Periodicidade Semestral | Diretora Judite Maia-Moura | Ano 2022 | Número 2 - segunda-feira, 21 de Fevereiro :: GRANDE PLANO PÁG. | 03 :: MANCHETE PÁG. | 09 85 ANOS CELEBRADOS “OS UTENTES SÃO O CENTRO EM FESTA O LAR DO COMÉRCIO CELEBROU O DA NOSSA GESTÃO” ANIVERSÁRIO, COM UM PROGRAMA PAULO CASTRO E A DIREÇÃO PROCURAM MODERNIZAR O LAR, QUE INCLUIU INICIATIVAS COM TO- DAS AS VALÊNCIAS DA INSTITUIÇÃO. ATRAVÉS DA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS E O CONTROLO DOS SERVIÇOS PRESTADOS AOS UTENTES. :: DINÂMICA SOCIAL PÁG. | 06 TERTÚLIAS “A QUINTA DO DIALÓGICAS CATASSOL É UM LITERÁRIAS PARAÍSO NO MEIO EXCERTO DE “AMOR DE PERDIÇÃO” DA CIDADE “ SERVIU DE MOTE PARA UM DEBATE ENRIQUECEDOR. JOANA PEREIRA É PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO EQUITERAPÊUTICA PORTO E MATOSINHOS, :: CULTURA PÁG. | 13 QUE DESDE ESTE ANO TEM SEDE NA QUINTA DO CATASSOL, ADEUS A MARIA ORIENTA UMA EQUIPA JOVEM DE TÉCNICOS DE AMÉLIA CANOSSA SAÚDE E EQUITAÇÃO. PÁG. | 15 ARTISTA DE RENOME NACIONAL, CÉLEBRE PELA INTERPRETAÇÃO DO HINO DO FC PORTO, MARIA AMÉLIA CANOSSA FALECEU NO MÊS DE JANEIRO E DEIXA SAUDADE NO MUNDO DAS ARTES. NESTA EDIÇÃO D’O CATASSOL LEMBRA- MOS A SUA LIGAÇÃO AO LAR. PUB APOIO DOMICILIÁRIO Alimentação - Tratamento de Roupa Higiene Pessoal - Higiente da Unidade [email protected] 229 405 700 933 951 469 2 EDITORIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 “TENHO UMA BOA PARA CONTAR” Sempre na procura pela inovação e criatividade, O Lar do Comércio lançou este ano uma nova rúbrica para as redes sociais. “Tenho uma boa para contar” escolhe, em cada episódio, um utente para partilhar uma memória divertida do seu percurso de vida. Os vídeos, de curta duração, fazem as delícias dos seguidores. EDITORIAL SOBE UMA CASA GRANDE A MUDANÇA QUE SE SENTE POR: JUDITE MAIA-MOURA // DIRETORA *ESCREVE DE ACORDO COM A ANTERIOR ORTOGRAFIA O LAR DO COMÉRCIO TEM Gerir uma casa é sempre tarefa di- mos amuados ou sem paciência. Já colaboradores mais distintos ain- VIVIDO UMA VERDADEIRA fícil, ainda que seja a nossa própria todos sabemos que não somos to- da, só com simpatia, carinho e boa “REVOLUÇÃO” NO SEU casa. Por muito que queiramos e dos iguais, mas que tudo se torna vontade é possível ter-se um bom CAMINHO DE RETOMA procuremos não ferir susceptibili- mais fácil se nos aceitarmos uns aos ambiente. Tal como em nossa casa, dades, nem sempre os filhos estão outros como cada um é. Só de mãos cabe aos “pais” ponderar as situa- todos de acordo, pelo que se torna dadas e todos unidos conseguimos ções e discuti-las com os “filhos”, A cada dia que passa, mais vi- necessário meditar e pesar as razões resolver as situações que, às vezes, para que um consenso seja conse- síveis são as diferenças entre a de cada um e procurar, abertamen- parecem problemas. guido, mas, mais uma vez, sempre anterior gestão de O Lar do Co- te, explicar as situações e escutar o Numa casa muito grande, onde os de mãos dadas e todos unidos para mércio e da direção atual. que cada um tem a contrapor. Só departamentos são múltiplos, as gerir as diferentes sensibilidades. Nesta edição do Catassol será com a união de todos é possível funções de cada um são as mais Fazer queixas ou resmungar… para possível ler algumas das mu- chegar a uma resposta justa. variadas e os temperamentos dos quê? O que ajuda? Em qualquer lu- danças, nomeadamente ao nível Se sairmos da nossa pequena casa gar o mais importante é a harmo- da gestão e da agilização dos e passarmos para uma empresa, nia, é a alegria, é a paz. É o sorriso. processos (com destaque para onde, todos juntos, passamos os O sorriso é o melhor limpa-vidros e nossos dias, a tarefa é, com certeza, o melhor limpa-espelhos que exis- a implementação do sistema in- mais difícil ainda: gerir horários, “FAZER QUEIXAS OU te; até nós próprios nos admiramos formático), mas há muitas outras conciliar os gostos de cada um, con- RESMUNGAR… PARA como ele torna tudo tão transpa- conquistas do dia a dia, com im- tornar a forma de ser de todos, cada rente e tão luminoso. O sorriso é pacto real na vida dos utentes. qual com a sua forma de estar na QUÊ? O QUE AJUDA? sempre lindo. Na Saúde, na Cozinha, na Limpe- vida, não é tarefa desejável a não ser EM QUALQUER LUGAR O sorriso traz brilho aos dias mais za, na Dinâmica Social... Em pou- para quem tem um grande coração. O MAIS IMPORTANTE cinzentos, traz alegria ao olhar mais cos meses, tem sido evidente a E, quanto maior for a empresa, a triste, leva um abraço a quem vai ao melhoria dos índices de satisfa- associação ou a instituição, maio- É A HARMONIA, É A nosso lado ou a quem nos encontra ção, assim como uma maior res serão as divergências, maiores ALEGRIA, É A PAZ” de frente. O sorriso aquece, leva- abertura à comunidade. E a sen- serão os problemas. Mas em nada -nos a dar as mãos, leva-nos a viver sação é a de que não vai termi- ajuda andarmos aos “encontrões”; unidos e amigos. no conta aqui, conta acolá; andar- Sorriso… palavra que não esquece. nar por aqui... DESCE ARTIGO DE OPINIÃO Durante um largo período da nossa todas as manhãs, um novo livro, o FANTASMAS QUANDO vida, provavelmente o mais bonito, concerto daquela banda que nunca DO PASSADO a infância e adolescência, queremos vimos ao vivo, o “Jackpot” de sexta- EU FOR envelhecer a correr. -feira, o torneio de sueca... GRANDE Não deixa de ser irónico que, chega- dos a adultos, tenhamos a percep- Aqueles pequenos faróis que ilumi- nam os nossos dias, semanas, meses ção de que “passou tudo demasiado e anos. ALGUMAS NOTÍCIAS SOBRE POR: ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação rápido”. Na verdade, foi mesmo isso José Mário Branco cantava “Quan- PRÁTICAS ANTERIORES OFUSCAM AS MELHORIAS que sempre quisemos. do eu for grande (carta aos meus Lembro-me de ser menino, vestido Agora na “Casa dos 30”, já não te- netos)”, com letra de Manuela Frei- apenas com uns calções de banho, nho pressa de envelhecer e até me tas, fazendo uma reflexão sobre o Numa altura em que O Lar do sentado nas dunas da praia da Ma- aborrece que o tempo passe dema- arco da vida: Comércio procura implementar dalena. Era mês de Agosto e ao meu siado rápido. Um avanço evidente, lado estavam três primos. sobretudo quando observo a minha Quando eu for grande o seu novo modelo, com mais Entre as conversas sobre o jogo de filha, que “ontem” nasceu e hoje já quero ser como o rio transparência, mais fluidez e voleibol de praia e as contendas traz TPC da Escola. dessa ponte. humanidade, é lamentável que de quem nadava melhor ou quem E o que fazer? Nunca parar de correr, surjam notícias sobre proces- aguentava mais tempo debaixo de Deprimir? Sem nunca esquecer sos, cuja investigação remonta água, por vezes surgiam temas mais Encolher os ombros com enfado? a fonte a 2015. Embora a atual Direção profundos e que, aos olhos de quem Entrar na profunda melancolia? esteja do lado da justiça, é preju- sou hoje, me orgulho de ter debati- Ficar agarrado ao passado? Creio que o segredo para uma longa dicial à imagem da instituição a do com tão tenra idade. Penso que estamos todos errados vida feliz é estar sempre disponível veiculação destas informações. “O que queres ser quando fores quando nos reduzimos a “ficar ve- para aprender e receber o que a vida No entanto, é importante salien- grande”? lhos”. Revoltados, irados, amuados nos dá, nos seus diferentes atos. tar que, atualmente, os nossos A ânsia por crescer, ser mais velho, com a vida e temendo a morte. Se envelhecer é uma inevitabilida- utentes, familiares e associa- poder conduzir, ter dinheiro para Há que continuar a sorrir perante o de, “ficar velho” é uma opção. comprar todos os jogos de “plays- Futuro. Que nos trará sempre coisas Sigamos o curso natural da nossa dos podem estar descansados, tation” do mundo, comer todos os novas. Umas maiores e mais impor- existência; saibamos preservar a porque as práticas descritas na dias no McDonalds, acabarem-se tantes: filhos, netos, bisnetos; outras memória do que já fomos e vive- comunicação social não mais os castigos, ver filmes com bolinha pequenas, mas com significado: o mos; que possamos passar aos mais ocorrerão dentro destas portas. e, claro, ser dono do próprio nariz... bichano que estraga as cortinas, novos a sabedoria que outros nos Agora impera a qualidade no ser- Ah! Ter o Mundo nas minhas mãos! o rouxinol que pousa na varanda passaram. Se possível, sorrindo. viço ao utente e o carinho. CATASSOL | FEVEREIRO 2022 GRANDE PLANO 3 PROJETO DE RENOVAÇÃO EM CURSO Candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência vai materializar o robusto projeto de obras, que vai diminuir a capacidade, mas aumentar a quali- dade das instalações. O conceito do futuro passa por uma visão holística dos cuidados dos nossos utentes, indo muito além das regras impostas pela Lei e pela Segurança Social. Serão precisos vários milhões de euros para um projeto único, a nível nacional, e que se quer de referência internacional. A MAGIA DO NATAL UNE 85 ANOS DO LAR A COMUNIDADE DO LAR CELEBRADOS COM AMOR O Lar do Comércio celebrou, a 26 de Junho, o seu 85º aniversário, com um programa que incluiu iniciativas com todas as valências da instituição. que interpretou brilhantemente vá- ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação rias músicas do cancioneiro católico. [email protected] Após a Missa Solene seguiu-se o al- moço, antecedendo a Sessão vesper- Na sexta-feira, véspera do aniver- tina, que decorreu no Salão Nobre. sário, a Direção visitou os utentes A cerimónia, que contou com a pre- do Serviço de Apoio Domiciliário e sença da Vereadora da Câmara Mu- ofereceu um almoço especial assim nicipal de Matosinhos, Ângela Mi- como um simbólico presente. randa, começou com o discurso do O Presidente da Direção, António Presidente da Mesa da Assembleia- Manuel Bessa, fez questão de acom- -Geral, José Domingos Silva. panhar uma das equipas na carrinha Seguiu-se um simbólico vídeo dos do Lar e dizer de “viva-voz” que to- meninos da Creche / Jardim de In- dos os utentes fazem parte da grande fância “A Borboleta”, assim como a família d’O Lar Comércio. atuação do grupo coral do Lar. Seguiu-se a comemoração com os Também foram homenageados os utentes do Centro de Dia, que cortou funcionários com 25 anos de serviço, o bolo e apagou as velas. antes do encerramento, por parte do No sábado de Festa, o dia começou Presidente da Direção, António Ma- Da mega árvore de Natal no exterior do Lar ao presépio feito pelos com uma visita ao Mausoléu de Leça nuel Bessa. utentes do Centro de Dia, passando pelas decorações dos pisos e um do Balio, onde a Direção homena- “Cada um de nós tem de fazer a sua programa alargado de comemorações. No mês de Dezembro, vive-se uma quadra bonita e feliz entre a família do “Comércio”. geou as pessoas ligadas à instituição parte para caminharmos rumo a um que já partiram, seguindo-se o Has- Futuro risonho”, defendeu com algu- aperitivo para 24 e 25, onde iguarias tear da Bandeira e a inauguração da ma emoção à mistura. