Editor original: James Mcleod Willson (1809-1866) Tradução e Revisão: Editora Caridade Puritana Publicado pela Amazon KDP, 2019 Dezembro 2019 Sumário Indicações Um Breve Comentário A Vida de James Mcleod Willson Prefácio INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 O LIVRO DOS SALMOS É UM MANUAL COMPLETO DE LOUVOR. CAPÍTULO 2 O LIVRO DOS SALMOS TEM O SELO DA NOMEAÇÃO DIVINA, QUE NENHUM OUTRO TEM. CAPÍTULO 3 HÁ ALGUMA AUTORIZAÇÃO PARA FAZER OU USAR, NO CULTO A DEUS, SALMOS OU HINOS QUE NÃO AQUELES JÁ PROVIDENCIADOS POR DEUS PARA A SUA IGREJA? CAPÍTULO 4 A ADEQUAÇÃO DOS SALMOS PARA O CULTO DO NOVO TESTAMENTO, E SEU USO, VINDICADO CONTRA OBJEÇÕES. CAPÍTULO 5 ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A VERSÃO ESCOCESA DOS SALMOS APÊNDICE A. Salmos para ambos os Testamentos. APÊNDICE B. APÊNDICE C. Escritores de Hinos. APÊNDICE D. APÊNDICE E. Indicações “Quero indicar com todas as forças do meu coração esse maravilhoso e oportuno livro de James Mcleod Willson defendendo a exclusividade, segundo a ordem do Senhor, de cantar os Salmos metrificados no Culto Público. Estamos vivendo tempos de uma nova Reforma, não só Soteriológica mas de tudo que envolve a Igreja do Senhor Jesus Cristo. Não podemos aceitar uma proposta de meia reforma, como a que vemos no chamado “Novo Calvinismo” que aprecia a mensagem calvinista da soberania de Deus na Salvação, mas despreza a ênfase de Calvino em sua prioridade de reformar o Culto reintroduzindo o cântico congregacional dos Salmos . O desafio é grande mas a obra é do Senhor que sempre demonstrou zelo pelo Seu Culto… e esse livro é, certamente, uma excelente ferramenta fortemente bíblica para trazer de volta o Culto Público à sua pureza. Caro leitor, leia e examine com cuidado tendo sua bíblia ao lado e seu coração será impactado pela verdade “… conforme ela é em Cristo Jesus!” Rev. Josafá Vasconcelos Igreja Presbiteriana da Herança Reformada “Se o Senhor nos manda cantar os Salmos no contexto do ser cheio do Espírito (Ef 5.18-19; Cl 3.16), então são os Salmos que devem ser cantados no culto público, exclusivamente, enchendo-nos da Escritura, para que não sejamos cheios de composições humanas, por melhores que sejam. Esse livro desvenda essa realidade com extrema clareza para os nascidos de novo, que querem adorar ao Senhor segundo a verdade revelada no novo testamento.” Pr. Edson Azevedo, membro da Comissão Brasileira de Salmodia " É uma preciosidade ter em nossa língua um livro tão rico de sabedoria e informações, e acima de tudo de piedade; o autor faz uma defesa histórica e teológica da Salmodia Exclusiva, observa também como irmãos amados do passado amavam cantar os Cânticos de Sião como alimento de uma vida litúrgica piedosa e saudável. O livro nos revela três realidades importantes sobre nós: Primeiro, somos anões espirituais por não nutrir nossas almas com o cancioneiro que Deus nos deu; Segundo, que ao rejeitarmos os Salmos como o hinário suficiente para as nossas celebrações litúrgicas não permitimos que as Escrituras governem o Culto Divino; Terceiro, estamos em desarmonia com os nossos pais do passado quando nós removemos do culto os Salmos que norteiam a nossa autêntica espiritualidade. Meu desejo é que esta obra seja uma bênção na vida da Igreja brasileira, sem dúvida é um livro para ser saboreado em cada página!" Rev. João Ricardo Ferreira de França Igreja Presbiteriana de Riachão do Jacuípe - BA “Em tempos onde a doutrina da soberania de Deus está em nossas línguas e pensamentos, porém, de forma muito estranha, não tem chegado em nossa adoração, este livro do James Mcleod Willson se faz muito necessário. Todos os que buscam a Deus com inteireza de coração devem ser instruídos com a palavra de Cristo, aconselhando pela palavra de Cristo com toda a sabedoria que provém da palavra de Cristo e louvando a Deus com a palavra de Cristo (Cl 3.16). Raramente ouvimos falar sobre a necessidade de se cantar os salmos em nossa adoração pública a Deus, e, quando ouvimos falar, trata-se de algo muito tímido e sem compromisso. Todavia, a realidade é que uma igreja onde os salmos são desprezados no louvor a Deus, os prejuízos são incontáveis. Por isso, precisamos urgentemente de um retorno ao hinário composto pelo próprio Deus, o hinário de Cristo, os salmos. Creio que este livro será um bom instrumento para que muitos despertem para esse retorno.” Diác. Natanael Benvindo Igreja Batista da Graça Um Breve Comentário A discussão sobre a Salmodia Exclusiva vem aparecendo com mais frequência no Brasil inteiro, mas infelizmente poucas obras antigas são traduzidas quando esse tema é tratado. Para a edificação da Igreja e principalmente para a glória de Deus, a Editora Caridade Puritana lança sua primeira obra que aborda justamente este assunto tão importante. Neste livro você verá que no século XIX a Salmodia começou a ser questionada, e que muitos dos argumentos que ouvimos hoje em dia já foram abordados e refutados por tantos autores que participam deste livro (que foram compilados pelo Dr. James M. Willson) e pela própria história da Igreja. O livro não trata apenas sobre o assunto de forma apologética, mas também de forma prática e pastoral, e, nos leva ao conhecimento Bíblico sobre os Salmos de forma profundíssima. Quero agradecer primeiramente a Deus por ter nos sustentado e nos dado forças para republicar essa grande obra em nossa língua. Agradeço a minha querida esposa Gabrielle por ter me apoiado durante todo esse projeto e por ser uma excelente esposa e mãe. Dedico essa obra aos meus filhos Anna e João que trouxeram tantas bênçãos e felicidades na minha vida. Agradeço toda a equipe da Editora Caridade Puritana que tiraram seu tempo para um trabalho voluntário e tão árduo visando a glória de Deus e a edificação da Igreja. Filipe Macedo (Fundador da ECP) Contribuidores da obra: Design: Filipe Falcão Tradução: Nathan Cazé / Rodrigo Varoni / Filipe Macedo Revisão: Diego Henrique Trentini Gehm / Jadson Targino Junior / Maycon Maia Ribeiro / Lucas Felisbino / Filipe Macedo Este livro não pode ser revendido ou distribuído para vendas sem a permissão escrita da Editora Caridade Puritana. Todos os direitos autorais pertencem à ECP. Para a distribuição gratuita, temos a versão em PDF disponível me nosso site: https://caridadepuritana.wordpress.com/ A Vida de James Mcleod Willson O Dr. Willson era um eminente presbyterian divine, em outras palavras, um presbiteriano que geralmente era associado ao movimento dos Puritanos. Ele era filho do distinto Rev. James R. Willson, que também era doutor em teologia e era um presbyterian divine. Ele nasceu em Forks of Yough, em 17 de novembro de 1809. Desde a infância ele foi apto na aquisição da aprendizagem e era diligente em seus estudos. Sua educação preparatória foi processada sob as instruções de seu pai. Tão completa tinha sido a sua formação anterior e tão avançado foi nos seus estudos que ao entrar na faculdade, ele assumiu uma alta patente de uma só vez na classe sênior. Ele se formou no Union College, em Nova York, em 1829. Em seguida, passou alguns anos no ensino em duas academias, e finalmente também foi diretor da escola secundária em Troy, N.Y.; estudou teologia até 1834, quando foi licenciado para pregar pelo então Presbitério do Sul, e foi ordenado pastor de uma igreja na Filadélfia no dia 27 de novembro de 1834, onde trabalhou com grande sucesso até 1862. Em 1859 foi nomeado pelo Sínodo para uma cátedra no Seminário Teológico de Allegheny City enquanto tomava conta da sua igreja. Em 1862, sua relação pastoral foi dissolvida e ele se mudou para Allegheny, onde continuou a exercer as funções de professor, até o dia da sua morte, aos 57 anos, 31 de agosto de 1866. Coincidente com seus deveres pastorais e profissionais, desempenhou uma quantidade variada de escritos. Por mais de dezessete anos foi editor único do Covenanter. Ele também foi o autor de vários tratados, a saber, O Diácono (1840), Magistratura Bíblica, Governo Civil; também um pequeno tratado sobre Salmodia [este livro]. Dr. Willson era um pastor diligente, gentil e fiel; um pregador simples, lógico e eminentemente instrutivo, um editor e autor de sucesso, um distinto professor de teologia. Seu conhecimento da história era extenso e preciso. Prefácio É com grande alegria e imensa estima que indico a todo cristão professo a leitura deste excelente material, onde é abordado uma das doutrinas que, infelizmente, foi esquecida no final do século 19, mas que sempre foi algo comum em toda a História da Igreja desde os seus primórdios, a chamada "Doutrina da Salmodia". Este livro tem por objetivo trazer luz a um tema de grande importância, a respeito de como os cristãos devem se portar no culto a Deus. E nesse sentido, seu objetivo é exaltar ao Senhor e Criador, estabelecendo, assim, o fato de que a Palavra de Deus deve ter a supremacia sobre quaisquer ideias ou pensamento humano atual. Sendo assim, todo cristão verdadeiro deve ser influenciado pela Palavra do seu Senhor e Criador, tendo, dessa forma, as Escrituras como Regra de fé e prática; crendo nas doutrinas fundamentais redescobertas pela Reforma Protestante e também pela Reforma Reformada, também conhecida como Reforma Calvinista, que trouxeram um Grito muito forte apontando que Somente a Escritura é a Palavra de Deus [Sola Scriptura], e que Toda Escritura é a Palavra de Deus [Tota Scriptura]. Sendo assim, devemos lembrar do Reformador Martinho Lutero, quando disse que a nossa mente deve ser sempre cativa à Palavra de Deus. É nisso que confiamos! Que as palavras expostas aqui apontem para glória e honra do nosso Senhor, através da exposição de uma Doutrina bíblica. Além disso, o objetivo deste material é apresentar o princípio bíblico e o fundamento da ordem estabelecida por Deus para como os crentes devem se portar no Seu culto. Dito de outra forma, o objetivo deste material que você tem em mãos é tornar conhecida a ordem bíblica dada por Deus sobre como os cristãos devem adorar a Deus em comunidade no culto público. Houve preocupação e dedicação em expor o texto bíblico na sua maior fidelidade, tendo como sombra toda a História da Igreja, o aspecto teológico e doutrinário, para que, assim, o Deus que nos trouxe à luz seja exaltado através das verdades bíblicas. Diante disso, chamo a sua atenção para que você seja nobre como os bereanos, que receberam a Palavra e a examinavam [At 17. 11]. Quem tem olhos, leia e se dobre à Palavra de Deus. A nossa oração é para que o Senhor abra os olhos dos leitores para que vejam as maravilhas que resultam da Sua Lei [Sl 119. 