade. Saíram ambas da escola após fechar o ciclo da 4.ª classe. Aprenderam a arte de bordar até estarem prepara- das para os desafios de uma modis- ta que as acolheu e proporcionou as bases para o futuro negócio, por conta própria, que as duas geriram a partir de casa. Tinham cerca de 20 anos. Nessa idade, ao contrário das pro- tagonistas das novelas que ouviam na rádio, não se prenderam em amores e desamores. Quanto a namoricos e paixões, fi- cavam-se pelos filmes que viam no Coliseu e as peças no Teatro Sá da Bandeira. O coração de Madalena sempre pul- sou com os livros e a música clássi- ca, prazeres que Olinda aprendeu a gostar, como complementos à arte do crochet. Ambas prezaram sempre a tran- quilidade e o conforto de estar em casa, olhando para a vida com o otimismo de quem sabe que o coli- nho irmão está ali ao lado. Esta tarde, sentaram-se a conversar sobre o percurso de quase 90 anos e que as trouxe até 2021. Riram, choraram, tocaram na mão uma da outra. Emocionaram-se e emocio- naram-nos. Dizem, com algum sentido de cul- pa, que há vários anos que não ver- balizavam certos sentimentos. “Eu sou mais de guardar para mim”, diz Madalena. “Mas a minha irmã não tem defeitos”, declara Olinda! As fotos contam o resto da verdade que está nos seus olhos! A nossa homenagem à fotografia. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt Madalena e Olinda estiveram à conversa no Dia Mundial da Fotografia NADA COMO ADOÇAR A VIDA A 7 de julho celebrou-se o Dia do Chocolate. É curioso que esta iguaria terá sido utilizada pelos Maias como moeda de troca. Para eles, o cacau era uma dádiva dos deuses, daí o seu valor. No Lar, serviu de “doping” para umas boas risadas. Dia do Chocolate JOGOS SEM FRONTEIRAS Atividade que beneficia do pulmão verde que é a Quinta do Catassol e privi- legia a diversão e a motri- cidade. Desporto Social N’O Lar do Comércio os nossos ani- madores promovem dinâmicas de grupo e interação permanente en- tre os nossos utentes. Os jogos ajudam a estimular ativi- QUEM NÃO GOSTA DE JOGAR? DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA PUB dades cerebrais essenciais. Uma vez que requerem o raciocínio lógico, a memória e a tomada de decisão, funcionam como exercício mental. Com a idade, surgem dificuldades para realizar atividades simples da rotina quotidiana, um problema que frustra e gera tristeza, levando, em muitos casos, à depressão. Como a maior parte dos jogos ne- cessita de mais do que uma pessoa para se jogar, estimula a interação social, contribuindo para a saúde emocional. Para além de tudo, é “muitoooooo” divertido! DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 5 EVENTO INSPIROU OS UTENTES REGRESSO AOS ANOS 60 COM MUITO GLAMOUR Se no cinema os homens suspiravam por Marylin Monroe, cuja saia ficou eternizada por um momento “ups”, nas rádios ecoavam os rapazes de Li- verpool que conquistaram o Mundo e mudaram o rock para sempre. Também a evolução nas passerelles e revistas internacionais chegou a Por- tugal. Primeiro de forma tímida, com a mini saia, depois sem qualquer pu- dor, Os biquinis mais arrojados co- loriram as praias no verão e tiveram até um significado na emancipação da mulher. As artes e a moda serviam como eli- xir num Portugal cinzento, em plena ditadura, cujas portas ao exterior se abriam apenas para enviar os nossos homens à Guerra Colonial. Foi para relembrar estes anos, tão marcantes para quem os viveu e que deixaram uma herança que ainda perdura, que convidámos os nossos utentes a relembrar idos tempos, em que a televisão era a preto e branco e onde Raúl Solnado era o Rei do hu- mor. Após um almoço muito especial, houve Baile no Bar do Lar. Tristão da Silva falava de uma “janela vira- da para o Mar”, enquanto Madalena Iglésias perguntava “onde está a fe- licidade”. Já o Duo Ouro Negro pro- metia “levar-te comigo”. Com os pés e as ancas cansados do bailarico, o repouso aconteceu no Salão Nobre. À espera dos “clientes” o improvisado cinema teve Matinée com um clássico de 1942. O Pátio das