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação como bolo rei, aletria, pão de ló e ra- Oliveira que, agora, simboliza a Paz, Embora o contexto de pandemia não [email protected] banadas não faltaram. o Amor e a Harmonia, logo à entrada tenha permitido as comemorações Laura Guimarães, da Direção de O da nossa Casa. ideais, com todos aqueles que mere- Este ano a Direção de O Lar do Co- Lar do Comércio e responsável pela Junto a esta bonita árvore, foi descer- ciam fazer parte da festa, a Direção mércio lançou o repto a toda a comu- Dinâmica Social confessa-se uma rada uma placa, que assinala o ani- deu o protagonismo todo aos utentes nidade da instituição. “romântica do Natal” e, por isso, quis versário, assim como todos aqueles e colaboradores. Por que não envolver utentes e fa- promover os valores da quadra na que por nós passaram e que gosta- O corte do bolo aconteceu da parte miliares, associados, colaboradores instituição, sobretudo neste contexto mos sempre de recordar. da tarde, em vários espaços da ins- e os meninos da Creche/Jardim-de- de pandemia e no final de dois anos A citação lá escrita pertence a An- tituição, sempre com alegria e boa -Infância “A Borboleta” num projeto muito difíceis. toine de Saint-Exupéry e não podia disposição, sem deixar de cumprir as de decoração de Natal? “O Lar precisa de Amor e unidade. ser mais adequada. “Aqueles que pas- medidas de segurança recomenda- Assim, criou-se um programa abran- Nada melhor do que o Natal para sam por nós não vão sós. Deixam um das pela DGS. gente, que começou com uma Feira celebrar o espírito de família. A cor, pouco de si, levam um pouco de nós”. Para encerrar as celebrações do ani- de Natal, nos dias 2 e 3 de Dezembro. os cheiros, os sons e os sabores na- A Direção d’O Lar do Comércio e o versário da instituição, a Direção, o Seguiu-se a inauguração das luzes de talícios são o pretexto ideal para en- Presidente da Mesa da Assembleia- Presidente da Mesa da Assembleia- Natal e uma sessão de fotos, no dia volver toda a comunidade do Lar e a -Geral chamaram os utentes para -Geral e as Diretoras Técnicas vi- 14, o mesmo em que n’A Borboleta, verdade é que se sente um clima es- junto de si. Gerou-se um momento sitaram a Unidade de Utentes com os meninos tiveram muitas anima- pecial no ar”, explica. com uma energia muito positiva e Acompanhamento Permanente. ções e surpresas. Para iluminar a árvore no exterior do espírito de união. Foi uma demonstração de carinho O Centro de Dia assinalou a quadra Lar, contámos com a colaboração da Antes do almoço, o Sr. Padre Pedro especial para aqueles que mais preci- natalícia a 18 e o Serviço de Apoio corporação de Bombeiros Voluntá- conduziu uma liturgia com muita sam, nesta fase da vida. Domiciliário teve uma visita especial rios de São Mamede Infesta. Com o emoção e devoção. Utentes, colabo- A Direção entende que a celebração no dia 21, véspera da Festa na Enfer- seu veículo e grua, pudemos colocar radores e Direção uniram-se num da Vida n’O Lar do Comércio só faz maria. as luzes e a estrela - feita pelos meni- momento de fé, rezando para que o sentido se todos forem envolvidos, O almoço de Natal aconteceu dia 23 nos do Jardim-de-Infância - no topo Futuro do Lar seja muito feliz. tal como nas famílias unidas, em que no refeitório principal, servindo de da árvore. Destaque para o coro da instituição, ninguém fica de fora. 4 DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 dades cerebrais essenciais. Uma vez em muitos casos, à depressão. QUEM NÃO que requerem o raciocínio lógico, Como a maior parte dos jogos ne- GOSTA DE JOGAR? a memória e a tomada de decisão, cessita de mais do que uma pessoa N’O Lar do Comércio os nossos ani- funcionam como exercício mental. para se jogar, estimula a interação madores promovem dinâmicas de Com a idade, surgem dificuldades social, contribuindo para a saúde grupo e interação permanente en- para realizar atividades simples da emocional. tre os nossos utentes. rotina quotidiana, um problema Para além de tudo, é “muitoooooo” Os jogos ajudam a estimular ativi- que frustra e gera tristeza, levando, divertido! DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA Dia do Chocolate “A HUMANIDADE DO MOMENTO” NADA COMO ADOÇAR A VIDA No Dia Mundial da Fotografia, o ponto de partida é a célebre frase de Robert Frank, fotó- grafo que se notabilizou por captar pessoas comuns: “Há uma coisa que a fotografia deve conter, a humanidade do momento”! ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação [email protected] A 7 de julho celebrou-se o Dia do Chocolate. É curioso A inspiração levou-nos à fala com que esta iguaria terá sido “As Irmãs”. Uma conversa franca e utilizada pelos Maias como fluída, com muita memória e ca- moeda de troca. Para eles, rinho declarado, quer pelo toque o cacau era uma dádiva quer por palavras ditas a partir do dos deuses, daí o seu valor. coração. No Lar, serviu de “doping” Madalena e Olinda escondem bem para umas boas risadas. a idade. Bonitas, de fino trato, com a memória fresca e o sentido de hu- mor franco e desarmante. De 88 e Desporto Social 87 anos, respetivamente, nasceram em Leça da Palmeira, no seio de uma família humilde, e não tiveram mais irmãos. Madalena e Olinda estiveram à conversa no Dia Mundial da Fotografia JOGOS SEM Enquanto meninas, foram tão dife- FRONTEIRAS rentes, como o são hoje. Se uma é vos definidos em família. Sempre ca, prazeres que Olinda aprendeu a expansiva, a outra mais espiritual, teve um lado mais prático, sendo a gostar, como complementos à arte se uma organiza, a outra cria, se capacidade de organização um tra- do crochet. uma ri, a outra reflete. ço forte da sua personalidade. Ambas prezaram sempre a tran- Quando “Lena” queria brincar Saíram ambas da escola após fechar quilidade e o conforto de estar em com a máquina de costura, “Linda” o ciclo da 4.ª classe. Aprenderam a casa, olhando para a vida com o desconcentrava-a com uma receita arte de bordar até estarem prepara- otimismo de quem sabe que o coli- preparada na cozinha de brincar, das para os desafios de uma modis- nho irmão está ali ao lado. onde a relva e as flores substituíam ta que as acolheu e proporcionou Esta tarde, sentaram-se a conversar o arroz e a batata. as bases para o futuro negócio, por sobre o percurso de quase 90 anos Quis o destino que nunca se sepa- conta própria, que as duas geriram e que as trouxe até 2021. Riram, rassem. Andaram sempre juntas e a partir de casa. Tinham cerca de 20 choraram, tocaram na mão uma da assim o fizeram há 16 anos, quando anos. outra. Emocionaram-se e emocio- decidiram viver n’O Lar do Comér- Nessa idade, ao contrário das pro- naram-nos. cio. A passagem de Leça da Palmei- tagonistas das novelas que ouviam Dizem, com algum sentido de cul- ra para Leça do Balio trouxe um ca- na rádio, não se prenderam em pa, que há vários anos que não ver- pítulo feliz a estas irmãs, cuja vida amores e desamores. balizavam certos sentimentos. “Eu sempre fez sentido ao lado uma da Quanto a namoricos e paixões, fi- sou mais de guardar para mim”, diz outra. cavam-se pelos filmes que viam no Madalena. “Mas a minha irmã não Atividade que beneficia Madalena era uma brilhante aluna, Coliseu e as peças no Teatro Sá da tem defeitos”, declara Olinda! do pulmão verde que é a sobretudo com números. Olinda Bandeira. As fotos contam o resto da verdade Quinta do Catassol e privi- só queria estudar o suficiente para O coração de Madalena sempre pul- que está nos seus olhos! legia a diversão e a motri- passar de ano e cumprir os objeti- sou com os livros e a música clássi- A nossa homenagem à fotografia. cidade. PUB CATASSOL | FEVEREIRO 2022 DINÂMICA SOCIAL 5 EVENTO INSPIROU OS UTENTES REGRESSO AOS ANOS 60 COM MUITO GLAMOUR Numa viagem a uma das décadas mais importantes do século passado, os nossos utentes bailaram ao som dos Beatles e assistiram ao Pátio das Cantigas! ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação [email protected] DIA DOS AFETOS Se no cinema os homens suspiravam CELEBRADO ENTRE por Marylin Monroe, cuja saia ficou OS UTENTES eternizada por um momento “ups”, nas rádios ecoavam os rapazes de Li- verpool que conquistaram o Mundo e mudaram o rock para sempre. Também a evolução nas passerelles e revistas internacionais chegou a Por- tugal. Primeiro de forma tímida, com a mini saia, depois sem qualquer pu- dor, Os biquinis mais arrojados co- loriram as praias no verão e tiveram até um significado na emancipação da mulher. As artes e a moda serviam como eli- xir num Portugal cinzento, em plena ditadura, cujas portas ao exterior se abriam apenas para enviar os nossos Chamemos-lhe Dia de São Va- homens à Guerra Colonial. lentim, Dia dos Namorados, Dia Foi para relembrar estes anos, tão dos Amigos ou Dia dos Afetos... marcantes para quem os viveu e que O mais importante é valorizar o deixaram uma herança que ainda seu significado. perdura, que convidámos os nossos No dia 14 de Fevereiro, viveu- utentes a relembrar idos tempos, em -se um clima de carinho. As que a televisão era a preto e branco e pessoas abraçaram, enviaram onde Raúl Solnado era o Rei do hu- mensagens e disseram, sem re- mor. ceio, “gosto de ti”! Após um almoço muito especial, Da ERPI ao Centro de Dia, nin- houve Baile no Bar do Lar. Tristão guém ficou de fora. Todos tive- da Silva falava de uma “janela vira- ram direito a um mimo, cele- da para o Mar”, enquanto Madalena Vários participantes vestiram-se a rigor para relembrar o passado brando os afetos! Iglésias perguntava “onde está a fe- Porque o caminho que deve- licidade”. Já o Duo Ouro Negro pro- o improvisado cinema teve Matinée nua sem ter “cá disto”. mos percorrer é o do Amor... metia “levar-te comigo”. com um clássico de 1942. O Pátio das No final, houve palmas e corações que pode ter muitas formas. Com os pés e as ancas cansados do Cantigas, eternizado por António quentes. Porque ontem, como hoje e bailarico, o repouso aconteceu no Silva, chegou fresco à década de 60. amanhã, o que todos querem é boas Salão Nobre. À espera dos “clientes” E, de lá até hoje, o “Evaristo” conti- emoções! DIA DO AMIGO CELEBRADO NO CENTRO DE DIA A MÃO SOLIDÁRIA DO LAR Utentes do Centro de Dia e alguns colaboradores de O Lar do Comércio reuniram alguns cabazes de alimentos para quem mais necessita. A iniciativa começou no dia 5 de- Setembro, por ocasião do Dia Inter- nacional da Caridade, e vai permitir ajudar algumas famílias. Hoje, entregámos à Conferência Vi- centina de Santa Maria de Leça do Numa celebração de Amor e Balio os cabazes, que agora serão en- Amizade, os utentes do Centro tregues a quem mais precisa. de Dia usaram as suas mãos Laura Guimarães, da Direção de O para criar uma tela que ficou Lar do Comércio, esteve presente e exposta nas instalações de O realçou o carácter humanitário da Lar do Comércio. instituição. “Para nós é sempre uma O Dia do Amigo celebra-se a 20 honra poder ajudar aqueles que têm de Julho. A origem da data re- menos. Obrigado aos utentes e aos monta a 1969, data da chegada colaboradores por darem este exem- do homem à Lua, que demons- plo tão bonito”, afirmou de forma tra a união dos homens para emocionada. alcançar objetivos. 6 DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 DIA MUNDIAL TERTÚLIA DO CORAÇÃO DIALÓGICA LITERÁRIA Excerto de “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, serviu de mote para debate enriquecedor. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação [email protected] A Biblioteca de O Lar do Comércio trouxe a debate as palavras de um dos maiores romancistas portugue- ses. Dando sequência a um programa cultural, que prevê o “mergulho” em clássicos da Literatura, ontem os nossos utentes foram convidados a refletir sobre o capítulo VII de “Amor de Perdição”. Com a moderação de Laura Guima- Uma caminhada, brindada pelo Sol rães, foram escolhidos alguns pará- radiante que banhou a Quinta do grafos de uma novela passional que Catassol, serviu de aquecimento alimentou o imaginário de várias ge- para uma original aula de música ao rações. ar livre. Os utentes debruçaram-se sobre o Após o almoço, os utentes da ARD trágico romance entre Teresa e Si- partilharam o que diz o seu coração, mão, fazendo a ponte para casos da acompanhados por uma bela melo- vida real. dia. A escrita, de uma genial fluidez e sa- No salão nobre e no Centro de Dia, gacidade, foi a “casa de partida” para foi um dos maiores escritores por- Mas a sua vida foi tudo menos fá- conversou-se sobre a importância conhecermos também um pouco da tugueses do século XIX. As suas no- cil. Da infância marcada pela mor- dos bons hábitos de vida e do im- obra e do autor. velas passionais fazem do escritor te dos pais e da irmã mais velha até pacto que estes podem ter na saúde No final, houve tempo para um ani- o representante típico do Ultra Ro- ao suicídio, passando pelo período do nosso coração. O pretexto foi um mado Quiz sobre Camilo e “Amor de mantismo em Portugal. Foi um dos em que esteve preso (aproveitando divertido Quiz, que pôs à prova os Perdição”, assim como o sorteio de primeiros escritores portugueses a para escrever a sua obra mais notá- conhecimentos dos participantes. dois livros oferecidos por Laura Gui- viver exclusivamente do que escrevia vel, “Amor de Perdição”) devido ao Boa disposição e sorrisos contagian- marães. e recebeu o título de Visconde con- romance extra-conjugal com Ana tes deram um colorido diferente ao Camilo Castelo Branco (1825-1890) cedido pelo rei de Portugal, D. Luís I. Plácido. Lar. E todos ficámos com o Coração um pouco mais quentinho! SOMOS UMA CASA PORTUGUESA DE JÚLIO DINIS A ASTOR PIAZZOLA COM CERTEZA O Lar do Comércio transformou-se numa Casa de Fados e proporcionou uma noite diferente aos seus utentes. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação [email protected] Diz a música da Amália Rodrigues que “numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa”... Nós acrescentámos caldo verde, bolinhos de bacalhau, leite creme e outros pe- tiscos, qual tasquinha onde mora o fado. Grandes clássicos do cancioneiro português animaram as hostes e fi- zeram os nossos utentes cantar, en- quanto a voz permitiu. Também houve silêncio, como é ób- vio, porque se cantou o Fado! Mas A nossa equipa da Dinâmica Social foi um silêncio dissimulado pelos propõe tardes de tertúlia na bibliote- gemidos da guitarra portuguesa, que ca do Lar. a viola clássica amaciou. Esta semana um dos protagonistas As mulheres puseram-se ainda mais utentes bateu a um ritmo feliz. de eventos que os façam sentir as tais foi Júlio Dinis, escritor portuen- bonitas, os cavalheiros revelaram a Foi um sábado à noite como há mui- borboletas... se que se notabilizou com clássicos sua elegância e o refeitório do Lar to não se via e a emoção transporta- Desde já agradecemos a colaboração como As Pupilas do Senhor Reitor adornou-se com um palco a média da para palavras disse em uníssono da Associação de Fado e Poesia de ou A Morgadinha dos Canaviais. luz. que a experiência é para repetir. Leça do Balio, dos fadistas Arlindo A leitura aconteceu ao ritmo do tan- Alegria, boa disposição, memórias Indo de encontro à aposta da Dire- de Oliveira, Irene Dias, Lúcia Ferrei- go de Piazzola, numa homenagem ao mais vivas e cantigas na ponta da lín- ção, que pretende um programa cul- ra, Tony Roque, Manuel de Almeida magnífico músico, cujo centenário se gua. A melancolia do Fado arrepiou tural e dinâmica social ricos, numa e dos músicos Paulo Gomes e Antó- celebra em 2021. a pele, mas o coração dos nossos instituição onde os utentes precisam nio Reis. Bem hajam! CATASSOL | FEVEREIRO 2022 DINÂMICA SOCIAL 7 DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO “MASTERCHEF” DO LAR Foi animado o concurso que, durante no dia 16 de Outubro, encheu de cor e sabor o Bar de O Lar do Comércio. Quatro equipas foram desafiadas a mostrar os seus dotes culinários e decorativos, em apenas 20 minutos. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação [email protected] O objetivo era criar um bonito prato, apenas com os ingredientes dispo- níveis na despensa: hortelã, ananás, amoras, mirtilos, melancia, laranja, entre outros... Montadas as bancadas e preparados os chefs, deu-se o apito inicial. O fre- nesim, com a discussão para decidir a melhor estratégia, deu lugar à azá- fama do trabalho. Corta aqui, des- casca acolá e os pratos iam ganhando forma. À medida que o tempo corria, come- çava a notar-se a diferença de estilo. Umas equipas mais sincronizadas, outras com maior liberdade criativa, mas todas com o suco de frutos fres- A equipa vencedora teve como principais argumentos o espírito de equipa e o não desperdício de fruta cos a escorrer por entre os dedos. Até que se ouviu “faltam três mi- do Lar, o Bruno, ao Barista do Lar, o gundo o júri, o equilíbrio foi a nota cuidado, sobressaíram entre tão pro- nutos”... Tensão no nível máximo! Fernando, e ao Animador do Lar, o dominante. A qualidade nivelou-se digiosa concorrência. Será que ainda há tempo para aque- João. Observaram, ouviram o con- por cima, com loas à criatividade. No fim, os pratos desfizeram-se e o le pormenor essencial? Os últimos ceito idealizado por cada equipa, os No entanto, o regulamento era seve- seu conteúdo jaz no estômago dos retoques foram dados. À boa moda argumentos que podiam pesar mais ro e soberano: só uma equipa pode- chefs transformados em comensais. portuguesa, tudo se resolveu no der- na balança e, por fim, reuniram sere- ria vencer. Celebrou-se assim, com tanta peda- radeiro segundo. namente na Sala das Decisões. Todos os argumentos contam. gogia e animação à mistura, o Dia Ouviram-se suspiros, por momen- Sentia-se no ar a ansiedade de todos E o do bom-proveito prevaleceu. Mundial da Alimentação. Um dia tos, mas, logo de seguida, susteve-se os participantes. Afinal de contas, em A equipa 4, para além de criar um que existe para nos lembrar a impor- a respiração. Era a hora da avaliação causa também estava a reputação de prato lindo aos olhos, usou os ingre- tância de comer bem e do quanto a do júri. mui nobres utentes. dientes na totalidade, não desperdi- nossa Saúde agradece um garfo mais A decisão cabia ao Chef de cozinha Até que conhecemos a decisão. Se- çando nem uma uva. E, graças a esse cuidadoso. O LAR DO COMÉRCIO DIA DOS MUSEUS RECRIA FEIRA MEDIEVAL CELEBRADO COM VISITA Entrámos na máquina do tempo, com Reis, Cavaleiros, Dançarinos, Para assinalar a efeméride, O Lar do Comércio abriu Videntes e Barracas com doces, salgados e adereços artesanais. o Museu do Lar aos utentes, tendo Judite Maia-Moura como guia. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação [email protected] O Museu do Lar tem 3 salas e mi- lhares de peças cheias de História. O espólio acompanha o crescimento da região do Porto no último século, sendo o acervo de Arnaldo Leite um dos seus principais atrativos. O escritor e comediante portuense ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação A Feira Medieval foi um sucesso. passou grande parte da sua vida a [email protected] Tivemos a corte, o povo, cavaleiros, fazer rir as gentes do Norte, notabili- dançarinos, videntes e até barracas zando-se na escrita e no teatro. com comida, roupa e acessórios ar- Sempre teve uma enorme admiração N’O Lar do Comércio acreditamos tesanais. pela causa d’O Lar do Comércio, ten- que nunca devemos deixar de brin- A tarde foi dedicada à recriação dos do deixado a sua coleção privada à car e sonhar com aquilo que nos faz tempos que só recordamos através instituição. felizes. Por isso, 24 horas depois do dos filmes e das aulas de história. Para além de Arnaldo Leite, há uma Dia Mundial da Criança gostamos de Vimos utentes em lutas de espada, o galeria dedicada ao audiovisual e, promover atividades que estimulem anúncio do Rei e do Deão e a leitura claro, muitas peças que nos trans- o imaginário dos nossos utentes, que da sina na bola de cristal. portam para a memória coletiva. visitaram o museu e percorreu um os tiram da rotina e que os ajudam a Muita brincadeira, muita animação, No dia de hoje, Judite Maia-Moura pouco da sua história, desde a cons- sorrir. muitas gargalhadas! recebeu as dezenas de utentes que tituição até aos dias de hoje. 8 DINÂMICA SOCIAL CATASSOL | FEVEREIRO 2022 SÃO JOÃO NO LAR TEVE SARDINHAS, “HALLOWE’EN” SENIOR OS JOGOS MARCHAS E As Bruxas mais queridas do Mundo vivem no Lar! COGNITIVOS BAILARICO Estímulo para a memória, atenção e concentração. N’O Lar do Comércio, sabemos que a Na véspera de São João, e anteci- estimulação cognitiva é fundamental pando a noite mais alegre do ano no suporte ao processo de envelheci- na região do Grande Porto, O Lar mento. Através de jogos e dinâmicas, do Comércio celebrou com todas as conseguimos melhorar o desempe- tradições que nos ensinaram desde nho cognitivo e motor dos idosos, pequeninos. para que eles possam continuar a O almoço teve sardinhas, broa, vinho desempenhar as suas atividades de e caldo verde. A música que ecoou rotina. foi sempre a de tributo aos Santos fantasias, adereços criados pelos Os Jogos Cognitivos, no contexto de Populares. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação próprios utentes e, claro está, mui- uma Residência Senior, melhoram a Marchas do Centro de Dia e dos [email protected] tos doces que fazem as delícias dos qualidade de vida dos utentes, pelo utentes do Lar deram o colorido me- graúdos. auxílio na integração social mas tam- recido à festa e até um concurso de O Lar do Comércio celebrou o Também aproveitámos para relem- bém na perceção visual, orientação quadras puxou pela imaginação de “Hallowe’en” com muito misticismo brar a bem portuguesa tradição do espacial e motricidade fina. todos. e animação. “Pão por Deus”, que tem origem re- A nossa equipa de Animadores está A vencedora da melhor quadra, Car- Das doçuras e travessuras do Cen- ligiosa e servia para homenagear sempre atenta e disponível para pro- la Teixeira (utente do Centro de Dia), tro de Dia aos assustadores mimos quem já partiu, por ocasião do Dia mover dinâmicas que privilegiam o escreveu o seguinte: aos utentes com acompanhamento de Todos os Santos. envelhecimento ativo. permanente, adotámos esta tradição Memórias de um passado tão feliz Todos os dias, na Sala de Terapia “Ó meu rico São João americana para dinamizar os nossos quanto distante, servindo de ponte Ocupacional ou junto dos Utentes Um desejo quero pedir grupos. para um presente em que os “mais com Acompanhamento Permanente, Acabai com o Covid O Baile das Bruxas foi o culminar velhos” não deixam de acompanhar há exercícios que fazem “mexer” o Para irmos todos curtir.” de um programa onde não faltaram os “mais novos” nas suas celebrações. corpo e a mente. E foi assim, com este espírito de boa disposição e esperança, que celebrá- mos mais um São João no Lar. O DESEJO CUMPRIDO CELEBRAR COMO UMA GRANDE FAMÍLIA DA D. FELICIDADE À pergunta “O que ainda desejas fazer?” as respostas dos nossos utentes foram muitas, variadas e originais. A D. Felicidade pediu um prato de Aletria e aprender a escrever. O primeiro desejo já foi concretizado. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação [email protected] À medida que vamos envelhecen- do vamos pedindo cada vez menos. Talvez por isso, nos pareça estranho quando nos perguntam sobre os nos- sos sonhos. Foi o que fizemos com os O Lar do Comércio celebra a vida nossos utentes do Centro de Dia. dos seus! Iluminando todos os dias Vimos olhos brilhar, em alguns casos, especiais e festejando a felicidade de com pedidos simbólicos. A partir daí ainda estarem connosco. o nosso objetivo foi o de procurar No Centro de Dia, por exemplo, no concretizar os sonhos possíveis. início de Janeiro, cantámos os para- O primeiro a ser materializado foi o béns a Maria Inês Magalhães, pelos da D. Felicidade, que não comia Ale- seus 82 anos. Natural de Amarante, tria há vários anos, um prato que a veio trabalhar para o Porto com 15 sua mãe lhe fazia quando era criança anos. Começou por ser empregada e lhe traz bonitas recordações. interna e acabou como cozinheira na Juntamos os seus colegas, reunimos cantina do Perpétuo Socorro. os utensílios e fizemos magia acon- Já o Serviço de Apoio Domiciliário tecer. Não diga a ninguém, mas o in- mimou o Sr. Jorge, que soprou as grediente secreto é “Carinho”! velas do bolo do seu 49º aniversá- Da parte d’O Lar do Comércio, tudo rio. Este utente, com um percurso de faremos para ajudar a concretizar as vida bastante difícil, vive agora com outras ambições dos nossos utentes! dignidade e beneficia dos nossos ser- Porque só somos felizes se as pessoas viços e carinho. O seu sorriso não es- de quem gostamos se sentirem reali- conde a felicidade com que recebeu a zadas. E às vezes isso nem representa mini-festa que lhe preparámos. assim tanto... CATASSOL | FEVEREIRO 2022 ENTREVISTA 9 MAIS MÉTODO E RIGOR A INOVAÇÃO AO SERVIÇO DA EFICIÊNCIA Paulo Castro tem 50 anos e vive em Espinho. É licenciado em Gestão e “Não é com um sistema obsoleto nem mantendo os processos do pas- Contabilidade, pelo ISCAP e FEP, sendo um apaixonado pelos projetos sado que vamos conseguir resultados diferentes”... É esta a premissa que de Gestão. Para O Lar do Comércio, promete trazer mais método e rigor. guia António Manuel Bessa, Presidente da Direção do Lar. Paulo Castro “O UTENTE TEM DE ESTAR NO CENTRO DA GESTÃO” Alguma anarquia, lapsos nos procedimentos e regras, setores isolados e a funcionarem de forma autónoma e muitos recursos humanos que não têm perfil ou formação para o lugar que ocupam. O diagnóstico do modelo empresarial d’O Lar do Comércio foi traçado A VISÃO DA DIREÇÃO por Paulo Castro, especialista em gestão e administração financeira, que agora dedica grande parte do seu tempo à instituição, onde, acredita, ajudará a implementar um modelo em que o serviço ao utente será mais humano, “premium” e sustentável. “O FUTURO ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação É AGORA” [email protected] Quem também procura mo- Se as suas palavras são duras e cruas, dernizar O Lar do Comércio é também é verdade que denotam uma a Direção presidida por Antó- objetividade e discernimento neces- nio Manuel Bessa. Na liderança sários para tornar O Lar do Comér- da Instituição desde Janeiro de cio mais moderno e competitivo ao 2021, percebeu desde logo a ur- nível da gestão. gência de informatizar todos os Aquilo que se ambiciona é um mo- processos. delo integrado. Cada elemento deve “Agora existe organização e con- saber exatamente quais as suas fun- trolo absoluto. Começámos pela ções e como as executar, respeitando área da Saúde, com registos de a hierarquia e um objetivo comum. intervenção, plano de cuidados, Esse modelo estava longe de funcio- comunicação intra-equipas, or- nar no Lar, apresentando várias lacu- ganização, estatísticas, escalas, nas. O sistema de escalas, por exem- etc”, explicou o Presidente. plo, precisava de uma intervenção A próxima etapa será otimizar profunda. o programa da área da Gestão. “Numa estrutura com tantos colabo- Através da aplicação, os servi- radores, tem de existir método, rigor ços administrativos conseguem e controlo. Os recursos humanos têm ter uma ferramenta que simpli- de se ajustar à filosofia que a Direção fica os processos. Do “member- pretende implementar, porque o foco ship” à faturação, dos imóveis à só pode ser o serviço ao utente”, ex- qualidade, das encomendas aos centros de custos, tudo está à distância de um clique. AS ÁREAS “O nosso modelo vai permitir à instituição ter maior organiza- ADMINISTRATIVAS ção e facilidade no acesso à in- E FINANCEIRAS formação. Com um “software” é integrado, é possível ganhar ESTÃO AGORA A SER tempo e dinheiro, beneficiando INTERVENCIONADAS todos: do utente e seus familia- res, que podem ter acesso aos PARA SE TORNAREM registos de intervenção, à Di- MENOS PESADAS reção, que tem controlo sobre tudo o que se passa”, evidencia. E MAIS EFICAZES. Por exemplo, até agora o sim- Paulo Castro e a Direção não têm “medo de abanar” a instituição ples registo das fraldas ou os medicamentos utilizados pelos plicou Paulo Castro, não escondendo Paulo Castro sente-se confiante na “Com uma gestão criteriosa, pode- utentes era feito de modo ar- a ambição de revolucionar a qualida- otimização dos serviços da institui- mos ter resultados que nos permitam caico. Com estas mudanças, as de da gestão do Lar, mesmo que ain- ção e revela que, com alguma celeri- investir no que é realmente impor- chefias e a Direção podem ter da haja muitos desafios para superar. dade, poderemos conhecer um siste- tante: o utente. A maior dificuldade é acesso, em tempo real, aos con- As áreas administrativa e financeira ma em que tudo está controlado, os mexer com um sistema disfuncional sumos. Os próprios utentes e estão agora a ser intervencionadas colaboradores cumprem exatamente que funcionou durante anos a fio e familiares poderão confirmar o para se tornarem menos pesadas e aquilo que foi solicitado, os custos onde os colaboradores não tinham dia e hora em que cada produto mais eficazes. A tomada de decisão e proveitos da Instituição e de cada as orientações necessárias. Sabemos foi utilizado. também se espera mais fluída, com utente estão plasmados até ao cênti- o que implica dar este “abanão”. Sa- Aumenta-se, assim, a transpa- claros benefícios para a materializa- mo e em que o rigor contribui para a bemos que pode não agradar a muita rência e otimiza-se o processo. ção dos diferentes projetos em que o humanização do Lar e para a melho- gente”, admite, sem esconder a cora- Lar está envolvido. ria dos cuidados prestados. gem que o impele para este desafio. 