18]. (Cristian Pacheco Calegari - presbiteriano convicto com raízes na Teologia Reformada Histórica Confessional. Foi membro da IPB e presbítero da mesma por mais de dois anos. Bacharel em Teologia pela FETEV - Faculdade El-Shadai de Teologia Evangélica. Cursando Bacharelado em Teologia - BET pelo IRSE – Instituto Reformado Santo Evangelho. Formado pelo Curso Online Básico de Teologia do Seminário Martin Bucer.) INTRODUÇÃO A celebração do louvor de Deus em canção e com a “voz da melodia” é um dos exercícios religiosos mais deleitosos. É a expressão natural da confiança e alegria santas em Deus: “Está alguém contente? Cante salmos”1 {Tiago 5:13}; “E virão a Sião com cânticos, e perpétua alegria haverá sobre as suas cabeças”{Isaías 51:11}. É cantando louvores que as vozes unidas dos adoradores de Deus são ouvidas em assembleias cristãs. Enquanto assim empenhado, se é que alguma vez esteve, o coração se agita e se move à emoção penitencial, a uma reverência de adoração, a gratas ações de graças, a sublimes esperanças e expectações. O que quer que se relacione com tal exercício e ordenança não deve ser de menor importância. Acima de tudo, a pergunta “qual será a matéria do nosso louvor?” ou “quais canções sagradas cantaremos?” deve ser da mais alta significância. Podemos naturalmente, e com o mais profundo interesse, perguntar se o próprio Altíssimo nos tem fornecido um manual de louvor, ou se nos tem deixado criar ou ajuntar canções, além das que Ele nos tem fornecido, como podemos ter a capacidade, ou fazer nossa escolha. Qualquer que seja o resultado de nosso exame dessas indagações –– e é de conhecimento geral que todos não têm chegado às mesmas conclusões ––, ninguém pode negar que são dignas de nossa atenção mais devota e concentrada. Pois: 1. Nós servimos a um Deus zeloso, que reivindica, como sua prerrogativa inalienável, a designação e a nomeação de tudo o que se refere à adoração religiosa. “Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” {Mateus 15:9}. E, certamente, aqueles que se aproximam de Deus em atos de devoção deveriam estar tão profundamente preocupados agora quanto antigamente, para que não sejam encontrados oferecendo “fogo estranho perante o Senhor” {Levítico 10:1}. Em toda parte e ato de adoração, deveríamos nos esforçar para estar bem certos de que nos aproximamos do trono do Eterno com um serviço que Ele tem prescrito e que, apresentado em fé, Ele o aceitará. E desse modo, ("pois o nome do Senhor é Zeloso; é um Deus zeloso”, Êx 34.14) seja uma oração, uma doutrina, ou um salmo –– é uma pergunta solene a se fazer –– está de acordo com a vontade de Deus? Não é suficiente que nossa oferta, ou a maneira como a apresentamos, pareça para nós bem adaptada para despertar a emoção piedosa ou desenvolver afeições cristãs. Este é um dos mais marcantes e mais perniciosos dos erros do sistema de cristianismo corrupto que todo o mundo protestante rejeita como anticristão: e, portanto, suas figuras, suas imagens, seu lindo e impressionante cerimonial – “tendo alguma aparência de sabedoria”, mas, no final, apenas “em adoração da vontade própria” (Cl 2.22), são inaceitáveis a Deus, inúteis ao adorador e, finalmente, fatais aos interesses da religião vital e da piedade pessoal. Caso este princípio for adotado, aonde fixaremos seus limites? Se a ingenuidade humana uma vez começar a interferir nas devoções do povo de Deus, como ela será detida? Aonde pode ser detida? Por isso, com prudente e benevolente premeditação, bem como com uma zelosa consideração por Sua própria glória, como único Rei e Cabeça da Igreja, nosso Deus e Salvador tem excluído de Sua Igreja toda a invenção do homem; tem estampado em cada instituição e ordenança a impressão de Sua própria soberana e graciosa autoridade. Ele nos 1 N.T. : Apesar de nossas traduções em português terem traduzido a palavra psalló em “cânticos”, essa palavra grega tem sua raiz de uso na palavra “salmo” ou em “cantar salmos” segundo o dicionário de grego de Strong. tem deixado nada mais do que o ofício e o privilégio de estudar a Sua Palavra para que possamos verificar a Sua vontade e, então, segui-la com um zelo e vigilância como os Seus. 2. A salmodia da Igreja não tem fraca influência sobre suas doutrinas, nem sobre o tom e o espírito de sua piedade. Um eminente estadista do velho mundo certa vez comentou: “Deixe-me fazer as baladas de uma nação, e não me importarei com quem faz suas leis”. As canções de uma nação certamente moldam, se não em tão grande medida quanto este aforisma implicaria, ainda assim, em grande parte, de fato, os sentimentos, os sentidos e até as opiniões de seus cidadãos. As canções da igreja, cantadas dia a dia, de sabbath a sabbath, não podem deixar de influenciar, ao menos tão ampla e profundamente, seu tom de sentimento e suas visões religiosas. Expressando, como necessariamente fazem, em primeira instância, algo dos princípios, do espírito, dos proeminentes desejos e objetivos daqueles que as adotam como a matéria de seu louvor, elas têm uma reação com muita energia e eficácia nos corações dos adoradores enquanto são usadas. Elas imprimem profundamente sua imagem pelo constante uso e consequente familiaridade. Assim ocorre, com frequência, que canções compostas por poetas não inspirados adquirem estima daqueles que têm, há muito tempo, as empregado em suas devoções. Criando nessas pessoas também um caráter, pouco, se não, muito menos sagrado do que aquele que se apropria à própria palavra de Deus. Quão infinitamente importante é, então, ter toda a garantia de que nossa 'Salmodia' não seja apenas sadia na doutrina, mas semelhante a Cristo em tom, espírito e sentimento! Quão alta a responsabilidade que repousa sobre aqueles que se encarregam de preparar e estabelecer as canções de devoção da Igreja! 3. A salmodia da Igreja deveria ser fixa, estável e permanente. Tal como a sua fé, deveria ser, tanto quanto possível, imutável. Intimamente associada, como é, com sua vida espiritual, a matéria de seu louvor não deveria ser suscetível a flutuar e mudar com os inconstantes movimentos do sentimento público e as vacilações que sempre marcam os gostos da sociedade humana. Sua fé é "uma" (Ef 5.5), suas canções também deveriam ser sempre as mesmas. Além disso, é algo que é identificado com as pessoas mais notáveis e as testemunhas do passado quando cantamos os mesmos Salmos que têm mantido e alegrado os santos de Deus e servos fiéis de Cristo em seu dia de provação e até na morte. E também é algo para que nossos filhos depois de nós se identifiquem conosco, não apenas em examinar a mesma Bíblia, em amar o mesmo Salvador, em buscar a mesma salvação, mas também em cantar no altar doméstico, em suas assembleias sociais e públicas, e em reuniões ao redor da mesa do Senhor, os mesmos cânticos sagrados. Nossa resposta às indagações que têm sido sugeridas tem, sem dúvida, já sido antecipada. Acreditamos firmemente que recebemos um manual de louvor naquela parte das Sagradas Escrituras, intitulada “O Livro dos Salmos”, e que por isso, devemos excluir todas as canções não inspiradas, e tê-lo numa tradução literal, para cantarmos na adoração de Deus. Para as razões que constituem os fundamentos de nossa fé nesta questão, remetemos o leitor à sequência deste volume. Podemos, todavia, pressupor algumas reflexões gerais. 1. Usando “O Livro dos Salmos” estamos em terreno seguro. É uma parte das Escrituras inspiradas: é claro, como outras partes do mesmo volume sagrado, redigidas pelo Espírito de Cristo (2Sm 23:2, 1Pe 1:11, 2Pe 1:21) e, como tal, deve ser imaculada em doutrina e reta em tom e espírito. É permanente. O que quer que a mudança no tempo e a variação no uso consequente da linguagem possam tornar necessário nas palavras de uma dada tradução, o Livro em si é uma porção da palavra de Deus que “permanece para sempre”. Enquanto outros sistemas de Salmodia –– as composições dos homens –– estão sempre mudando, este permanece para instruir e edificar os santos de Deus através de todas as gerações. Uma vez designado por Deus para ser cantado na celebração de Seu louvor, podemos agora empregar sua linguagem sem nenhuma apreensão de que Ele nos encontrará com o inquérito alarmante: “Quem tem exigido isto em suas mãos?”. 2. Defendendo o uso exclusivo de "O Livro dos Salmos", defendemos a causa da União Cristã. Bem sabemos, de fato, que a diversidade de julgamento e de prática nesta matéria não é a única ocasião e fonte de separação eclesiástica, mas é uma das raízes desta perniciosa poção. E, na medida em que a desunião se origina desta causa, como ela cessará? Sobre que base nos reuniremos? Não podemos ver outra senão a de uma Salmodia que apresenta esta grande afirmação – que é a dádiva reconhecida de Deus para os homens. Mesmo que fosse de outro jeito, que nos fosse permitido fazer cada um os seus próprios cânticos e cantá-los, certamente não poderíamos reivindicar o direito de impô-los sobre nossos irmãos ou obrigá-los a ficarem em silêncio em nossas assembleias religiosas! A concessão –– se tivesse que haver alguma concessão –– deveria, por todos os meios, vir daqueles que, no máximo, só podem reivindicar a permissão –– que nem mesmo professam, se nós os entendemos, possuir em seu favor instituição divina; que não podem afirmar, em qualquer avaliação, que suas composições carregam a impressão direta e inconfundível da autoridade de Cristo: uma impressão tão clara que aquele que se recusa a usá-las, limitando-se aos Salmos inspirados, é culpado de desprezar uma ordenança de Cristo. Aqui, então, está um fundamento comum, pois é bíblico, no qual, na medida em que uma grande e proeminente causa de divisão é concedida, podemos nos encontrar para harmonizar a situação. Esta consideração deveria, pensamos, endereçar-se com força peculiar às Igrejas que traçam sua origem até a igreja da Reforma nas ilhas britânicas. Nossos pais já foram unidos em cantar louvores a Deus nos Salmos da Bíblia. Por que seus descendentes, muitos deles, agora estão separados nesta questão de louvar a Deus? Pode haver apenas uma resposta. Pela introdução no culto de Deus de cânticos de constituição humana, ou de salmos que professam não ser mais do que “imitações” daqueles da Bíblia. Como, então, esta causa de separação e alienação deve ser removida? Pelo retorno universal à base única, definitiva, permanente e segura –– os Salmos redigidos pelo Espírito Santo. Estamos bem satisfeitos, pois nós não somos atribuíveis com o perpétuo cisma, porque aderimos em nossos louvores à própria matéria que nos é fornecida por Aquele cujos louvores celebramos. Mas já não existem, antes da Igreja, obras capazes e excelentes que defendem nossos pontos de vista a esse respeito? Existem. Reconhecemos com gratidão este fato. Mas ainda nos sentimos justificados em adicionar outro volume à lista. Estas obras são agora, em sua maioria, de difícil acesso, porque, principalmente, estão