Cantigas, eternizado por António Silva, chegou fresco à década de 60. E, de lá até hoje, o “Evaristo” conti- Numa viagem a uma das décadas mais importantes do século passado, os nossos utentes bailaram ao som dos Beatles e assistiram ao Pátio das Cantigas! Vários participantes vestiram-se a rigor para relembrar o passado nua sem ter “cá disto”. No final, houve palmas e corações quentes. Porque ontem, como hoje e amanhã, o que todos querem é boas emoções! DIA DOS AFETOS CELEBRADO ENTRE OS UTENTES Chamemos-lhe Dia de São Va- lentim, Dia dos Namorados, Dia dos Amigos ou Dia dos Afetos... O mais importante é valorizar o seu significado. No dia 14 de Fevereiro, viveu- -se um clima de carinho. As pessoas abraçaram, enviaram mensagens e disseram, sem re- ceio, “gosto de ti”! Da ERPI ao Centro de Dia, nin- guém ficou de fora. Todos tive- ram direito a um mimo, cele- brando os afetos! Porque o caminho que deve- mos percorrer é o do Amor... que pode ter muitas formas. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt A MÃO SOLIDÁRIA DO LAR Utentes do Centro de Dia e alguns colaboradores de O Lar do Comércio reuniram alguns cabazes de alimentos para quem mais necessita. A iniciativa começou no dia 5 de- Setembro, por ocasião do Dia Inter- nacional da Caridade, e vai permitir ajudar algumas famílias. Hoje, entregámos à Conferência Vi- centina de Santa Maria de Leça do Balio os cabazes, que agora serão en- tregues a quem mais precisa. Laura Guimarães, da Direção de O Lar do Comércio, esteve presente e realçou o carácter humanitário da instituição. “Para nós é sempre uma honra poder ajudar aqueles que têm menos. Obrigado aos utentes e aos colaboradores por darem este exem- plo tão bonito”, afirmou de forma emocionada. DIA DO AMIGO CELEBRADO NO CENTRO DE DIA Numa celebração de Amor e Amizade, os utentes do Centro de Dia usaram as suas mãos para criar uma tela que ficou exposta nas instalações de O Lar do Comércio. O Dia do Amigo celebra-se a 20 de Julho. A origem da data re- monta a 1969, data da chegada do homem à Lua, que demons- tra a união dos homens para alcançar objetivos. DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 6 DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO DE JÚLIO DINIS A ASTOR PIAZZOLA Uma caminhada, brindada pelo Sol radiante que banhou a Quinta do Catassol, serviu de aquecimento para uma original aula de música ao ar livre. Após o almoço, os utentes da ARD partilharam o que diz o seu coração, acompanhados por uma bela melo- dia. No salão nobre e no Centro de Dia, conversou-se sobre a importância dos bons hábitos de vida e do im- pacto que estes podem ter na saúde do nosso coração. O pretexto foi um divertido Quiz, que pôs à prova os conhecimentos dos participantes. Boa disposição e sorrisos contagian- tes deram um colorido diferente ao Lar. E todos ficámos com o Coração um pouco mais quentinho! A nossa equipa da Dinâmica Social propõe tardes de tertúlia na bibliote- ca do Lar. Esta semana um dos protagonistas foi Júlio Dinis, escritor portuen- se que se notabilizou com clássicos como As Pupilas do Senhor Reitor ou A Morgadinha dos Canaviais. A leitura aconteceu ao ritmo do tan- go de Piazzola, numa homenagem ao magnífico músico, cujo centenário se celebra em 2021. A Biblioteca de O Lar do Comércio trouxe a debate as palavras de um dos maiores romancistas portugue- ses. Dando sequência a um programa cultural, que prevê o “mergulho” em clássicos da Literatura, ontem os nossos utentes foram convidados a refletir sobre o capítulo VII de “Amor de Perdição”. Com a moderação de Laura Guima- rães, foram escolhidos alguns pará- grafos de uma novela passional que alimentou o imaginário de várias ge- rações. Os utentes debruçaram-se sobre o trágico romance entre Teresa e Si- mão, fazendo a ponte para casos da vida real. A escrita, de uma genial fluidez e sa- gacidade, foi a “casa de partida” para conhecermos também um pouco da obra e do autor. No final, houve tempo para um ani- mado Quiz sobre Camilo e “Amor de Perdição”, assim como o sorteio de dois livros oferecidos por Laura Gui- marães. Camilo Castelo Branco (1825-1890) Excerto de “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, serviu de mote para debate enriquecedor. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt SOMOS UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA O Lar do Comércio transformou-se numa Casa de Fados e proporcionou uma noite diferente aos seus utentes. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt Diz a música da Amália Rodrigues que “numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa”... Nós acrescentámos caldo verde, bolinhos de bacalhau, leite creme e outros pe- tiscos, qual tasquinha onde mora o fado. Grandes clássicos do cancioneiro português animaram as hostes e fi- zeram os nossos utentes cantar, en- quanto a voz permitiu. Também houve silêncio, como é ób- vio, porque se cantou o Fado! Mas foi um silêncio dissimulado pelos gemidos da guitarra portuguesa, que a viola clássica amaciou. As mulheres puseram-se ainda mais bonitas, os cavalheiros revelaram a sua elegância e o refeitório do Lar adornou-se com um palco a média luz. Alegria, boa disposição, memórias mais vivas e cantigas na ponta da lín- gua. A melancolia do Fado arrepiou a pele, mas o coração dos nossos utentes bateu a um ritmo feliz. Foi um sábado à noite como há mui- to não se via e a emoção transporta- da para palavras disse em uníssono que a experiência é para repetir. Indo de encontro à aposta da Dire- ção, que pretende um programa cul- tural e dinâmica social ricos, numa instituição onde os utentes precisam de eventos que os façam sentir as tais borboletas... Desde já agradecemos a colaboração da Associação de Fado e Poesia de Leça do Balio, dos fadistas Arlindo de Oliveira, Irene Dias, Lúcia Ferrei- ra, Tony Roque, Manuel de Almeida e dos músicos Paulo Gomes e Antó- nio Reis. Bem hajam! foi um dos maiores escritores por- tugueses do século XIX. As suas no- velas passionais fazem do escritor o representante típico do Ultra Ro- mantismo em Portugal. Foi um dos primeiros escritores portugueses a viver exclusivamente do que escrevia e recebeu o título de Visconde con- cedido pelo rei de Portugal, D. Luís I. Mas a sua vida foi tudo menos fá- cil. Da infância marcada pela mor- te dos pais e da irmã mais velha até ao suicídio, passando pelo período em que esteve preso (aproveitando para escrever a sua obra mais notá- vel, “Amor de Perdição”) devido ao romance extra-conjugal com Ana Plácido. TERTÚLIA DIALÓGICA LITERÁRIA DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 7 DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO “MASTERCHEF” DO LAR O objetivo era criar um bonito prato, apenas com os ingredientes dispo- níveis na despensa: hortelã, ananás, amoras, mirtilos, melancia, laranja, entre outros... Montadas as bancadas e preparados os chefs, deu-se o apito inicial. O fre- nesim, com a discussão para decidir a melhor estratégia, deu lugar à azá- fama do trabalho. Corta aqui, des- casca acolá e os pratos iam ganhando forma. À medida que o tempo corria, come- çava a notar-se a diferença de estilo. Umas equipas mais sincronizadas, outras com maior liberdade criativa, mas todas com o suco de frutos fres- cos a escorrer por entre os dedos. Até que se ouviu “faltam três mi- nutos”... Tensão no nível máximo! Será que ainda há tempo para aque- le pormenor essencial? Os últimos retoques foram dados. À boa moda portuguesa, tudo se resolveu no der- radeiro segundo. Ouviram-se suspiros, por momen- tos, mas, logo de seguida, susteve-se a respiração. Era a hora da avaliação do júri. A decisão cabia ao Chef de cozinha Foi animado o concurso que, durante no dia 16 de Outubro, encheu de cor e sabor o Bar de O Lar do Comércio. Quatro equipas foram desafiadas a mostrar os seus dotes culinários e decorativos, em apenas 20 minutos. do Lar, o Bruno, ao Barista do Lar, o Fernando, e ao Animador do Lar, o João. Observaram, ouviram o con- ceito idealizado por cada equipa, os argumentos que podiam pesar mais na