10 A BORBOLETA CATASSOL | FEVEREIRO 2022 PUB DIA MUNDIAL DA CRIANÇA TEATRO, PICNIC, FADAS E BALÕES Que mais se pode pedir para os nossos meninos, numa Festa tão especial e Feliz? ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação certo, adaptámos o picnic ao interior. Não faz mal, todos nos divertimos, [email protected] mesmo assim! Entre pinturas e jogos divertidos, Na Creche / Jardim-de-Infância “A chegou a hora de ir embora. À porta Borboleta”, assinalámos o dia que da escolinha estava uma Fada muito homenageia os nossos meninos, com simpática, que encheu balões para muitas surpresas e animações. todos. Ela até sabia fazer magia, por- A manhã começou com a peça de que transformava os balões em cães, teatro “O João Pateta”, onde a di- espadas ou aviões... versão e as gargalhadas foram uma Este foi mais um dia feliz para recor- constante. O protagonista era um ra- dar. No álbum d’“A Borboleta”, há pá- paz simplório, que só fazia asneiras, ginas recheadas de memórias boas, para desespero da sua mãe... que, quando os nossos meninos e O almoço era para acontecer na relva meninas forem homens e mulheres, da Quinta, mas, devido ao tempo in- certamente lembrarão com saudade. O FUTURO ENCONTRO DA FAMÍLIA DE GERAÇÕES PARA CELEBRAR O DIA DOS AVÓS Ao longo de 24 horas, O Lar do Comércio assinalou o Dia dos Avós, com diversas homenagens a todos os nossos utentes (não apenas aos que têm netos). O dia começou com o mini-con- certo dos meninos do Jardim- -de-Infância “A Borboleta! Foi um momento de ternura e de contacto intergeracional, que decorreu no solarengo parque da Quinta do Catassol. Às vozes e coreografias das Na Creche / Jardim de Infância crianças, os menos jovens res- “A Borboleta” celebrámos o Dia ponderam com carinho e aplau- da Família com atividades que sos emocionados. incutem o sentido coletivo nas Um encontro que perdurará nas nossas crianças. memórias de quem homenageou A importância da família está e foi homenageado. bem expressa nos trabalhos ma- nuais que desenvolveram para expor nas suas casas. Na escolinha d’O Lar do Comér- cio existe ainda outra convicção. A de que, um dia mais tarde, as crianças de hoje se lembrarão de “A Borboleta” como uma grande família, que os ajudou a crescer e a ter ferramentas para a vida. Todos os dias criamos memórias felizes que, daqui a 10, 30 ou 50 anos, vão permanecer no nosso imaginário. CATASSOL | FEVEREIRO 2022 A BORBOLETA 11 A Visão dos Pais DIA DAS BRUXAS Alexandra Ferreira ANDRÉ E FILIPA ASSUSTADORAMENTE FOFINHOS EDUCADORA DE INFÂNCIA GRATIDÃO E Halloween celebrado na Creche / Jardim de Infância “A Borboleta” AVÓS... UM AMOR com muita alegria e doçura. MUITO APREÇO INCONDICIONAL Sabem quando a vida nos troca as Quem são estes? Um ser que não voltas e julgamos que ficou tudo do existe, um cheiro que não se esque- avesso, mas depois descobrimos o ce, uma ruga cheia de marcas da caminho certo? vida… Foi esta a sensação que tivemos na Dizem que ser Avó ou Avô é ser descoberta da Creche e Jardim de pai ou mãe duas vezes, mas é mais Infância o Lar do Comércio, agora do que isso, é ensinar duas vezes, é e para sempre “A Borboleta”. preocupar-se duas vezes, é cuidar Tínhamos tantas expectativas para duas vezes… e como tudo dobra, é o nosso primeiro bebé pequenino! amar duas vezes. Procurávamos os professores com E como diz a minha mãe: … “é um melhor “curriculum”, com as me- amor que preenche o coração e lhores formações, mas esquecemos adoça a minha alma!” de procurar um ponto fundamen- Todos eles com cabelo de prata e tal, que os profissionais tivessem o mãos pregueadas, mas com sabe- coração no sítio certo! contornável esta festa, que de algum doria, tiraram o doutoramento em E n’A Borboleta descobrimos um ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação modo substitui e faz lembrar o “Pão amor com 20 valores. lugar de afetos, de compreensão, [email protected] por Deus”, que tem raízes semelhan- Os Avós são aquelas pessoas que de partilha e muita generosidade. tes ao Hallowe’en, mas mais ligado à acham sempre que os lanches para Os pais que éramos quando entrá- Dos bebés mais pequeninos aos mais religião. a escola não chegam, e que os neti- mos lá pela primeira vez, em nada “crescidos” de 4 anos, o divertido cli- O “Pão por Deus” era celebrado no nhos estão sempre magrinhos… se revelam na mãe e pai que nos fo- ma de Halloween animou, durante Dia de Todos os Santos e o peditório São aquelas pessoas que dizem mos transformando e tornando até todo o dia de hoje, as hostes da nossa do pão, porta a porta, era uma forma hoje. Tínhamos nos nossos filhos escolinha. de homenagear os que já partiram. um mundo de sonhos e expectati- Bruxas ternurentas, fantasminhas Na Creche / Jardim de Infância “A vas. Hoje o mais importante é a sua engraçados, abóboras deliciosas ou Borboleta” gostamos de aderir às tra- felicidade e que possam crescer em esqueletos rechonchudos! Brincou- dições. Até às mais modernas e de in- liberdade, com amor, em contacto -se a esta tradição que, não sendo fluência “hollywoodesca”, sem esque- com a natureza, sabê-la de cor, res- portuguesa, tem cada vez mais adep- cer as mais ancestrais e que os nossos peitá-la, criar memórias, que trans- tos por cá. Sobretudo crianças que antepassados ajudaram a criar. portem pela vida. adoram doçuras e travessuras, vesti- Por isso, em cada atividade, as nos- As relações que criamos com os dos a preceito, na noite de 31 de Ou- sas educadoras aproveitam para ex- espaços estão relacionadas com as tubro. plorar vários caminhos pedagógicos. vivências e as memórias que vamos Importado dos EUA, o Hallowe’en Com tudo se brinca e com tudo se criando. E isto só é possível com (ou Dia das Bruxas) é uma tradição aprende. pessoas e relações afetivas! pagã, que a pretexto da fantasia mís- Se o fizermos de forma divertida, ori- Uma educadora ou uma auxiliar tica, propicia uma celebração social. ginal e até ASSUSTADORA... muito têm a capacidade, tal como os pais, Em Portugal, é cada vez mais in- melhor! de ensinar lições, lições que vão “coitadinha da menina ela não fez além dos muros da creche. isso…não foi de propósito, ela é Dedicar a vida ao ensino das nossas muito pequenina”… crianças é uma das tarefas mais no- bres que alguém pode escolher. DA UVA AO VINHO São os primeiros a adoçarem-lhes a boca com chocolates e gomas… Têm a mestria de despertar a ale- São abraços como só eles sabem gria do saber das crianças, da sala Tradições que se vivem em pequenino e jamais se esquecem! dar… dos bebés aos mais “crescidos”. São os que deixam andar às cam- São pilares de uma boa sociedade, e com aquele cheiro típico que se en- balhotas na cama, que jogam à bola têm a capacidade de ajudar a escre- tranha na nossa memória para sem- mesmo doendo as costas e os joe- ver a história do futuro. pre. Sem resistirmos, claro está, a de- lhos… Todos os profissionais na “Borbole- penicar aqui e ali... Contam histórias antigas antes dos ta” são uma referência. Todos, sem Os pés malandros, assim que tive- netos adormecerem vezes sem con- exceção, e os miúdos falam deles ram licença, saltaram para as bacias ta… com muito carinho e afeto. transformadas em lagares. Nem a E os Natais… que só eles sabem Uma escola onde existe uma Xana, incontornável comichão nos torno- preparar… o bacalhau, que nesse que sabe ensinar que o amor tam- zelos os impediu de rir às gargalhas, dia tem um sabor especial condi- bém vem em forma de regra e exi- num processo tão divertido quão im- mentado pelo seu carinho, os do- gência, onde existe uma Rita, que portante para produzir o “Néctar dos ces, os bolinhos de bolina, as raba- ensina que a magia das fadas, dos Deuses”. nadas quentinhas e aletria acabada unicórnios e das sereias, se espalha A pedagogia das vindimas passa so- de fazer… que só o tempo lhes dá o por uma floresta, que pasmem-se, bretudo por tocar, sentir e perceber conhecimento para cozinharem so- é encantada! Onde a cozinheira como se faz o vinho, sempre com bremesas simples e apresentarem à Carla é a mais famosa lá por casa a alegria que as músicas populares família iguarias divinais. nas horas das refeições, do que os ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação proporcionam. A jogar o bingo com todos a volta maiores chefes com estrelas Miche- [email protected] Sabemos que, atualmente, há muitas da sua mesa, com os feijões guarda- lin! Onde uma Carla e uma Gusta, crianças que vivem longe do campo dos numa lata especial dourada, e a fazem maravilhas com a vassoura e Na Creche/Jardim de Infância “A e, por isso, não podemos desperdiçar desejar que o tempo não acabe e o a esfregona. Borboleta” proporcionámos mais a oportunidade de lhes proporcionar sonho não termine. Temos a sorte de ouvirmos belas uma experiência multissensorial aos esta vivência tão rica e tão portugue- São memórias que nos transpor- histórias contadas pelos nossos fi- nossos meninos. sa. tam com nostalgia e saudade, aos lhos, tal como tínhamos sonhado... Aproveitando o espaço fantástico da Porque eles são os guardiões da nos- tempos em que queríamos crescer O nosso Muito Obrigado! Quinta do Catassol, saímos das nos- sa memória coletiva. Que a levem às depressa. Avós, nunca deixem de sas salas e fomos vindimar. gerações vindouras com tanto prazer amar assim, porque vocês enchem Os Papás do Santiago e Salvador Cortámos os cachos das verdes uvas, como nós! o mundo de alegria e sonhos. 