fora do mercado. Algumas delas estão na forma de críticas à dissertações. Outras obras que apresentarei defendem até composições humanas2. Outras delas são escritas, sabiamente, com um olho para as circunstâncias locais. Todas têm suas excelências peculiares, e pretendemos compilar, tanto quanto possível, em um volume. Nesta última observação, apontamos o caráter da seguinte obra –– é, em grande parte, uma compilação: e temos feito uso livre das observações de Tholuck na Introdução ao seu Comentário sobre os Salmos –– e temos citado alguns pontos, grandemente, das obras do Rev. Wm. Sommerville da Nova Escócia; do Dr. Pressly da cidade de Allegheny, do Sr. Gordon e do Dr. M'Master. As críticas em Cl 3.16 vêm da caneta do Dr. Cooper, desta cidade. Em todos os casos, nossas citações distinguem-se pelas marcas usualmente empregadas, enquanto temos introduzido, como foi julgado adequado, outros argumentos e 2 N.T. : O autor se refere às obras que apesar de não defenderem a Salmodia Exclusiva, ainda sim usam argumentos favoráveis para a posição do autor, demonstrando assim que até aqueles que tem uma posição diferente dele nessa questão, podem ter uma boa teologia favorável à ela. respostas à objeções não observadas ou não totalmente consideradas, de acordo com nossas opiniões, e de outros lugares. Também os elos de conexão necessários, por estes, o presidente do Comitê é o principal responsável. Completamente convencidos de que o assunto é um dos que eminentemente merecem investigação cuidadosa, recomendamos este esforço para reivindicar princípios que consideramos mais importantes para a pureza e unidade da igreja cristã, para o exame devoto e piedoso do cândido inquiridor na verdade e no dever, e para a benção d'Aquele que “habita entre os louvores de Israel”. OS SALMOS DA BÍBLIA, A MATÉRIA DO LOUVOR DA IGREJA. CAPÍTULO 1 O LIVRO DOS SALMOS É UM MANUAL COMPLETO DE LOUVOR. I. O livro de Salmos apresenta o delineamento mais abrangente das perfeições de Deus; e do caráter de seu governo. “Aqui...” nas palavras de Tholuck, “Deus é louvado, Aquele que, antes que as montanhas, a terra e o mundo tivessem sido criados, é de eternidade em eternidade –– que circunda suas criaturas, inquirindo em toda parte –– cuja presença não pode ser evitada, seja no céu acima, ou na profundidade abaixo –– de quem a escuridão não pode esconder – que reina como o Senhor onipotente, desde o princípio, nos céus –– que troveja em sua força ––, que conta o número das estrelas e as chama pelo nome; o que é bom para todos, tem compaixão de todas as suas obras, e dá comida aos jovens corvos que choram, que não se deleita na força do cavalo, nem na força nas pernas de um homem, mas aprecia os que O temem e esperam em Sua misericórdia, que, como um pai se compadece de seus filhos, se compadece daqueles que o temem, e não nos trata em conformidade com os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades. Quaisquer verdades e louvores podem ser ditos da sabedoria, eternidade, onipotência, santidade e misericórdia de Deus, são expressos nos Salmos, como nos Salmos 90, 91, 97, 33,103. 104 e 139. Aqui está uma piedade que, por um lado, se encontra cheia de louvor no cuidado de Deus, como no Salmo 119, e que, por outro, preserva-se num olho claro e aberto para a sua glória na natureza, diante de quem a declaração no livro da lei e no da natureza se mistura inteiramente (Salmo 19). Aqui temos o incessante louvor a Deus –– em dias sombrios e alegres, por misericórdias temporais e espirituais –– em toda variedade de tom e expressão. Os últimos salmos (147, 148 e 150) ecoam o clamor de todo o livro, ou, como o fim de uma longa corrente, convocam com o seu incessante "Louvado seja o Senhor" a Israel e toda a humanidade, as alturas, as profundezas e os espíritos celestiais para oferecer o sacrifício de seus louvores ao Senhor. Aqueles que aderem à opinião errônea (usando os Salmos 29, 104 e 145) de que o Deus de Israel era o Deus da nação somente nesse sentido, e que o povo creu, além Dele, em outras divindades pagãs, embora impotentes, poderiam obter visões mais corretas dos Salmos. “Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com inteligência. Deus reina sobre os gentios; Deus se assenta sobre o trono da sua santidade.” Salmos 47:7,8 “Com coisas tremendas em justiça nos responderás, ó Deus da nossa salvação; tu és a esperança de todas as extremidades da terra, e daqueles que estão longe sobre o mar.” Salmos 65:5 “Entre os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas. Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome. Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus.” Salmos 86:8-10 Contrastado com os deuses dos gentios, que são menos do que seus adoradores, que têm olhos e não veem, e ouvidos e não ouvem –– o Deus de Israel aparece como o Deus vivo, que governa o mundo, e isso, em justiça; que mantém o direito e a causa do inocente, e que está sentado como o justo Juiz (Salmo 9:5), que lança o ímpio em um buraco, e faz perecer o desejo deles (Salmo 7:17; 112:10), que preserva a alma dos seus santos, e os livra das mãos dos ímpios, (Salmo 97:10), Aquele que ouve o clamor dos justos (Salmo 34:18) e os livra de toda a angústia, e faz com que os seus olhos vejam o que eles desejam aos seus inimigos (Salmos 54:9), que faz prosperar o piedoso naquilo que pratica (Salmos 1:3). Resumindo, esses salmos expressam as verdades tão manifestas e importantes, que o governo do único Deus verdadeiro, até mesmo deste mundo que ele mesmo criou, é baseado na justiça –– que o mal é sempre condenado por suas leis inflexíveis –– que sua condenação mais cedo ou mais tarde será visível para todos no céu e na terra, enquanto para todos, “A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.” Salmos 97:11” 3 II. O Deus Vivo é louvado nestes Salmos, subsistindo em Três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Nós aqui adotamos a linguagem do Sr. Gordon. "Três pessoas em uma divindade, Pai, Filho e Espírito Santo, é o Deus a quem os salmos atribuem louvor. Se pudesse ser mostrado, que eles falavam apenas do Pai, e dEle obscuramente, seria uma objeção muito pesada contra colocá-los no culto cristão; pois o mistério glorioso da Trindade é mais claramente revelado a nós e deve entrar em nossos louvores. Mas nada é mais evidente do que isso, que o objeto de todas as suas atribuições é Três em um. Não se pode negar que eles empregam o nome Javé no mesmo sentido em que é usado em outras partes das Escrituras; e todo aquele que acredita na doutrina da Trindade admitirá que esse nome é aplicado a cada uma das Pessoas. Isso mostrará que uma Trindade de Pessoas é discernível nos Salmos. Mas nós encontramos cada uma das três Pessoas particularmente mencionadas: “Ele me chamará, dizendo: Tu és meu Pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação.” Salmo 89:26. Ao ler cuidadosamente o Salmo, parecerá que o orador neste versículo é Deus o Pai, a primeira pessoa da Trindade. A pessoa citada no Salmo é Davi. Deus mostrou grande misericórdia a Davi e conferiu-lhe muitas bençãos notáveis; Admiti-o a uma grande proximidade, e deu-lhe um caráter mui elevado, ele era um homem de acordo com o coração de Deus, mas será impossível encontrar uma aplicação adequada para tudo o que é dito aqui, em sua história. Muitas coisas são aqui ditas, que não podem ser predicadas de nenhuma criatura, em outras palavras: “A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono a todas as gerações” –– “Então tu falaste em visão ao teu Santo, e disseste: Eu dei auxílio a um que é poderoso –– Ele clamará, “Tu és o meu Pai” . Eu o farei meu primogênito, maior que os reis de qualquer terra. A sua semente, farei durar para sempre e o seu trono como os dias do céu.”. Mas para aquele que foi o Filho de Davi segundo a carne e que frequentemente é, nas Escrituras, chamado Davi, os salmos se aplicam com a maior propriedade, e dele falam. Aqui, então, o Pai e o Filho são mencionados. "No Salmo 47, o Espírito Santo clama para bradar com a voz do triunfo, e a razão pela qual ele atribui isso é que: “Deus subiu com júbilo, o Senhor subiu ao som de trombeta.”[verso 5] Então ele chama a igreja a clamar com entusiasmo: “Cantai louvores a Deus, cantai louvores; cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores. Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com inteligência. Deus reina sobre os gentios...” [versos 6-8A] Para nenhum outro evento além da ascensão e inauguração de Cristo ao seu trono, pode esta passagem ser possivelmente aplicada. Quando Deus, na natureza humana, é ascendido ao terceiro céu, em triunfo sobre seus inimigos, Ele subiu como Rei de toda a terra, pois todo poder tanto no céu como na terra foi dado em sua mão. E Ele foi por meio de uma relação especial, Rei da igreja. Ele subiu com o Seu direito de tomar posse dos pagãos como sua herança. Assim, toda circunstância concorda perfeitamente com essa descrição. E concluímos com plena convicção que Deus, é o Filho, encarnado, que está aqui recebendo o louvor da igreja. O mesmo evento 3 Tholuck's Commentaries on Psalms, pp. 33, 34. é descrito no salmo 68, do verso 18 ao fim, onde o solene louvor é oferecido a Cristo como Senhor. E a aplicação adequada desta passagem é estabelecida em Efésios 4:7. No Salmo 2, a filiação inefável é expressa: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.”[verso 7] (veja Hebreus 1:5) . No salmo 45, sua Deidade e a eternidade de seu reino são afirmadas:" O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo...[verso 6] (veja Hebreus 1:8). No Salmo 102, o poder de criador é atribuído ao Filho: “Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos.” [verso 25] (veja Heb. 1:10). No Salmo 51, o Espírito Santo é apresentado: " Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.”[verso 11]. No Salmos 104, o poder de criador é atribuído a Ele: "Envias o teu Espírito, e são criados..."[verso 30]. E no Salmo 139, somos ensinados a atribuir onisciência a Ele: “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?” [verso 7]4 III Os Salmos fornecem uma exposição completa e precisa do estado natural e do caráter do homem diante de Deus, e em contraste com Sua inefável majestade e santidade: Assim, resumindo pelo mesmo eminente escritor de quem já citamos: "Nossa compreensão da majestade e da santidade de Deus deve ser acompanhada por uma sensação de nosso próprio pecado e de que somos nada." O salmista, de acordo com a afirmação em Gênesis, fala do homem como feito pouco menor do que Deus ( como dizia Lutero), que Deus colocou todas as coisas sob seus pés e gloria-se no fato de que o homem, embora externamente mais desamparado do que qualquer outra criatura, em virtude de sua alma semelhante à divina, exerce o governo da natureza. (Salmo 8) No entanto, quão defeituoso é esse domínio no presente! (veja Salmos 8:7) Quão pequena é a manifestação dessa dignidade, e a capacidade que o homem certamente possui, quão limitada e humilhante é sua atual existência corpórea, o quão é exposto ao acidente e como cedo ela é destruída! Assim, então, Davi diz: “Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó. Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce. Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido.” (Salmos 103:14-16) “Certamente que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens de ordem elevada são mentira; pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que a vaidade.” (Salmos 62:9) E no oitavo Salmo, que celebra a dignidade do homem, ele exclama, na contemplação da infinita grandeza de Deus em suas obras, “Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?” [verso 4] Logo, os Salmos falam da impotência e finitude do homem. Assim, nossa condição perecível não é de modo algum a barreira necessária e absoluta da existência criada, mas o efeito da discórdia interna originada pelo pecado. Ela manifesta "a ira de Deus por causa do pecado" (cf. Sl. 90:7-9). Os autores dos Salmos estão tão vivos para um sentimento de culpa, que a voz de sua consciência é audível em meio a todas as provações ocasionais, tristezas da vida e os danos perpetrados pelos inimigos, e eles reconhecem a justiça dos castigos divinos. (Ad. Sl 38:21; 141:5) Eles sentem que não têm direito à recepção das bênçãos Divinas sem a confissão de sua indignidade. O exultante cântico de louvor da primavera no Salmo 65 é precedido por uma confissão de pecado. Eles reconhecem que, se Deus entrasse em juízo com o homem e marcasse suas iniquidades, ninguém poderia estar diante dele; (Sl 130:3; 143:2; cf. 1 Reis 8:46; Ec 7:21; Jó 9: 2; 14:4; 15:14-16) e que o pecado inconsciente, considerado como uma condição que aparentemente contradiz o tipo de humano original, puro e santo, precisa do perdão divino, e que a pecaminosidade não entra em nossa natureza por imitação de fora, mas que está em nós desde os primeiros estágios de nossa existência. (Salmo 51:7). Longe 4 Alexander Gordon's "Design and Use of the Book of Psalms," Phila. 1822. O Sr. Gordon era pastor da igreja: Associate Presbyterian congregation, em Guinston. de buscar uma base para a justificação em nossa depravação nativa, Davi fez essa confissão para indicar a sinceridade de seu arrependimento e mostrar que estava ciente da completa extensão de sua culpa. Quão grande é a evidência da profundeza da percepção do pecado é fornecida em expressões de dor e peso como as do Salmo 32:3: "Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia.” Enquanto a razão natural fala apenas de transgressões contra a lei moral ou contra o homem, e por causa disso permanece tão fria na comissão do pecado, toda transgressão é considerada nos Salmos como uma transgressão contra a Palavra Divina e o Deus vivo, cuja vontade dá origem a lei moral. “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” Salmos 119:11. Consciente de sua maior ofensa contra o homem, ele clama: “Contra ti, somente contra ti, eu pequei” corretamente percebendo que o elemento mais ofensivo do pecado é sua invasão sobre a lei Divina e a prova da separação intencional do homem e de sua oposição a Deus. Onde se encontra uma confissão mais tocante de uma consciência condenada pela culpa do que em Salmos 32:3-4? “Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio” Os salmistas falam ocasionalmente de inocência e pureza de suas mãos (Sl 7:9; 18: 21-26; 17: 3; 26: 2-6; 41:13), mas as observações precedentes mostram claramente que elas se referem não a absoluta integridade diante de Deus, mas sim à sua falta de culpa para com o homem. No Salmo 38, a experiência da aflição desperta um sentimento doloroso de culpa em Davi e, no entanto, ele expressa a consciência de sua inocência. Ele diz (Sl 69:4): “Aqueles que me odeiam sem causa são mais do que os cabelos da minha cabeça” e então acrescenta: Tu, ó Deus, bem conheces a minha estultice; e os meus pecados não te são encobertos.”[verso 5] (Compare Salmo 25, versículos 7, 11, 18, com os versículos 19-21 e Salmo 41:5, com o versículo 13.) A afirmação de sua pureza no Salmo 17: 3-4, é precedida com o versículo 2 que diz: “Saia a minha sentença de diante do teu rosto; atendam os teus olhos à razão.” . É incontestavelmente claro a partir do Salmo 7: 3-5, que quando Davi diz no verso 8: “julga-me, Senhor, conforme a minha justiça, e conforme a integridade que há em mim.”, que ele se refere a justiça e integridade em relação a acusações específicas. E se esse não fosse o caso, não poderia um homem, embora nos assegure a sinceridade de sua piedade, estar ao mesmo tempo consciente de suas falhas diárias e das diversas culpas? Tal sinceridade se manifesta quando nos deleitamos nos mandamentos de Deus e nos esforçamos para obedecê-los; embora a superação de obstáculos constitua as atividades desta vida. Quem teria esperado uma confissão de pecado (Sl 40:12), após a descrição de um coração tão completamente resignado à vontade de Deus, como aquilo que o precede? O mesmo Asafe, que declara que Deus é minha confiança e porção, não está longe de se juntar a injúria dos ímpios, 'que afirmam que não há Deus justo no céu' (Sl 73). Com que frequência ocorrem expressões como estas: 'Eu guardarei os teus estatutos, não me esquecerei da tua palavra' no Salmo 119; mas isso não impede que Davi ore: “Sirva pois a tua benignidade para me consolar” (Sl 119: 76). Deve-se notar que, por mais que os salmistas se refiram à sua integridade, eles nunca exigem, mas suplicam por socorro e libertação nas mãos do Deus justo. Eles esperam em nome pelo qual o Senhor se nomeou, “O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade” (Êxodo 34:6) (Salmos 31:4; 40:12; 69:30: 119:77; 41: 4; 25:11 ; 52:11; 79:9; 103:8 ; 145:8)5 5 Toluck's Introd., pp. 37-39. VI Os Salmos estão cheios de Cristo Como isso é um fato vital para o nosso argumento, entramos um pouco nos detalhes, pois os Salmos exibem nosso Salvador: (1) Em Sua Pessoa, encarnação e exaltação. Empregamos as palavras de Sommerville: "Quando o apóstolo dos gentios ensinara aos hebreus a superioridade de Cristo a todos os anjos –– que ele é ... “Deus sobre todos, abençoado para sempre", o objeto de adoração no céu e na terra, ele apela quase exclusivamente para o Livro dos Salmos. De sete citações, no primeiro capítulo da epístola aos Hebreus, do Antigo Testamento, seis são dos Salmos de Davi; e alguns supõem que a sétima é do mesmo livro. Para mostrar a sujeição necessária da encarnação de Cristo para a obra da redenção, ele se refere ao Livro dos Salmos, em três casos de quatro. (Hebreus cap. 1- 2). Para provar a alegação suprema do Messias, como profeta e legislador, em comparação com o próprio Moisés, Paulo cita os Salmos. (Heb. 3-4;1-13). Quando ele mostra a origem divina, a dignidade, a eficiência, a permanência do sacerdócio de Cristo, sua superioridade, tanto no sacrifício como na intercessão, em comparação com o de Arão, ele se volta para os Salmos. (Heb. cap. 4-5) Quando ele apresenta a doutrina de sua ascensão para a mão direita do Pai, e sua investidura com autoridade universal, ele mostra que o mesmo é ensinado no Livro dos Salmos (Romanos 15:25-28; Hebreus 2:8-9.)” 6 (2) Em todos Seus Ofícios: "Como Deus-homem, ele sustenta um ofício tríplice, a saber, de um profeta, de um sacerdote e de um rei. Como profeta ele ensina a igreja e conduz seus irmãos ao conhecimento do nome de Deus, isto é, de quem Deus é, o que ele fez e o que ele fará no devido tempo, e essas questões compreendem tudo o que sempre foi ou será revelado das perfeições e propósitos de Deus. No Salmo 22, no versículo 22, ele declara seu propósito e inclinação para esta grande obra: “Então declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.” No salmo 40, versículos 9 e 10, ele fala desta obra como já realizada: “Preguei a justiça na grande congregação; eis que não retive os meus lábios, Senhor, tu o sabes. Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; apregoei a tua fidelidade e a tua salvação. Não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade.” É evidente que é a mesma pessoa que fala nos versículos anteriores; e todos podem estar convencidos de que é Cristo quem fala, e isto é provado quando lemos do versículo 5 até o 9, e inclusive, o décimo capítulo do livro de Hebreus. De seu sacerdócio, temos um relato muito particular, no Salmo 110, versículo 4: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.” No Salmo 40:7-8, nós o encontramos entrando na execução deste ofício: “Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.” Em contemplação de seu combate com os poderes das trevas, e sua resistência da punição dos pecados que ele havia tomado sobre si mesmo, ele orou no restante do Salmo por assistência Divina. E enquanto empenhado em apresentar sua única oferta, através do Espírito eterno, imaculado para Deus, seus pensamentos e sentimentos são expressos de uma maneira mais comovente, no Salmo 22; e no Salmo 31, temos as próprias palavras com as quais ele derramou sua alma até a morte: “Em tuas mãos entrego o meu espírito” (versículo 5). Sua unção o separou também para o ofício de rei da igreja, e cabeça de todas as coisas. No segundo Salmo, no versículo 6, isto é particularmente mencionado: “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte 6 Sommerville on Psalmody, pp. 107-108, ed. 1858. de Sião.” No salmo 45 e 89, encontramos a perpetuidade de seu trono e reino: "Teu trono, Deus, é para todo o sempre" –– "Sua semente e trono permanecerão como os dias do céu". No mesmo, salmo 45, e também no 72, temos a natureza de seu governo descrito: “O cetro do teu reino é um cetro justo” –– “Ele julgará o povo com justiça e os pobres com equidade”. No salmo 16, versículos 10, sua ressurreição dos mortos é celebrada; aonde ele surgiu como um poderoso conquistador sobre a morte e aquele que tinha o poder sobre ela: “Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (Atos 2:27- 31). Sua ascensão triunfante no terceiro céu, que já vimos, é celebrada no Salmo 47: Deus subiu com júbilo, o Senhor subiu ao som de trombeta.”[versículo 5]; e no Salmo 68: Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles.”[versículo 18]. O triunfo com o qual ele foi recebido no paraíso, é expresso no Salmo 24, nos versículos 9 e 10: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)” No início do Salmo 110, o salmista fala do seu apossamento: “Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.” (Hebreus 10:12-13) A autoridade universal que ele exercerá, até o período em que sua ira se acenderá contra seus inimigos e os incendiará no inferno mais baixo, é descrita nos salmos 2 e 8, que são comparados com Hebreus 2: 6, 7 e 8." 