balança e, por fim, reuniram sere- namente na Sala das Decisões. Sentia-se no ar a ansiedade de todos os participantes. Afinal de contas, em causa também estava a reputação de mui nobres utentes. Até que conhecemos a decisão. Se- DIA DOS MUSEUS CELEBRADO COM VISITA O Museu do Lar tem 3 salas e mi- lhares de peças cheias de História. O espólio acompanha o crescimento da região do Porto no último século, sendo o acervo de Arnaldo Leite um dos seus principais atrativos. O escritor e comediante portuense passou grande parte da sua vida a fazer rir as gentes do Norte, notabili- zando-se na escrita e no teatro. Sempre teve uma enorme admiração pela causa d’O Lar do Comércio, ten- do deixado a sua coleção privada à instituição. Para além de Arnaldo Leite, há uma galeria dedicada ao audiovisual e, claro, muitas peças que nos trans- portam para a memória coletiva. No dia de hoje, Judite Maia-Moura recebeu as dezenas de utentes que A equipa vencedora teve como principais argumentos o espírito de equipa e o não desperdício de fruta O LAR DO COMÉRCIO RECRIA FEIRA MEDIEVAL N’O Lar do Comércio acreditamos que nunca devemos deixar de brin- car e sonhar com aquilo que nos faz felizes. Por isso, 24 horas depois do Dia Mundial da Criança gostamos de promover atividades que estimulem o imaginário dos nossos utentes, que os tiram da rotina e que os ajudam a sorrir. Entrámos na máquina do tempo, com Reis, Cavaleiros, Dançarinos, Videntes e Barracas com doces, salgados e adereços artesanais. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt gundo o júri, o equilíbrio foi a nota dominante. A qualidade nivelou-se por cima, com loas à criatividade. No entanto, o regulamento era seve- ro e soberano: só uma equipa pode- ria vencer. Todos os argumentos contam. E o do bom-proveito prevaleceu. A equipa 4, para além de criar um prato lindo aos olhos, usou os ingre- dientes na totalidade, não desperdi- çando nem uma uva. E, graças a esse cuidado, sobressaíram entre tão pro- digiosa concorrência. No fim, os pratos desfizeram-se e o seu conteúdo jaz no estômago dos chefs transformados em comensais. Celebrou-se assim, com tanta peda- gogia e animação à mistura, o Dia Mundial da Alimentação. Um dia que existe para nos lembrar a impor- tância de comer bem e do quanto a nossa Saúde agradece um garfo mais cuidadoso. A Feira Medieval foi um sucesso. Tivemos a corte, o povo, cavaleiros, dançarinos, videntes e até barracas com comida, roupa e acessórios ar- tesanais. A tarde foi dedicada à recriação dos tempos que só recordamos através dos filmes e das aulas de história. Vimos utentes em lutas de espada, o anúncio do Rei e do Deão e a leitura da sina na bola de cristal. Muita brincadeira, muita animação, muitas gargalhadas! Para assinalar a efeméride, O Lar do Comércio abriu o Museu do Lar aos utentes, tendo Judite Maia-Moura como guia. visitaram o museu e percorreu um pouco da sua história, desde a cons- tituição até aos dias de hoje. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 8 SÃO JOÃO NO LAR TEVE SARDINHAS, MARCHAS E BAILARICO CELEBRAR COMO UMA GRANDE FAMÍLIA Na véspera de São João, e anteci- pando a noite mais alegre do ano na região do Grande Porto, O Lar do Comércio celebrou com todas as tradições que nos ensinaram desde pequeninos. O almoço teve sardinhas, broa, vinho e caldo verde. A música que ecoou foi sempre a de tributo aos Santos Populares. Marchas do Centro de Dia e dos utentes do Lar deram o colorido me- recido à festa e até um concurso de quadras puxou pela imaginação de todos. A vencedora da melhor quadra, Car- la Teixeira (utente do Centro de Dia), escreveu o seguinte: “Ó meu rico São João Um desejo quero pedir Acabai com o Covid Para irmos todos curtir.” E foi assim, com este espírito de boa disposição e esperança, que celebrá- mos mais um São João no Lar. O Lar do Comércio celebra a vida dos seus! Iluminando todos os dias especiais e festejando a felicidade de ainda estarem connosco. No Centro de Dia, por exemplo, no início de Janeiro, cantámos os