12 SOCIEDADE E CULTURA CATASSOL | FEVEREIRO 2022 O PODER DA ALIMENTAÇÃO SUGESTÃO DE LEITURA: SUSANA MACEDO - NUTRICIONISTA “9 PEÇAS” DE ANTÓNIO PAIVA atuar como anti-inflamatórios e an- tibacterianos. Quando falamos sobre teatro, António Paiva parece que levita. 3. O prato-tipo. Ao almoço, o O rosto ilumina-se e os olhos falam mais ainda do que as palavras. prato deve ser composto por: 1- ele- Homem da trama, do pensamento artístico, da ginástica criativa, este mento fornecedor da proteína (po- utente de O Lar do Comércio tem no currículo o livro “9 Peças”, uma derá ser carne, pescado, ovos, mas compilação de farsas que pode ser lida na biblioteca da instituição. também pode ser de origem vege- tal, como por exemplo feijões), que deve conter pouca gordura; 2. O componente dos cereais e derivados, como o arroz, massa, ba- tata, batata-doce, abóbora, pão, etc. Precisamos de hidratos de carbono fornecidos por estes alimentos, mas sem exceder as necessidades, por- que o excesso será armazenado no organismo sobre a forma de gordu- ra. Se não comermos batata/massa/ arroz poderemos comer o pão à re- feição, caso contrário este deve ser reservado para outra refeição; 3. A componente dos legumes, que devem ser 1/3 do prato. O jan- tar deve ser semelhante, alternando Nós “somos o que comemos”, o os alimentos, mas mais leve e em que significa que a alimentação menor quantidade. que temos vai determinar um 4. Viva a sopa! As nossas so- sem número de aspetos de saúde, pas portuguesas, a começar uma bem-estar e qualidade de vida, refeição têm inúmeras vantagens: em todas as fases da nossa exis- preparam a libertação da bílis para tência. E como deve ser a alimentação na idade sénior? Deve ser o mais A ALIMENTAÇÃO DEVE possível variada e equilibrada, DAR-NOS PRAZER. DEVEMOS sem excessos como, aliás, em qualquer outra fase da vida. COMER DEVAGAR E Escolhemos alguns aspetos-cha- MASTIGAR BEM OS ve a destacar sobre uma alimen- tação saudável: ALIMENTOS, PARA 1. A importância da hidra- UMA BOA INSALIVAÇÃO tação. Com o passar da idade va- mos perdendo o mecanismo de alerta da sede, ou seja, podemos facilitar a digestão dos alimentos chegar a uma desidratação sem que lhe seguem, hidrata, tem baixo nos apercebermos. Devemos in- valor energético, rica em vitaminas gerir água regularmente ao lon- e sais minerais essenciais à boa re- go do dia ou infusões quentes ou gulação do organismo, rica em fibra frias (de lúcia-lima, cidreira, tília, que ajuda o intestino a funcionar. camomila, etc.). Podemos levar 5. Sal… mas pouco. Precisa- ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação Com prefácio do ator e encenador connosco uma garrafa de água mos dele, mas o sal naturalmente [email protected] Alfredo Correia, que descreve de ou ter uma garrafa-termo com a presente nos alimentos já é sufi- forma contundente a sua admira- infusão quentinha, de maneira a ciente, ou seja, não necessitamos ção pelo autor. “António Paiva ao bebermos 8 copos de água por de adicionar mais sal. Claro que es- António Rocha e Paiva nasceu no publicar as suas peças, para além de dia (ou 1,5l). tamos habituados a temperar com ano de 1940, em Leça da Palmeira, a colocar ao dispor dos Amadores do 2. Vivam as cores! De forma sal, mas as desvantagens da sua uti- terra que o viu crescer e à qual pôde Teatro uma excelente ferramenta de a obtermos diferentes nutrientes lização regular excessiva são dema- devolver, em forma de associativis- trabalho presta um excelente con- através dos alimentos, devemos siado negativas: retenção de líqui- mo, o carinho e relevância que esta tributo à dramaturgia portuguesa, apostar em comer frutas e legu- dos, dores de cabeça, hipertensão… teve na sua formação enquanto ho- prestigiando o Teatro em Português”, mes de cores diferentes e garantir e doença cardiovascular, levando mem. afirma na página 5 do livro. que ingerimos sempre hortícolas a enfarte do miocárdio e acidente Sempre foi apaixonado pela drama- ao almoço e ao jantar. Para ma- vascular cerebral. Por isso, a reco- turgia e o apelo do palco foi crescen- ximizar a absorção, o ideal será mendação é para todos: reduzir nas do com o avançar dos anos, como A COLETÂNEA DE FARSAS comer legumes cozinhados, mas quantidades de sal adicionado e es- “hobbie” e libertação da vida profis- ESTÁ DISPONÍVEL também legumes crus, mastigan- colher alimentos com pouco sal. sional de eletricista. do bem, com calma, de acordo A alimentação deve dar-nos prazer, A ligação ao Grupo Paroquial de NA BIBLIOTECA DE com as tolerâncias individuais. As devemos comer devagar, mastigan- Teatro de Leça da Palmeira foi o ma- O LAR DO COMÉRCIO diferentes cores estão associadas do bem os alimentos, para propor- terializar do sonho de escrever e en- a diferentes antioxidantes, com cionar uma boa insalivação e diges- cenar. propriedades específicas. Ver- tão, de preferência num ambiente De 1999 a 2007, António Paiva foi A coletânea de farsas “9 Peças” está melhos, laranjas, verdes, roxos e tranquilo e com boa companhia. bastante ativo no desenvolvimento disponível na Biblioteca de O Lar do brancos, cada um com proprie- Com uma alimentação equilibra- de obras que fizeram subir as corti- Comércio. dades específicas (fitoquímicos) da, vivemos mais anos, mas mais nas. Desde “O Retrato” até à inusita- António Paiva está, neste momento, e que contribuem para reduzir o importante ainda, temos a chance da “O Velório”, muitas foram as peças a encenar uma peça, com os utentes risco de cancro, doença cardio- de viver com melhor qualidade de que escreveu e dirigiu e que se eter- da instituição como atores, para levar vascular, melhorar a memória e vida. nizaram em livro. a palco no Dia da Mãe. CATASSOL | FEVEREIRO 2022 SOCIEDADE E CULTURA 13 CINEMA MARIA AMÉLIA CANOSSA E “O LAR DO COMÉRCIO” “O COSTA DO CASTELO” NA “Amélia nome doçura, como essa voz meiga e doce que há tantos anos é nossa. Maria mulher ternura, MATINÉE DO LAR sempre presente e segura, Maria Amélia Canossa! …”, assim a descreve Fernando Campos de Castro na Fotobiografia desta grande Senhora. Infelizmente perdemo-la para sempre no dia 26 de Janeiro de 2022. JUDITE MAIA-MOURA // DIRETORA *escreve de acordo com a antiga ortografia Também n’ O Lar do Comércio, Maria Amélia Canossa deixou uma marca bem gravada. Era frequente participar em espectá- culos no Lar, para animar e alegrar os nossos Idosos. Com a sua doce voz e alegres canções, eram horas inesquecíveis que ficavam no ouvi- A película de 1943 retrata o do e no coração ainda durante dias. mais comum enredo da histó- Lembramo-nos, em particular, duma ria do cinema. Um homem rico actuação sua na Enfermaria do Lar, que se apaixona por uma mu- no Dia do Doente (11 de Fevereiro), lher do povo. onde estava também a inesquecível A comédia clássica anda à volta cantora Maria Clara, infelizmente das aventuras e desventuras de num estado de Alzheimer bastante André e Luisinha, proporcio- avançado, e Maria Amélia, cantando nando excelentes momentos de a inesquecível “Figueira da Foz”, con- humor. seguiu que, a partir de certo momen- N’O Lar do Comércio, decidi- to, Maria Clara cantasse juntamente mos convidar os utentes a as- consigo; foi um momento de emoção sistir a um filme onde os atores para si própria e para todos os que Curado Ribeiro e Milú são pro- estavam presentes. tagonistas, notabilizando esta Depois começaram as suas participa- Maria Amélia Canossa, no júri da edição de 2005 do Mostra o Que Sabes obra com realização de Arthur ções no Júri de Execução Artística do Duarte. “Mostra o que Sabes”. Começou no passavam centenas de idosos mos- Maria Amélia Canossa, para todos Tendo o cinema como pretexto, ano 2000, sua XXª edição, assim se trando o que sabiam e conseguiam os membros dos diferentes Júris e os os espectadores relembraram mantendo até à última edição no ano fazer, mais um dia de final no Fórum Apresentadores da Execução Artísti- idos tempos, de um Portugal 2006: era a pré-selecção, que demo- da Maia e ainda mais um dia de fi- ca, O Lar do Comércio terá uma gra- sob o jugo da Ditadura e fecha- rava dois dias completos e por onde nalíssima no Coliseu do Porto. Para tidão eterna. do em si mesmo. CRÓNICAS DO NOSSO LAR #MUITOPARAVIVER em 2022 O MEU ESTIMADO VIZINHO JOAQUIM MATOS // 15.04.2015 Chegou o esperado mês de Abril. Es- perado pelas chuvadas proverbiais nem tão pouco comemorações revo- lucionárias, mas acima de tudo pela visita anual dum estimado vizinho. Sempre acompanhado pela esposa, apresenta-se rigorosamente trajado com um fato preto, do qual sobressai um laço amarelo vivo. À sua chegada procura instalar-se o melhor possível no mesmo local dos anos anteriores, o que sempre tem Os nossos utentes entraram fe- conseguido e por isso esse vizinho lizes e esperançosos em 2022. fica instalado próximo da minha ha- O mote “Muito para Viver” bitação, que se situa num segundo Isaura e Joaquim Matos, numa das edições do “Mostra o que Sabes” vai acompanhar-nos num ano andar. onde, cada vez mais, vamos oti- Após uns dias de canseira com o seu Nota: Tendo-nos o Senhor Joaquim mizar os cuidados aos utentes e alojamento, faz-se anunciar com um Matos deixado no ano 2017, conta- dinamizar atividades que os ti- complicado mas delicioso recital de Deixai livre o passarinho -nos a sua esposa, D. Isaura Matos, rem do marasmo. canto, que mais uma vez me deslum- A cantar pela vida fora, que os “estimados vizinhos” eram N’O Lar do Comércio tudo fare- bra e faz feliz, o que me leva a supli- Tentando alegrar o mundo um casal de melros, que faziam ni- mos para que esta grande famí- car-lhe que venha cantar para mim e Que se lamenta e chora. nho numa árvore em frente ao seu lia “Viva” com alegria, felicida- para o mundo todos os dias, enquan- quarto e diariamente os acordava às de, espírito de união e confiança to lhe for possível! 