7 (3) Em Seu afeto e compaixão, e em Sua fidelidade e constância. Ele é o "pastor", compassivo e generoso (Sl 23 e 80). O guardião Todo-Poderoso e vigilante, (Sl 121) O fiel e gracioso recompensador (Sl 18). Mais fiel e constante que pai ou mãe, (Sl. 27) O destino certo do crente, e dos remidos e glorificados (Sl 16, 73, 119). (4) Nos extensos triunfos do Seu Evangelho e Reino. Assim, quando o apóstolo Paulo traça o estabelecimento de um ministério, e etc, na igreja para a "edificação do corpo de Cristo", ele cita (cap. 18), do Livro dos Salmos. Quando ele confirma o direito dos gentios ao Evangelho e seus privilégios, ele recorre novamente ao Livro dos Salmos: "Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais; E para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito8:Portanto eu te louvarei entre os gentios, E cantarei ao teu nome. E outra vez: Louvai ao Senhor, todos os gentios, E celebrai- o todos os povos. (Romanos 15:8, 9, 11)9 Não menos claro, os Salmos exibem: "A submissão de seus inimigos, implicando a confusão da política de Satanás e a destruição de seu reino; com todos os interesses que são pendurados sobre ele, como: a idolatria pagã, a superstição papista e a ilusão de Maomé. E a extensão do reino de Cristo, que implica a difusão do conhecimento do Evangelho, pelos vários meios de graça; a conversão dos judeus e das nações gentias à verdadeira religião. (Para realizar tudo isso, temos razão para esperar um abundante derramamento do Espírito Santo.) Um esboço de todos esses grandes eventos está maravilhosamente profetizado no Salmo 72. Isso se aplica realmente a Salomão e seu reino, como tipos; mas aplica-se verdadeira e propriamente a Cristo e seu reino. “Ele julgará ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juízo.” [versículo 2] “Julgará os aflitos do povo, salvará os filhos do necessitado, e quebrantará o opressor.” [versículo 4] Tal é o caráter da Sua administração. “Ele descerá como chuva sobre a erva ceifada, como os chuveiros que umedecem a terra.” 7 Gordon, pp. 38-41. 8 Ênfase do autor 9 Sommerville, p. 109. [versículo 6] Tais são as abundantes influências do seu Espírito Santo. “Dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra. Aqueles que habitam no deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos lamberão o pó. Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes; os reis de Sabá e de Seba oferecerão dons.” [versículo 8, 9 e 10] Sim, todos os reis cairão diante dele; todas as nações o servirão. “E viverá, e se lhe dará do ouro de Sabá; e continuamente se fará por ele oração; e todos os dias o bendirão.” [versículo 15] Tal será a extensão e prosperidade do seu reino. “Haverá um punhado de trigo na terra sobre as cabeças dos montes; o seu fruto se moverá como o Líbano, e os da cidade florescerão como a erva da terra.” [versículo 16] Tal será o glorioso sucesso do Evangelho eterno, pelo qual a semente imortal da palavra será semeada, até que "todas as nações o chamem de bem- aventurado"[versículo 17] e "toda a terra se encherá da sua glória" [versículo 19], que é o mais alto e último desejo de Davi, filho de Jessé, e de todos os verdadeiros cristãos ".10 (5) Nos eventos particulares mais importantes de Sua vida. O seguinte material selecionado foi do rev. Sommerville: '' Primeiro: A rejeição de Cristo pelos doutores judeus. “A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. Da parte do Senhor se fez isto; maravilhoso é aos nossos olhos.” A aplicação dessas palavras é feita pelo próprio Jesus e duas vezes por Pedro. Compare Matt. 21:42; Atos 4:11; 1 Pe. 2:7-8, com o Salmo 118:22-23. Segundo: As circunstâncias de sua entrada pública em Jerusalém são declaradas no espírito de profecia. “Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.” O Salvador indica a aplicação dessas palavras. Ele entra em Jerusalém, sentado num jumento, assistido por uma multidão, alguns espalhando suas vestes no caminho, alguns espalhando ramos, proclamando: “Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” e Ele expõe sua autoridade como Filho sobre sua própria casa, expulsando do templo aqueles que haviam convertido a residência de seu Pai em um lugar de mercadoria. “Vendo, então, os principais dos sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se, e disseram- lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” Os sacerdotes e escribas estão em silêncio. O inimigo e vingador é calado. Compare Salmos 8:2 com Mateus 21:5-16. Terceiro: Nos Salmos, a combinação de todas as nações contra o Salvador é revelada. “Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.” E aprendemos sobre a visão dos discípulos a respeito dessa passagem das seguintes palavras: “Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.” Salmos 2:2-3 comparado com Atos 4:26-28 10 Gordon, pp. 48-49. Quarto: A divisão das vestes de Cristo quando ele está sendo crucificado, com o modo particular pelo qual a sua capa sem emenda foi descartada, é colocada diante de nós no Livro dos Salmos. “Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa.” [Salmos 22:18] Quão literalmente isso foi confirmado no Homem de Nazaré! Tão literal foi a realização, que nenhum homem pode duvidar que o Messias fala no vigésimo segundo Salmo, pela boca de Davi. Como as palavras do Filho de Davi, foram então recebidas do Evangelista. “Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será. Para que se cumprisse a Escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, E sobre a minha vestidura lançaram sortes. Os soldados, pois, fizeram estas coisas.” (João 19:23-24) Quinto: Os judeus leram e cantaram nos Salmos a expressão comovente do Salvador de seu senso de deserção, na hora em que os poderes das trevas foram liberados, e sua expressão de confiança íntima quando estavam prestes a entregar seu espírito. “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste ” (Salmos 22:1), “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito” (Salmos 31:5), compare com Mateus 27:46 e Lucas 23:46.11 Em todos esses detalhes, fornecemos apenas alguns exemplos com o propósito de mostrar quão abrangente é a visão apresentada por este manual inspirado da Pessoa, dos ofícios, das obras, da vida e dos triunfos do Redentor e Rei da Igreja: o suficiente para satisfazer o atencioso e sincero argumento de que não precisamos cantar de Cristo, e celebrar sua obra de mediação, ultrapassando os seus limites. V. Os Salmos contêm o fundo mais rico da experiência cristã. Eles abundam, como já vimos, em reconhecimentos da insignificância percebida do homem. Também encontramos neles, confissões de pecado com o corações arrependidos, em sua culpa, corrupção e poder (Salmos 51, 19, 32, 130 e etc), a mais sincera súplica pelo perdão (Sl 30), essas orações dirigidas a Deus como um Deus misericordioso, e na dependência do "sangue da aspersão" (Salmos 51, 32 e etc.), um profundo e permanente sentido de necessidade absoluta do ensino divino e da ajuda do Espírito de Cristo (Sl 30, 51 e 139), ardentes desejos espirituais e afetos (Sl 43, 44, 63, 73, 119), a fé inabalável, às vezes em conflito com a incredulidade remanescente (Sal. 3, 4 e etc), e gratidão e ação de graças em quase todas as páginas: as esperanças de bem-aventurança celestial, (Sl. 14 e 73) interesse profundo no bem-estar da Igreja, de amigos, de irmãos e da humanidade, (Sl 122, 35, 94, 95, 119 e etc.) o dever e os alegres resultados da verdadeira unidade cristã, (Sal. 122 e 133) as antecipações alegres da glória e paz milenar, extensão e prosperidade da igreja (Sl 72, 94 e etc.), adoração em louvores é encontrada em todos os lugares ao longo dos Salmos, subindo para as mais elevadas tensões, (Sl. 149 e 150) e em alta honra da palavra de Deus, e devoto reconhecimento de Sua lei, em sua extensão, pureza, espiritualidade e obrigação (Sl 19. 25 e 119) Tal é o Livro dos Salmos, e mais que isso. Essa também tem sido a estimativa feita pelos cristãos mais eminentes e professores cristãos, antigos e modernos. Nós fornecemos algumas de suas declarações: 11 Sommerville, pp. 109-112. Crisóstomo diz: "A graça do Espírito Santo ordenou que os Salmos de Davi fossem recitados e cantados noite e dia. Nas vigílias da Igreja –– pela manhã –– nas solenidades dos funerais –– o primeiro, o meio e por último, é de Davi. Em casas particulares, onde as virgens andam –– nos mosteiros –– nos desertos, onde os homens conversam com Deus –– o primeiro, o meio e o último, é de Davi. De noite, quando os homens dormem, Ele os acorda para cantar; e reunindo os servos de Deus em tropas angélicas, transforma a terra em céu e dos homens faz anjos, cantando os salmos de Davi.” Atanásio, bispo de Alexandria, no quarto século, diz: "Eles me parecem um espelho da alma de todo aquele que os canta; eles o capacitam a perceber suas próprias emoções e a expressá-las nas palavras dos Salmos. Quem os ouve em sua leitura, recebe-os como se fossem falados para si mesmo. Consciente então, ele humildemente se arrepende, ou ouvindo como a confiança dos crentes foi recompensada por Deus, alegrar-se como se sua misericórdia lhe fosse prometida em particular, e começar a agradecer a Deus. Sim, em suas páginas você encontra retratado toda a vida do homem, a emoção de sua alma e os quadros de sua mente. Não podemos conceber algo mais rico do que o Livro dos Salmos. Se você precisa de penitência, se a angústia ou a tentação lhe sobrevieram, se você escapou da perseguição e opressão, ou está imerso em profunda aflição, com relação a cada um e a todos você pode encontrar instrução, e declarar isto a Deus nas palavras do Saltério!” Acrescentemos então Ambrósio, o piedoso bispo de Milão, no quarto século, que disse: "A lei instrui, a história informa, as profecias predizem, a correção censura, a moral exorta, no Livro dos Salmos você encontra também o fruto de todas essas coisas, como também um remédio para a salvação da alma. O Saltério merece ser chamado de louvor de Deus, a glória do homem, a voz da Igreja e a mais benéfica confissão de fé. Os Salmos ensinam-me a evitar o pecado e desaprender a minha vergonha do arrependimento. Nos Salmos, o prazer e a instrução competem entre si, cantamos para o prazer e lemos para a instrução.” Agostinho relata com profundo sentimento, em suas Confissões, que tesouro os Salmos eram para ele no momento de sua conversão: "Como eu então", diz ele ao se dirigir a Deus, "conversava contigo quando eu lia os Salmos de Davi, aquelas canções cheias de fé, aquelas ênfases que excluem todo o orgulho! Como eu me dirigi a ti naqueles Salmos, como