para- béns a Maria Inês Magalhães, pelos seus 82 anos. Natural de Amarante, veio trabalhar para o Porto com 15 anos. Começou por ser empregada interna e acabou como cozinheira na cantina do Perpétuo Socorro. Já o Serviço de Apoio Domiciliário mimou o Sr. Jorge, que soprou as velas do bolo do seu 49º aniversá- rio. Este utente, com um percurso de vida bastante difícil, vive agora com dignidade e beneficia dos nossos ser- viços e carinho. O seu sorriso não es- conde a felicidade com que recebeu a mini-festa que lhe preparámos. O Lar do Comércio celebrou o “Hallowe’en” com muito misticismo e animação. Das doçuras e travessuras do Cen- tro de Dia aos assustadores mimos aos utentes com acompanhamento permanente, adotámos esta tradição americana para dinamizar os nossos grupos. O Baile das Bruxas foi o culminar de um programa onde não faltaram As Bruxas mais queridas do Mundo vivem no Lar! ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt O DESEJO CUMPRIDO DA D. FELICIDADE À pergunta “O que ainda desejas fazer?” as respostas dos nossos utentes foram muitas, variadas e originais. A D. Felicidade pediu um prato de Aletria e aprender a escrever. O primeiro desejo já foi concretizado. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt À medida que vamos envelhecen- do vamos pedindo cada vez menos. Talvez por isso, nos pareça estranho quando nos perguntam sobre os nos- sos sonhos. Foi o que fizemos com os nossos utentes do Centro de Dia. Vimos olhos brilhar, em alguns casos, com pedidos simbólicos. A partir daí o nosso objetivo foi o de procurar concretizar os sonhos possíveis. O primeiro a ser materializado foi o da D. Felicidade, que não comia Ale- tria há vários anos, um prato que a sua mãe lhe fazia quando era criança e lhe traz bonitas recordações. Juntamos os seus colegas, reunimos os utensílios e fizemos magia acon- tecer. Não diga a ninguém, mas o in- grediente secreto é “Carinho”! Da parte d’O Lar do Comércio, tudo faremos para ajudar a concretizar as outras ambições dos nossos utentes! Porque só somos felizes se as pessoas de quem gostamos se sentirem reali- zadas. E às vezes isso nem representa assim tanto... fantasias, adereços criados pelos próprios utentes e, claro está, mui- tos doces que fazem as delícias dos graúdos. Também aproveitámos para relem- brar a bem portuguesa tradição do “Pão por Deus”, que tem origem re- ligiosa e servia para homenagear quem já partiu, por ocasião do Dia de Todos os Santos. Memórias de um passado tão feliz quanto distante, servindo de ponte para um presente em que os “mais velhos” não deixam de acompanhar os “mais novos” nas suas celebrações. “HALLOWE’EN” SENIOR OS JOGOS COGNITIVOS Estímulo para a memória, atenção e concentração. N’O Lar do Comércio, sabemos que a estimulação cognitiva é fundamental no suporte ao processo de envelheci- mento. Através de jogos e dinâmicas, conseguimos melhorar o desempe- nho cognitivo e motor dos idosos, para que eles possam continuar a desempenhar as suas atividades de rotina. Os Jogos Cognitivos, no contexto de uma Residência Senior, melhoram a qualidade de vida dos utentes, pelo auxílio na integração social mas tam- bém na perceção visual, orientação espacial e motricidade fina. A nossa equipa de Animadores está sempre atenta e disponível para pro- mover dinâmicas que privilegiam o envelhecimento ativo. Todos os dias, na Sala de Terapia Ocupacional ou junto dos Utentes com Acompanhamento Permanente, há exercícios que fazem “mexer” o corpo e a mente. ENTREVISTA CATASSOL | FEVEREIRO 2022 9 “Não é com um sistema obsoleto nem mantendo os processos do pas- sado que vamos conseguir resultados diferentes”... É esta a premissa que guia António Manuel Bessa, Presidente da Direção do Lar. Paulo Castro tem 50 anos e vive em Espinho. É licenciado em Gestão e Contabilidade, pelo ISCAP e FEP, sendo um apaixonado pelos projetos de Gestão. Para O Lar do Comércio, promete trazer mais método e rigor. A INOVAÇÃO AO SERVIÇO DA EFICIÊNCIA MAIS MÉTODO E RIGOR Paulo Castro “O UTENTE TEM DE ESTAR NO CENTRO DA GESTÃO” Alguma anarquia, lapsos nos procedimentos e regras, setores isolados e a funcionarem de forma autónoma e muitos recursos humanos que não têm perfil ou formação para o lugar que ocupam. O diagnóstico do modelo empresarial d’O Lar do Comércio foi traçado por Paulo Castro, especialista em gestão e administração financeira, que agora dedica grande parte do seu tempo à instituição, onde, acredita, ajudará a implementar um modelo em que o serviço ao utente será mais humano, “premium” e sustentável. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação comunicacao@olardocomercio.pt AS ÁREAS ADMINISTRATIVAS E FINANCEIRAS ESTÃO AGORA A SER INTERVENCIONADAS PARA SE TORNAREM MENOS PESADAS E MAIS EFICAZES. “O FUTURO É AGORA” Quem também procura mo- dernizar O Lar do Comércio é a Direção presidida por Antó- nio Manuel Bessa. Na liderança da Instituição desde Janeiro de 2021, percebeu desde logo a ur- gência de informatizar todos os processos. “Agora existe organização e con- trolo absoluto. Começámos pela área da Saúde, com registos de intervenção, plano de cuidados, comunicação intra-equipas, or- ganização, estatísticas, escalas, etc”, explicou o Presidente. A próxima etapa será otimizar o programa da área da Gestão. Através da aplicação, os servi- ços administrativos conseguem ter uma ferramenta que simpli- fica os processos. Do “member- ship” à faturação, dos imóveis à qualidade, das encomendas aos centros de custos, tudo está à distância de um clique. “O nosso modelo vai permitir à instituição ter maior organiza- ção e facilidade no acesso à in- formação. Com um “software” é integrado, é possível ganhar tempo e dinheiro, beneficiando todos: do utente e seus familia- res, que podem ter acesso aos registos de intervenção, à Di- reção, que tem controlo sobre tudo o que se passa”, evidencia. Por exemplo, até agora o sim- ples registo das fraldas ou os medicamentos utilizados pelos utentes era feito de modo ar- caico. Com estas mudanças, as chefias e a Direção podem ter acesso, em tempo real, aos con- sumos. Os próprios utentes e familiares poderão confirmar o dia e hora em que cada produto foi utilizado. Aumenta-se, assim, a transpa- rência e otimiza-se o processo. A VISÃO DA DIREÇÃO Paulo Castro e a Direção não têm “medo de abanar” a instituição Se as suas palavras são duras e cruas, também é verdade que denotam uma objetividade e discernimento neces- sários para tornar O Lar do Comér- cio mais moderno e competitivo ao nível da gestão. Aquilo que se ambiciona é um mo- delo integrado. Cada elemento deve saber exatamente quais as suas fun- ções e como as executar, respeitando a hierarquia e um objetivo comum. Esse modelo estava longe de funcio- nar no Lar, apresentando várias lacu- nas. O sistema de escalas, por exem- plo, precisava de uma intervenção profunda. “Numa estrutura com tantos colabo- radores, tem de existir método, rigor e controlo. Os recursos humanos têm de se ajustar à filosofia que a Direção pretende implementar, porque o foco só pode ser o serviço ao utente”, ex- plicou Paulo Castro, não escondendo a ambição de revolucionar a qualida- de da gestão do Lar, mesmo que ain- da haja muitos desafios para superar. As áreas administrativa e financeira estão agora a ser intervencionadas para se tornarem menos pesadas e mais eficazes. A tomada de decisão também se espera mais fluída, com claros benefícios para a materializa- ção dos diferentes projetos em que o Lar está envolvido. Paulo Castro sente-se confiante na otimização dos serviços da institui- ção e revela que, com alguma celeri- dade, poderemos conhecer um siste- ma em que tudo está controlado, os colaboradores cumprem exatamente aquilo que foi solicitado, os custos e proveitos da Instituição e de cada utente estão plasmados até ao cênti- mo e em que o rigor contribui para a humanização do Lar e para a melho- ria dos cuidados prestados. “Com uma gestão criteriosa, pode- mos ter resultados que nos permitam investir no que é realmente impor- tante: o utente. A maior dific