6h, com o seu delicioso cantar. no Futuro. 14 SOCIEDADE E CULTURA CATASSOL | FEVEREIRO 2022 ARTE NO LAR José Domingos Silva OS PAINÉIS DE ESPECIALISTA EM LIDERANÇA JÚLIO RESENDE FORMAR E CONSTRUIR EQUIPA No artigo anterior abordamos o Como Professor na então Escola Superior de Belas Artes programa de mudança compor- do Porto, Júlio Resende aí introduziu, entre outras técnicas, tamental realizado com as chefias a cerâmica e o mosaico. Estando próximo de e chefias intermédias onde foram identificadas as motivações e an- O Lar do Comércio, pôde a instituição assim beneficiar seios dos elementos que partici- de belas obras de arte, quer de sua autoria quer da autoria param no programa. Neste artigo de alunos seus, que ele próprio ensinava e orientava. vamos abordar o tema “Constituir equipa”. Para sonhar com um Lar do Co- mércio melhor teremos que cons- truir uma equipa, sendo necessário reforçar a integridade pessoal e ge- rar a confiança entre todos. CONSTITUIR EQUIPA PRESSUPÕE A DEFINIÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA PARA O LAR DO COMÉRCIO, RECONHECER dendo utilizar a posição hierárqui- ca para tomarem posições arbitrá- QUANTAS E QUAIS rias com imposição da sua vontade AS PESSOAS pelo cargo ou função que ocupam. Terão de ser líderes incentivadores NECESSÁRIAS, e com uma visão sistémica, sobre- REORGANIZAR tudo conhecedora das necessidades dos utentes. FUNÇÕES E Trabalhar em equipa, criar novos MELHORAR AS projetos e promover o conhecimen- to humanista é o suporte necessário COMPETÊNCIAS para gerar novos serviços e garantir INDIVIDUAIS o nível e a qualidade do apoio pres- tado. Porém, também é necessário JUDITE MAIA-MOURA // DIRETORA sar; a única tarefa atribuída a O Lar questionar a ordem existente, iden- *escreve de acordo com a antiga ortografia do Comércio foi a disponibilização tificando e acompanhando quem da parede e a colagem desses nove Uma das formas de demonstrar in- deseja alterar comportamentos, ro- mil azulejos. tegridade é ser leal a quem não está tinas e vícios acumulados ao longo Em 1976 surgiu, assim, o primeiro Mas a generosidade de Júlio Re- presente. Ao agir assim, conquista- de muitos anos. painel para embelezar a nossa sala sende para com a nossa instituição mos a confiança dos presentes por- Não se pode colocar em causa a de jantar, inspirado em motivos da continuava e em 1979 lançou novo que quando alguém defende os au- qualidade do serviço prestado, o Natureza, gravado em cerâmica por apelo aos seus alunos finalistas para sentes, tende a ganhar a confiança apoio previsto nos estatutos e o hu- alunos finalistas nesse ano lectivo, que mais três painéis fossem gra- dos presentes. Como refere Samuel manismo da relação com os uten- um trabalho que levou nove meses a vados em cerâmica, também esses Johnson: “Não pode haver amizade tes e seus familiares. Aprendemos concretizar. para serem colocados na nossa sala sem confiança, nem confiança sem que temos trabalhadores com prin- Foi por essa altura, em 1977, que, na de jantar, que era grande e onde, em integridade”. cípios e valores e outros que têm sua oficina, produziu, ele próprio, algumas paredes, faltava decoração. Porém, constituir equipa pressupõe comportamentos e atitudes para o monumental painel de azulejos Foram quatro as alunas que aceita- a definição de uma estratégia para mudar. Não pode haver um Lar do para a enorme parede frontal de O ram o desafio, difícil desafio, e só a O Lar do Comércio, reconhecer Comércio sem pessoas motivadas Lar do Comércio, mesmo por cima muita consideração que tinham pelo quantas e quais as pessoas necessá- para trabalhar em equipas prepa- da entrada principal do edifício, a Mestre lhes deu força e energia para rias, reorganizar funções e melho- radas para apoiar e servir os seus que chamou Pássaros. Isto aconte- levarem este trabalho até ao fim. rar as competências individuais. utentes. Todos têm que se sentir ceu quase dez anos antes da sua fa- Mais tarde, olhando para as paredes Necessitamos de desenvolver uma realizados no seu local de trabalho mosa obra Ribeira Negra, também da sala de jantar, e considerando que cultura organizacional que promo- onde passam mais de um terço da ela em azulejos. Foi uma época em havia um desequilíbrio na disposição va não só a partilha de valores como sua vida profissional ativa. que, nos seus trabalhos, apareciam dos painéis, Júlio Resende desafiou a partilha de perceções do que é a Apesar da crise que atravessamos, com frequência os azuis-violáceos e ainda mais uma vez os seus alunos, realidade de O Lar do Comércio, ou por causa dela, vivemos um mo- os amarelos-esverdeados, sendo este tendo conseguido que, com a sua dando a todos uma identidade or- mento histórico de projetos utópi- um trabalho um pouco fora do habi- arte, produzissem ainda mais um, ganizacional que facilite o compro- cos de sonhos de um Lar melhor, tual no autor, pois aí se destaca uma passando assim a cinco o número de misso, promova a estabilidade dos mais justo, mais solidário e capaz maioria de sinais geométricos, com painéis em cerâmica. seus utentes e modele comporta- de proteger os seus utentes. apenas alguns pássaros estilizados na Todos os materiais usados nestes mentos que tenham impacto no su- Estamos num processo longo e di- parte superior do painel. Mas, sen- trabalhos foram oferecidos pela pró- cesso da nossa Instituição. fícil. Será um grande desafio para do um trabalho de enorme beleza e pria Escola Superior de Belas Artes As chefias têm de alterar compor- todos nós, mas a capacidade de nos grandiosidade (nele estão aplicados do Porto, o que foi reconhecido por tamentos e melhorar os seus co- organizarmos deixa também em nove mil azulejos), foi sempre imen- O Lar do Comércio, tendo-lhe sido nhecimentos técnicos, tornando- aberto a possibilidade de construir samente apreciado por todos os que atribuído o merecido título de Sócia -se conhecedoras e especialistas na a nossa utopia para O Lar do Co- por ali passavam e continuam a pas- Benemérita. função que desempenham, não po- mércio. CATASSOL | FEVEREIRO 2022 ENTREVISTA 15 BENEFÍCIOS DA EQUITAÇÃO OFERTA DIVERSIFICADA “Pretendemos promover a saúde física e mental dos idosos, com ativi- “Contamos com uma oferta muito diversificada como terapia, campos dades regulares desenvolvidas por eles, como o tratar dos cavalos, cuidar de férias, transporte adaptado, atividades lúdicas e terapêuticas extra- das suas instalações, alimentá-los e mesmo montá-los!” curriculares, musicoterapia, desporto adaptado...” JOANA PEREIRA “A QUINTA DO CATASSOL É UM PARAÍSO NO MEIO DA CIDADE” Joana Pereira, de 40 anos, é psicóloga e apaixonada por cavalos. Como Presidente da Associação Equiterapêutica Porto e Matosinhos, que desde este ano tem sede na Quinta do Catassol, orienta uma equipa jovem de técnicos de saúde e equitação. Tem o sonho AEPM de desenvolver um projeto líder e de referência de serviços assistidos por equinos para toda a população. ARMÉNIO SANTOS // Chefe de Redação UM PROJETO [email protected] SOCIAL Como nasceu esta ligação A AEPM - Associação Equitera- da AEPM à Quinta do Ca- pêutica do Porto e Matosinhos tassol e ao Lar? foi fundada em março de 2010 Iniciámos a parceria com O Lar do de forma a tornar a Terapia As- Comércio em 2014, devido à necessi- sistida por Cavalos acessível a dade de um novo pólo da associação todos os indivíduos com defi- que possibilitasse dar resposta a to- ciência ou incapacidade. das as solicitações, principalmente a É uma IPSS (Instituição Parti- grupos de alunos com deficiência ou cular de Solidariedade Social), incapacidade das escolas dos Conce- certificada pela ERS (Entidade lhos de Matosinhos e da Maia. Com Reguladora da Saúde) e reco- a pandemia por COVID19 tivemos nhecida pelo IPDJ (Instituto necessidade de rescindir esta parce- Português do Desporto e da Ju- ria, conscientes de que a quinta de ventude). Catassol teria muito potencial para o Tem como missão, proporcio- desenvolvimento de vários projetos, nar o contato direto com os mas que nas condições que tínhamos cavalos, ao nível terapêutico, não era possível. desportivo e profissional, bem Com a reorganização do Lar e a nova como, de lazer, adaptado e de direção, tivemos a iniciativa de apre- forma global e inclusiva, respei- sentar um projeto de gestão da quin- tando a diferença. Ser uma en- ta que a adaptasse a várias respostas tidade de excelência pelos ser- abertas a toda a comunidade e a di- viços prestados, qualificação e ferentes necessidades, dando segui- multidisciplinariedade da equi- pa técnica, bem como a adapta- ção dos serviços e do contexto “PRETENDEMOS UM às necessidades da população. CENTRO EQUESTRE Joana Pereira tem uma paixão inspiradora por cavalos INTEGRADO ONDE A vinda para este espaço férias, transporte adaptado, ativida- salas de aula, como já é possível hoje A NATUREZA E OS está a corresponder às ex- des lúdicas e terapêuticas extracur- em dia… petativas? riculares, musicoterapia, desporto Pretende-se que a