eles acenderam meu amor a ti, como eles me animaram, para como se possível, lê-los para o mundo inteiro como um protesto contra o orgulho da raça humana. E ainda assim eles são cantados em todo o mundo, nada é escondido do seu calor.12 Quão violenta foi minha indignação contra os maniqueus (a seita herética, que rejeitava inteiramente o Antigo Testamento), e ainda assim sentia piedade por não conhecerem aquelas riquezas sagradas, aqueles remédios e sua fúria contra o antídoto que poderia tê-los curado. Gostaria que tivessem estado ao meu lado –– mas sem eu perceber –– para contemplarem meu semblante e ouvirem minha voz, quando leio o quarto Salmo –– que bênção seria isso para mim! Oh, que eles pudessem ter ouvido –– mas sem o meu conhecimento de estarem ouvindo (para que não imaginassem que eu estivesse falando por causa deles) –– o que eu disse a ti por ocasião dessas palavras.” Ele então declara com profunda emoção o que passou em sua alma na leitura de cada verso separado daquele Salmo. As palavras do precioso Prefácio de Lutero para o Saltério são bem conhecidas. Nós retiramos dele o seguinte trecho: "O coração humano é como um vaso em um mar tempestuoso, lançado para lá e para cá pelas tempestades das quatro partes do mundo. Medo e o cuidado do futuro acidente está rugindo aqui, dor e tristeza por conta do mal está presente lá. Esperança e coragem, respeitando a felicidade futura, estão soprando aqui; enquanto certeza e alegria por causa do bem presente estão repercutindo de lá. Tais tempestades ensinam alguém a ser 12 Que bela alusão do Salmo 19:7 sincero a abrir e a despejar o seu próprio coração. Aquele que está com medo e com dificuldade fala de outro modo sobre adversidades do que aquele que vive com alegria; e aquele que vive com alegria em outro modo sobre a alegria do que aquele que vive com medo. Não vem do coração (dizem) quando alguém triste tenta rir e ou alguém feliz tenta chorar; isto é, seu coração não está aberto nem despejado. Mas o que você mais acha nos Salmos? Discurso zeloso em todos os tipos de tempestades. Onde você pode encontrar expressões mais apropriadas de alegria do que nos Salmos de louvor e ação de graças? Você olha direto para o coração dos santos, como para os jardins bons e agradáveis ou para o próprio céu, e vê flores lindas, risonhas e delicadas como todos os modos de pensamentos justos e alegres em direção a Deus e seu amor saltando vigorosamente para a vida. Mais uma vez, onde você pode encontrar palavras de dor mais profundas, queixosas e miseráveis do que nos Salmos de lamentação? Mais uma vez, você olha para o coração dos santos como na morte ou no inferno. Quão sombrias e escuras suas tristes visões de Deus! Então, novamente, quando os salmos falam de medo e esperança, eles abundam em palavras tão significativas, que nenhum pintor poderia assim retratar, nem Cícero ou qualquer orador poderia descrevê-los. Vamos agora ouvir Calvino. No Prefácio de sua Exposição dos Salmos, ele menciona com seriedade piedosa a bênção que ele mesmo derivou de estar engajado nessa obra, e a ajuda com a qual sua própria experiência, tanto temporal quanto espiritual, o forneceu na Exposição dos Salmos na Bíblia. Mas deixe que ele fale por si mesmo: "Se a leitura de meus Comentários render à Igreja de Deus tantas bênçãos como a preparação deles me confere, nunca me arrependerei de ter empreendido esta tarefa." "Não sem boas razões, eu costumava chamar este livro de uma anatomia de todas as partes da alma, já que ninguém pode experimentar emoções, cujo retrato não pode se ver refletido em seu espelho. Sim, o Espírito Santo descreveu da maneira mais vívida todas as espécies de dor, aflição, medo, dúvida, esperança, cuidado, ansiedade e emoção turbulenta, através das quais os corações dos homens são perseguidos. Outras partes das Escrituras contêm mandamentos cuja transmissão o Senhor ordenou aos seus servos; mas nos Salmos, os Profetas comungando com Deus e descobrindo seus sentimentos mais íntimos, convocam e exortam a todo leitor a se auto examinar a tal grau, das numerosas enfermidades às quais somos responsáveis, e das muitas falhas que nos oprimem, nenhuma delas permanece oculta. Quão grande e raro é –– novamente –– para o coração humano ser assim expulso de todos os seus esconderijos, libertado da hipocrisia (o mais temeroso dos vícios) e exposto à luz. Por fim, se invocar Deus é o meio mais seguro de nossa salvação –– se direções melhores e mais confiáveis do que aquelas contidas no Livro dos Salmos não podem ser obtidas, então todo aquele que lê este livro alcançou uma parte essencial da doutrina divina. A oração sincera se origina em nosso senso de necessidade; depois em nossa fé nas promessas divinas. O leitor dos Salmos encontra-se ao mesmo tempo excitado para sentir sua miséria e exortado para procurar seu remédio. Você não pode ler em qualquer lugar louvores mais gloriosos da graça peculiar de Deus em relação à sua Igreja ou de Suas obras; você não pode encontrar em qualquer lugar tal enumeração das libertações ou louvores do homem pelas gloriosas provas de Seu cuidado paternal por nós, ou uma representação mais perfeita para louvá-Lo seriamente, ou exortações mais fervorosas para cumprimento desse sagrado dever. Mas, por mais rico que o livro possa provar em todos esses aspectos, que nos sirva para uma vida santa, piedosa e justa, sua principal lição é como devemos carregar a cruz e dar a verdadeira evidência de nossa obediência, separando-nos de nossas afeições , para nos submetermos a Deus, para que a nossa vida seja totalmente guiada pela vontade dele, de modo que a mais amarga provação, que Ele envia, pareça doce para nós. Finalmente, não somente a bondade de Deus é louvada em termos gerais para assegurar nossa perfeita resignação a ele, e esperar seu auxílio em todos os momentos de necessidade, mas o livre perdão dos nossos pecados –– o único que pode afetar nossa paz de consciência e reconciliação a Deus, em particular, é tão fortemente recomendado, que não há nada que faça falta no conhecimento da vida eterna.”13 O próprio Tholuck diz: "Quem pode permanecer intocado ao ouvir as palavras de Davi no início do Salmo de Ação de Graças, que ele cantou no final de sua vida, e que pode ser considerado como o resultado de sua experiência de vida? “Eu te amarei, ó SENHOR, fortaleza minha.” (Salmos 18:1), “A minha alma disse ao Senhor: Tu és o meu Senhor” (Salmos 16:2), Nenhum cristão poderia descrever em linguagem mais doce a paz da recolocação do que achamos nos Salmos 16, 23, 103, 73, 26, 27, 71: 14-24 e etc. O quão alegre deve ter sido a comunhão daqueles que dizem: “Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas. Eles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias; Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.” (Salmos 36:7-9), “Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos fartos da bondade da tua casa e do teu santo templo.” (Salmos 65:4) “Porque a tua benignidade é melhor do que a vida [...] Quando me lembrar de ti na minha cama, e meditar em ti nas vigílias da noite. (Salmos 63:3, 6)14 Acrescentamos o conhecido testemunho do eminente Edwards: “O óleo que foi usado na unção de Davi era um tipo do Espírito de Deus; e o tipo e o antítipo foram dados juntos, como é nos dito em 1 Sam. 16:13: “Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi...”. Uma maneira em que seu Espírito o influenciou, foi inspirando-o a mostrar Cristo e as coisas gloriosas de sua redenção em cânticos divinos, expressando docemente os sopros de uma alma piedosa, cheios da admiração das coisas gloriosas do Redentor, inflamado com amor divino e louvor elevado, e portanto, ele é chamado de suave salmista de Israel, 2 Sam. 23:1. Os temas principais dessas canções eram as coisas gloriosas do evangelho, como é evidente pela interpretação que é frequentemente colocada sobre elas, e o uso que é feito delas no Novo Testamento, pois não há um livro do Antigo Testamento que seja tão frequentemente citado no Novo, como o livro dos Salmos. Com alegria, este homem santo cantou as grandes coisas da redenção de Cristo, que haviam sido a esperança e a expectativa da igreja e do povo de Deus desde o princípio –– e com alegria outros o seguiram, como Asafe, Hemã e outros. Aqui se fala de Cristo –– em multidões de canções, falando de sua encarnação, vida, morte, ressurreição, ascensão ao céu, sua satisfação, intercessão; seu ofício profético, real e sacerdotal; seus gloriosos benefícios nesta vida e no que está por vir, sua união com a igreja e a bem-aventurança da igreja nele, seu chamado aos gentios, a futura glória da igreja perto do fim do mundo, e a vinda de Cristo ao julgamento final. Todas estas coisas, e muitas outras mais, concernentes a Cristo e sua redenção, são abundantemente mencionadas no livro dos Salmos ”. "Este foi um avanço glorioso do assunto da redenção, Deus, assim, deu a sua igreja um livro de cânticos divinos para seu uso na parte de seu culto público, a saber, cantando seu louvor em todas as eras até o fim do mundo. É manifesto que o livro dos Salmos foi dado por Deus para esse fim. Foi usado na igreja de Israel pela designação de Deus. E nós constatamos que o mesmo é designado no Novo Testamento para ser usado na igreja cristã, em sua adoração: “... em salmos, e hinos, e cânticos espirituais” (Efésios 5:19 e Colossenses 3:16), assim, eles foram e serão, até o fim do mundo, usados na igreja para celebrar os louvores de Deus. " 13 Tholuck's Com., pp. 5-9. 14 Ibid p. 39-40 " Os Salmos de Davi foram escritos para o uso da Igreja de Deus em seu culto público, não só naqueles tempos, mas em outras eras; como sendo apto a expressar a religião de todos os santos, em todas as eras, bem como a religião do salmista. " "Eles nos apresentam a religião", diz o bispo Horne, "em sua vestimenta mais envolvente; comunicando verdades que a filosofia jamais poderia investigar, num estilo que a poesia jamais pode igualar; enquanto a história é feita como veículo de profecia e a criação empresta encantos para pintar as glórias da redenção ". O que mais a Igreja requere? Nestes salmos da Bíblia podemos celebrar as gloriosas perfeições de nosso Deus e seu domínio justo e benevolente sobre a terra e os céus: podemos expressar nossas mais humildes e evangélicas convicções de insignificância e indignidade, em contraste com a majestade inefável, a pureza imaculada, a infinita justiça de Jeová. Podemos contemplar nesses cânticos inspirados, e magnificar a Pessoa, obra, graça e plenitude de Jesus Cristo: estamos aqui providos de linguagem para expressar os mais humildes, como também os afetos graciosos mais amplos e elevados. Estamos aqui fornecidos de orações e argumentos para fazer valer nossas petições, adequadas a todas as emergências e julgamentos. Enquanto cantamos esses Salmos, podemos antecipar com certeza as futuras libertações, triunfos, prosperidade e extensão universal da Igreja de Cristo na terra, com toda a subjugação ou ruína absoluta de seus inimigos, e assim prevemos com alegria e louvor, a questão gloriosa da dispensação da misericórdia, no estabelecimento final do domínio mediador até os confins da terra; avançando ao juízo final e às glórias invisíveis do estado celestial e da bem-aventurança eterna dos remidos de Deus. Por que, então, iremos ter qualquer outro livro de salmos ou hinos? E não deveria o fato de que tal livro, tão completo e perfeito, tenha sido dado à Igreja, vá tão longe em nos satisfazer que nenhum outro manual de louvor jamais tenha superado isso –– que nenhum livro possa tomar seu lugar, ou com a aprovação de Deus, entra em competição com ele? CAPÍTULO 2 O LIVRO DOS SALMOS TEM O SELO DA NOMEAÇÃO DIVINA, QUE NENHUM OUTRO TEM. I. Estes Salmos têm o selo da nomeação Divina. Damos o argumento e a história da ordenança de louvor nas palavras do Dr. Pressly: '' Se puder ser feito parecer para a satisfação do leitor, que as canções contidas no livro de Salmos foram dadas à igreja para ser usada para celebrar o louvor de Deus, então será admitido que o ponto em disputa está resolvido, pois, com todos os que recebem a Bíblia como regra de fé, tornasse um princípio recebido que, na adoração de Deus, a designação divina é o nosso guia. Que evidência temos, então, de que os salmos, hinos e cânticos contidos no livro dos Salmos foram designados por Deus para serem usados na celebração de seu louvor? A inspiração divina do livro de Salmos, será admitida por todos os que estão interessados na presente discussão. Embora deva ser confessado que a linguagem é às vezes empregada por aqueles que defendem o uso de hinos, em relação àquelas canções divinas contidas no livro dos Salmos, que é totalmente inconsistente com a reverência que é devida à Palavra de Deus, e que parece indicar, que na realidade eles são considerados como as produções da mera capacidade humana. Os que denominam alguns desses hinos sagrados de "salmos malditos" e representam o salmista como dando vazão a sentimentos de malevolência para com seus inimigos pessoais, certamente não o consideram como alguém de cuja boca o Espírito Santo falou. Mas por mais que alguns homens tenham falado de forma desacautelada e irreverente desses cânticos divinos, todos os que crerem na inspiração das Escrituras admitirão que o livro dos Salmos é a Palavra de Deus e é em comum com outras partes da Bíblia, a regra de fé e prática. Mas enquanto o livro de Salmos é uma revelação de Deus e é em comum com o resto dos Oráculos vivos, proveitoso para instrução em retidão, é também proveitoso especialmente como contendo matéria adaptada para um propósito particular. Neste livro, os altos louvores de nosso Deus são celebrados pelo Espírito divino que "perscruta todas as coisas, sim, as profundezas de Deus" [cf. 1 Cor. 2:10] e, portanto, esses cânticos são proveitosos para a igreja especialmente, com o propósito de louvar a Deus, que é um fim para o qual algumas outras partes da revelação divina não são apropriadas. Cada coisa contida no volume sagrado é útil para a igreja de Deus, mas algumas partes da Palavra revelada são mais apropriadas para um propósito, enquanto outras são mais especialmente apropriadas para outro. E o livro dos Salmos é apropriado para a edificação da igreja de Deus, especialmente como matéria fornecedora adequada para ser empregada no canto do louvor de Deus. Que essas canções foram dadas à igreja para serem cantadas na adoração de Deus, é evidente pelo caráter peculiar de sua matéria: os títulos pelos quais o Espírito Santo os designa e do uso que foi originalmente feito deles pela igreja de Deus. A questão desses cânticos divinos é peculiar e indica o fim específico para o qual foram destinados. Aqui15, a glória de Jeová é celebrada nas mais sublimes correntes da poesia oriental, como se mostra nas obras da criação e da redenção. A igreja é provida de matéria adequada para louvar a Deus, por sua bondade, sabedoria, poder, amor e misericórdia, manifestos na salvação do homem, na preservação da igreja e no governo do mundo. Como, então, o caráter peculiar do conteúdo de qualquer composição, manifesta o fim para o qual foi pretendido. A partir de sua matéria, sabemos que uma composição é um ensaio político, outra, é uma especulação filosófica e uma terceira, é um esboço biográfico de algum indivíduo 15 Veja o capítulo 1 distinto. Assim, a partir da questão do livro dos Salmos, aprendemos que seu design peculiar é a celebração do louvor de Deus, e que foi dado à igreja para ser empregado peculiarmente para esse propósito. “Louvado seja o Senhor, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus; porque é agradável e o louvor é gracioso”. Essas canções divinas são abundantes em atribuições de louvor a Deus, e com apelos urgentes dirigidos não apenas à igreja em sua capacidade coletiva, mas a todas as classes de homens, para se engajar neste exercício prazeroso: “Louvem o Senhor, Jerusalém! louvado seja teu Deus, Sião” “Tudo quanto tem fôlego, louvai ao Senhor”. Os títulos que o Espírito Santo utilizou para nomear esses hinos divinos indicam o uso específico para o qual foram destinados. O leitor deve lembrar o que foi dito em um capítulo anterior, sobre as palavras do Apóstolo, quando ele exorta a igreja a se empenhar no dever de cantar “salmos e hinos e cânticos espirituais”. Acredita-se que nenhuma interpretação da linguagem do apóstolo pode ser sustentada, a não ser aquela que segue o princípio de que há uma referência às diferentes canções contidas no livro dos Salmos. E sendo isso admitido, segue-se que temos uma direção divina explícita para empregar essas canções na adoração de Deus. Mas, independentemente dessa consideração, é inegável que o Espírito Santo se apropria dessa coletânea de canções sagradas com o título "o livro dos Salmos", ou cânticos de louvor. Por este título eles são referidos repetidamente no Novo Testamento. Por exemplo, nosso Senhor, quando fala com referência a essa porção da revelação divina, diz: “Visto como o mesmo Davi diz no livro dos Salmos” (Lucas 20:42), e de acordo com isso, é a linguagem do apóstolo Pedro: “Porque no livro dos Salmos está escrito” (Atos 1:20). A palavra "salmo" é derivada do grego e vem de uma palavra que significa cantar. Salmos, então, são canções que devem ser cantadas. E dando a esta coleção de cânticos sagrados, o título do livro dos Salmos, o Espírito Santo os reconheceu como cânticos de louvor para serem cantados na adoração de Deus. O fato de essas canções terem sido originalmente usadas pela igreja para cantar o louvor de Deus é uma questão de registro histórico. Sendo assim então que, o livro de Salmos é uma coleção de canções dadas à igreja pelo Espírito Santo, cuja matéria indica, que o seu design peculiar, é estabelecer o louvor de Deus, uma vez que o Espírito Santo designou esta coleção "o livro dos Salmos", ou um livro de cânticos de louvor; como são denominadas, "os cânticos de Sião" e "os cânticos do Senhor", e que também nós aprendemos das escrituras sagradas, que estas canções foram usadas pela igreja de Deus, com aprovação divina, portanto, nós concluímos, que estas canções foram dadas à igreja por seu glorioso Rei, para serem empregadas em cantar o louvor de Deus. Para que a força do argumento em favor da nomeação divina do livro dos Salmos, a ser empregada na adoração a Deus, possa aparecer mais claramente, pode ser vantajoso, nesta conexão, rever brevemente, a história dessa parte do culto religioso, como pode ser deduzido das Sagradas Escrituras. Nas eras primitivas do mundo, a adoração da Deidade, aparentava-se consistir principalmente em oração, em conexão com a oferta de sacrifício. Não há evidência fornecida por qualquer coisa contida na história sagrada, que o canto do louvor a Deus formou qualquer parte da adoração regular de Deus. O primeiro exemplo registrado na Bíblia, no qual o povo de Deus é representado como engajado em uma capacidade social neste exercício de culto religioso, é por ocasião desse sinal de demonstração do poder e da bondade divina, manifestos na libertação de Israel no Mar Vermelho, enquanto seus adversários egípcios experimentaram uma destruição terrível: “Então cantou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao SENHOR, e falaram, dizendo: Cantarei ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.” (Êxodo 15:1). Em uma ocasião posterior, Débora, uma profetisa, forneceu uma canção comemorativa da bondade divina em libertar Israel do jugo de Jabim, o rei de Canaã: “E cantou Débora e Baraque, filho de Abinoão, naquele mesmo dia, dizendo: Louvai ao Senhor pela vingança de Israel” (Juízes 5:1-2). Naquela época, ainda não havia sido fornecido um livro de Salmos, contendo uma coleção de canções, adaptadas às circunstâncias diversificadas do povo de Deus. Também não temos nenhuma evidência de que o cântico do louvor de Deus constituísse qualquer parte da adoração declarada de Jeová; mas quando as circunstâncias da providência divina exigiam uma expressão pública de gratidão a Deus, alguém era levantado, que, sob a direção do Espírito de Deus, fornecia uma canção adequada à ocasião. Pelo menos desde os dias de Samuel, havia sido estabelecido na Comunidade Hebraica as escolas dos Profetas. Estes seminários de aprendizado sagrado estavam sob a superintendência de algum profeta ilustre, e neles, os jovens destinados ao ofício profético foram empregados no estudo das coisas divinas. Embora a história sagrada tenha nos dado pouca informação em relação aos exercícios nos quais os jovens dessas escolas foram empregados, aprendemos que uma parte específica de seus negócios era a celebração do louvor de Deus, em canções sagradas, acompanhadas por instrumentos musicais. Saul, como Samuel havia predito, quando chegou à colina de Deus, que era a sede de tais colégios, foi recebido por uma companhia de profetas que estariam profetizando com “saltérios, e tambores, e flautas, e harpas” [1 Samuel 10:5]. E tomado por um impulso divino, Saul se juntou à companhia e também profetizou. E, numa ocasião posterior, quando Saul enviou mensageiros a Naiote, para prender Davi, somos informados de que, quando os mensageiros viram a congregação de profetas profetizando, e Samuel em pé como designado sobre eles, o Espírito de Deus estava sobre os mensageiros de Saul e eles também profetizaram. Profetizar, nesses exemplos, é evidentemente a celebração do louvor de Deus, em cânticos sagrados, sob influência divina. Assim, os filhos de Asafe e Jedutum, músicos