equitação promo- ANIMAIS ESTÃO EM Sim, muito! O desafio tem sido adaptado… e o que com o tempo va também a saúde física e mental SINTONIA COM AS grande pois o projeto abrange mui- aferirmos como necessidade da po- dos idosos, com atividades regulares tas respostas sociais e a quinta tem pulação com deficiência ou incapa- desenvolvidas por eles, como o tratar NECESSIDADES DOS um potencial enorme que queremos cidade! dos cavalos, cuidar das suas instala- NOSSOS CLIENTES” aproveitar na sua totalidade ao servi- ções, alimentá-los e mesmo montá- ço da comunidade. Existe uma boa simbiose -los! A Quinta de Catassol é um pequeno entre os cuidados de mento ao trabalho que já desenvol- “paraíso” no meio da cidade! terceira idade e equitação? Deve ser gratificante o re- víamos no CHPM – Centro Hípico A proximidade física ao lar e a histó- torno emocional que advém do Porto e Matosinhos em Leça da Qual a visão que tem para o ria da quinta são o ponto de partida das diferentes respostas da Palmeira. projeto? para uma relação muito forte entre AEPM, nomeadamente as A direção prontamente nos apoiou e A AEPM pretende criar na quinta os idosos e os cavalos. No entanto, terapias com pessoas com temos vindo a desenvolver um proje- um CEI – Centro Equestre Integrado a simbiose entre a terceira idade e necessidades especiais… to de adaptação da quinta para os vá- onde a natureza e os animais, princi- a equitação vai muito mais além de Sim, é muito gratificante! Sentir que rios serviços da associação, assistidos palmente os cavalos, estão em perfei- admirar os cavalos a pastar nos cam- todos os dias fazemos a diferença na por equinos, nomeadamente, a tera- ta sintonia com as necessidades dos pos, ou ficar à conversa com as crian- vida da população com quem tra- pia para pessoas com deficiência ou nossos clientes, seja ao nível terapêu- ças com deficiência que passeiam a balhamos, que contribuímos para o incapacidade, atividades com idosos, tico, desportivo ou lazer! cavalo pela quinta ou com os jovens seu desenvolvimento físico, mental, formação profissional ou campos de Contamos com uma oferta muito di- que fazem a manutenção do espaço emocional e social, mas, acima de férias inclusivos, entre outros. versificada como terapia, campos de como se estivessem em verdadeiras tudo, para a sua felicidade! 16 SOCIEDADE E CULTURA CATASSOL | FEVEREIRO 2022 A IMPORTÂNCIA OPINIÃO DAS TERTÚLIAS As Tertúlias Dialógicas são ações educativas de sucesso que se desenvolvem em comunidades de aprendizagem. Estas compreendem As Prioridades uma construção coletiva de sentido e de conhecimento baseado no diálogo entre todos os participantes. dos Maiores de Idade POR: LAURA GUIMARÃES // EDITORA São por demais conhecidas as a nostalgia do que passou e a ansie- anedotas que exultam os pri- dade do que está para vir com a ida- mados de cada fase da vida. Das de terceira. Olhamos o céu, lemos metáforas associadas aos animais poesia, procuramos os melhores às larachas sobre os ímpetos dos restaurantes e também os especia- adolescentes, das piadas sobre a listas médicos mais conceituados, masculinidade às efabulações dos mas ouvimos as bandas da nova 30, dos 50 e dos 80 anos, das cha- geração e vamos ao Rock in Rio na laças sobre a perda de memória companhia dos mais jovens. O es- às tertúlias sobre a aposentadoria, pelho e a balança não estão lá para a diversidade é tão desmesurada ajudar, passando demasiado tempo quanto hilariante. sem nos apercebermos do que real- Atravessamos metade da vida a mente interessa e perdemo-nos em querer crescer. Cada vez mais vi- aflições e contradições, esquecen- vemos o passado e o futuro, dei- do-nos de perpetuar os momentos xando para trás o presente que mais felizes. passa a ser prontamente vivido O avançar da idade traz-nos en- em modo “Enter”. No decurso de sinamentos e tranquilidades que um jantar de amigos, quantos de julgávamos não chegariam e que nós trauteámos nostalgicamente não viveríamos. A vida tem um sa- o eterno trecho de Paco Bandei- bor diferente, o ritmo não é mais ra: “Não adianta, /Deitar contas à a cem à hora. As rotinas são mar- vida, /A ternura dos 40/ Não tem cadas pela sabedoria, com vontade conta nem medida.” Os quarenta de aprender mais, pelo querer viver anos traziam vivências que julgá- com ternura e pela alegria de ser vamos não existir como a tranqui- cada vez mais resiliente. Ao contrá- experiências emotivas, vividas por lidade e uma certa contenção na rio dos receios que muitos alimen- Júlia Costa Almeida e Laura Guimarães eles ou por pessoas com quem priva- ansiedade de crescer. Começámos tam, chegar à quarta idade devia ram. a viver a vida com um sabor que O funcionamento destas Tertúlias Especialmente tocante foi a aborda- desconhecíamos e olhávamos o centra-se nos princípios da aprendi- gem “a posteriori” da Sra. D. Júlia passado com um gosto de quem zagem dialógica e desenvolvem-se a Costa Almeida, que apesar de não aprendeu e está pronto a ensinar partir das melhores criações da hu- ter participado presencialmente, fez também. Nessa altura, a nossa O AVANÇAR DA IDADE manidade, desde a literatura à arte questão de nos enviar o seu contribu- carreira profissional decorre com TRAZ-NOS ENSINAMENTOS ou à música. Através das Tertúlias to, que aqui transcrevemos, com um maior estabilidade e os nossos E TRANQUILIDADES QUE Dialógicas potencia-se uma aborda- abraço muito grato. O excerto que a objetivos são diferentes. Já não JULGÁVAMOS NÃO CHEGARIAM gem sem distinção de idade, géne- utente selecionou foi o seguinte: sonhamos disparates e ansiamos ro, cultura ou capacidade, à cultura “Acabara Teresa de ler e esconder no por coisas reais e concretas, sem E QUE NÃO VIVERÍAMOS. A VIDA clássica universal e ao conhecimento seio a resposta de Simão Botelho, que dar lugar a desesperos. Muitos de TEM UM SABOR DIFERENTE, científico acumulado pelas pessoas a mendiga lhe passara ao escurecer, nós voltam a ser pais e vivem-no O RITMO NÃO É MAIS ao longo da vida. pendente de uma linha, quando o de forma diferente. Largam-se os A CEM À HORA Na segunda tertúlia dialógica literá- pai entrou no seu quarto e a mandou nervosismos e os cuidados exces- ria que teve lugar no nosso Lar, em vestir-se. A menina obedeceu, agar- sivos, tantas vezes absurdos, que setembro último, os utentes previa- rando numa capa e num lenço.” Eis se vivem quando se tem um filho mente fizeram a sua escolha que in- o comentário enviado pela Sra. D. aos vinte e tais e “A Vida é Bela! ser a chegada a um paraíso há tanto cidiu sobre o “Amor de Perdição”, de Júlia sobre esta parte da obra: Esco- A partir dos cinquenta, alguns de tempo merecido e esperado. É um Camilo Castelo Branco. Um clássico lhi este parágrafo porque memórias nós já podem ser avós e vivem-no tempo de grandiosa dignidade e de que nos fez partilhar os amores pla- recentes me fizeram identificar com de uma maneira especial, pois a profundo respeito por todos os sa- tónicos entre Carlos e Teresa e, por Teresa. Agarrar no mínimo. Teresa, a vitalidade continua a ser extraor- crifícios, por todas as lutas, por to- sua vez, a paixão secreta entre Maria- capa e o lenço; eu a minha almofada. dinária e o acesso à informação e das as batalhas travadas. na e o protagonista. Esta novela es- A mesma obediência, o mesmo si- à diversão é muito diferente dos Numa era de forte influência globa- crita em 1861, durante a reclusão do lêncio. Teresa por causa de um amor avós da geração anterior. Nesta lizante na qual os senhores - já não autor na cadeia da Relação, no Porto, proibido, Eu por causa de um inimi- fase estamos mais atualizados do da guerra, mas sim da economia retrata um Portugal conservador em go invisível. O mesmo destino: am- que nunca e temos uma excecio- – impingem-nos outras idiossin- que a dor de existir, a infelicidade e bas não sabíamos para onde íamos, o nal capacidade de absorver in- crasias que não as da nossa identi- o amor de dois jovens pertencentes que nos estava a acontecer, qual seria formação, sorvê-la, mastigá-la e tária existência, hoje mesmo posso a famílias nobres e rivais os levam à o fim. Assim, aqui deixo um peda- vivê-la da forma que bem enten- renascer e constatar que, afinal, não perdição. cinho muito doloroso da minha ex- dermos. Aquilo por que ansiamos sou o único a olhar o céu. Aqui, No encontro que a equipa das Res- periência pessoal na reclusão forçada são os ensinamentos da vida e neste lugar, aqui neste Lar há mais postas Sociais promoveu, pretendia- para outro espaço devido ao vírus não emoções de adolescente que alguém preocupado com o contri- -se uma leitura conjunta do capítulo Covid 19. temos a certeza de que não vol- buto que a geração dos “Maiores VII, em que Teresa vai para um con- “Orgulho ou insaciabilidade do cora- tam mais. Aos cinquenta anos te- de Idade” devia estar a dar para o vento por ordem do seu pai. Foram ção humano, seja o que for, no amor mos mais força e conhecemo-nos legado a deixar aos nossos descen- muito gratificantes as intervenções que nos dão é que nós graduamos o como ninguém. Sabemos o que dentes: a sustentabilidade do plane- dos participantes que, compreen- que valemos em nossa consciência.” custa lutar pelo desejo de um filho ta para a propagação de uma espé- dendo muito bem a associação entre Camilo Castelo Branco, in Amor de e o sabor fantástico que é assistir à cie mais solidária, mais justa, mais a literatura e a nossa vida, relataram Perdição. sua concretização. Vivemos entre igual e mais humana. FICHA TÉCNICA DIRETORA: Judite Maia-Moura || DIRETORA-ADJUNTA: Laura Guimarães || SUBDIRETOR: Arménio Santos || PROPRIEDADE: O Lar do Comércio || IMPRESSÃO: Print on Demand || Tiragem: 500 exemplares Depósito Legal: 483053/21 || CONTATO: [email protected] - 229 430 700 || SITE: www.olardocomercio.pt
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