no templo, são representados como profetizando com uma harpa, para dar graças e louvar ao Senhor. Nessas escolas sagradas estabelecidas em Israel, então, parece que, entre outros empregos, poesia e música foram cultivadas pelos filhos dos profetas. Os hinos sagrados eram compostos sob uma influência divina e eram cantados na adoração de Deus, acompanhados de instrumentos musicais. Se algum dos hinos compostos nessas escolas dos profetas que nos foi transmitido, está naquela coleção de canções sagradas denominada Livro dos Salmos, não temos os meios de determinar isso com certeza. Por fim, porém, na pessoa de Davi, um profeta foi levantado, a quem o Espírito do Senhor eminentemente qualificou para esse propósito, que não apenas compôs uma grande variedade de hinos sagrados, mas também reduziu o culto público a Deus em um sistema regular, do qual o canto de louvor teve parte. Que Davi foi divinamente qualificado para este serviço, e chamado para isto, é suficientemente evidente da linguagem expressa da Bíblia: “E estas são as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em altura, o ungido do Deus de Jacó, e o suave em salmos de Israel. O Espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra está na minha boca.” (2 Samuel 23:1-2). Na adoração do antigo tabernáculo, de acordo com a designação de Moisés, os israelitas foram instruídos a expressar sua alegria em Deus, soprando com trombetas na hora de oferecer os sacrifícios: “Semelhantemente, no dia da vossa alegria e nas vossas solenidades, e nos princípios de vossos meses, também tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrifícios pacíficos” (Números 10:10). Mas em conexão com a oferta de sacrifício, Davi introduziu o canto de louvor. Por sua orientação, os levitas foram numerados e distribuídos em classes, que, entre outros serviços ligados à adoração do templo, podiam “estar cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao Senhor; e semelhantemente à tarde” (1 Crônicas 23:30) E no desempenho desta parte de seu culto, o costume era que, quando a oferta era apresentada no altar, os levitas começaram a cantar o louvor de Deus. “E Ezequias deu ordem que oferecessem o holocausto sobre o altar; e ao tempo em que começou o holocausto, começou também o canto do Senhor, com as trombetas e com os instrumentos de Davi, rei de Israel.” (2 Crônicas 29:27) E que esses regulamentos na adoração de Deus e nos serviços do templo foram feitos não por sua própria autoridade privada, mas por orientação divina, temos evidências suficientes. Nas instruções que Davi deu a Salomão com relação ao templo e sua adoração, de acordo com "o padrão de tudo o que ele tinha pelo Espírito", há instruções incluídas, para os sacerdotes e os levitas, e para todo o trabalho do povo para o serviço da casa do Senhor. E em relação a estas instruções, geralmente, é adicionado: “E para as turmas dos sacerdotes, e para os levitas, e para toda a obra do ministério da casa do Senhor, e para todos os utensílios do ministério da casa do Senhor. Tudo isto, disse Davi, fez-me entender o Senhor, por escrito da sua mão, a saber, todas as obras desta planta.” (1 Crônicas 28:13, 19) E como uma confirmação adicional da conclusão de que em todos esses regulamentos relacionados com a adoração a Deus, Davi era dirigido pela sabedoria divina, é declarado na história da reforma efetuada sob o reinado de Ezequias, aonde este rei piedoso “pôs os levitas na casa do Senhor com címbalos, com saltérios, e com harpas, conforme ao mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor, por mão de seus profetas.” (2 Crônicas 29:25). Dessa pesquisa histórica, então, parece que não temos evidência de que, antes da era de Davi, o canto do louvor de Deus fazia parte da adoração declarada de Deus. Mas, em ocasiões especiais, quando as dispensações da Divina Providência em relação à igreja pediam uma expressão pública de gratidão, o povo de Deus derramava seus gratos reconhecimentos em cânticos de louvor. E nessas ocasiões, alguém que era divinamente qualificado ao ser cheio do Espírito Santo, forneceu um hino adequado às exigências da igreja. Mas em toda a história da igreja, conforme registrado na Bíblia, não há evidência alguma de que qualquer pessoa presumida para empreender tal serviço, que não tinha sido divinamente chamada a ele, por ser dotada do Espírito de inspiração. Por fim, depois que o Senhor Deus de Israel havia dado descanso ao seu povo, e eles estavam em silenciosa posse da terra prometida a seus pais, Deus levantou, na pessoa de Davi, um profeta, por quem o culto público a Deus foi reduzido a um sistema regular, do qual o canto de louvor fazia parte. E como a celebração do louvor de Deus agora se tornou uma parte regular da adoração divina, tornou-se indispensavelmente necessário que cânticos divinos fossem providenciados para o uso da igreja. Assim, Deus, que seleciona seus próprios instrumentos para a realização de seu trabalho, chamou Davi para a realização deste serviço mais importante. Pela inspiração do Espírito Santo, ele foi dotado com aqueles dons peculiares que eram necessários para qualificá-lo para o ofício de um doce salmista de Israel; e por sua instrumentalidade, a igreja estava mobiliada com uma variedade de “salmos, hinos e cânticos espirituais”, adaptados às circunstâncias diversificadas do crente privado e da igreja de Deus. “Nestes cânticos”, como o célebre Edwards muito justamente observa, “Davi fala da encarnação, vida, morte, ressurreição, ascensão ao céu, satisfação e intercessão de Cristo, seu ofício profético, real e sacerdotal, seus gloriosos benefícios nesta vida e no que está por vir, sua união com a igreja; a bem-aventurança da igreja nele, o chamado dos gentios; a futura glória da igreja, perto do fim do mundo; e a vinda de Cristo para o julgamento final.16 “ O canto de louvor a Deus, a partir de agora, formou parte da adoração regular de Deus; e pelo doce salmista de Israel, o ungido do Deus de Jacó, por quem o Espírito do Senhor falava, a igreja de Deus estava mobiliada com cânticos a serem empregados em adoração divina. A divina designação dessas canções para ser usada na adoração a Deus é tão conclusivamente estabelecida quanto Davi foi erguido, o ungido do Deus de Jacó e o doce salmista de Israel, por quem o Espírito de Deus, o Senhor, falou. E, consequentemente, como uma questão de registro histórico, sabemos que essas músicas 16 A história da redenção foram usadas pela igreja com aprovação divina. Na dedicação do templo, parece que, entre outros, o Salmo 136 era cantado. Os levitas adoravam ao Senhor, dizendo: “Porque Ele é bom, e sua misericórdia dura para sempre” E em testemunho da aprovação divina: “E aconteceu que, quando eles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam, para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao Senhor; e levantando eles a voz com trombetas, címbalos, e outros instrumentos musicais, e louvando ao Senhor, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre, então a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a casa do Senhor; E os sacerdotes não podiam permanecer em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus.” (2 Crônicas 5:13,14). E na história da reforma que ocorreu durante o reinado de Ezequias, que fez o que era certo aos olhos do Senhor, de acordo com tudo o que Davi seu pai tinha feito, somos informados de que “o rei Ezequias e os príncipes disseram aos levitas que louvassem ao Senhor com as palavras de Davi, e de Asafe, o vidente. E o louvaram com alegria e se inclinaram e adoraram.” (2 Crônicas 29:30) Davi, que por sua eminência foi denominado o doce salmista de Israel, era o principal indivíduo empregado no fornecimento de cânticos de louvor para o uso da igreja, mas Asafe, Heman, Jedutum e outros realizaram sua parte no mesmo serviço interessante. Esses homens santos de Deus, que foram dotados com os dons necessários pelo Espírito de inspiração, proveram para o uso da igreja, aquela rica e variada coleção de hinos divinos contidos no livro dos Salmos. Por quem essas músicas, que eram evidentemente compostas por pessoas diferentes e em uma grande variedade de ocasiões, foram reunidas em um livro e organizadas em sua ordem atual, não podemos determinar com absoluta certeza. Há, no entanto, uma forte probabilidade de sustentar a conclusão de que este serviço foi realizado por Esdras. Este ilustre sacerdote e escriba, que atuou como parte notável dessa importante reforma que foi efetuada em conexão com o retorno dos judeus da Babilônia, de acordo com a tradição judaica, por orientação divina, reuniu e organizou as diferentes porções dos escritos sagrados então existentes e os compilou nessa ordem sistemática em que nos foram transmitidos. Mas, para que este assunto seja decidido como é, é suficiente para nós sabermos que, quem quer que tenha coletado essas canções, foi feito com aprovação divina; pois os escritores do Novo Testamento se referem a eles pelo título "o livro dos Salmos". E para usar a linguagem do célebre escritor já mencionado, 'é manifesto que o livro de Salmos foi dado por Deus para este fim', isto é, para que pudesse ser usado pela igreja em cantar o louvor de Deus. Foi usado na igreja de Israel por nomeação de Deus. Isto é manifestado pelo título de muitos dos Salmos, no qual estão inscritos ao músico principal; isto é, ao homem que foi designado para ser o líder das canções divinas no templo, no culto público de Israel. Nesta conclusão, então, descansamos. Na revelação que Deus deu à sua igreja, encontramos uma coleção de cânticos divinos, a questão dos quais, os títulos pelos quais eles são designados, e o uso que foi originalmente feito deles com aprovação divina, manifesto, que o fim específico para o qual eles foram dados, era que eles deveriam ser empregados para cantar o louvor de Deus; e sendo comunicados à igreja por seu Deus e Rei, para este propósito, eles deveriam ser usados nesta parte do culto divino.17 II. Tal nomeação não pode ser clamada para nenhuma outra canção ou manual de louvor. "Não há livro de Salmos no Novo Testamento. O dever de cantar o louvor de Deus é claramente reconhecido no Novo Testamento. “Por Ele", diz o Apóstolo aos Hebreus, "ofereçamos continuamente a Deus o sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos nossos lábios, dando graças ao seu nome". (Heb. 13:15) E ainda: "Alguém está feliz? Que ele cante salmos" 17 Pressly em Salmodia, pp. 70-81. (Heb. 13:15) E outra vez: “Está alguém contente? Cante louvores.”(Tiago 5:13)18 No final da última páscoa, nosso Senhor e os seus discípulos cantaram um hino. E nos recintos sombrios de uma masmorra, Paulo e Silas, à meia-noite, 'oraram e cantaram louvores a Deus', mas, enquanto somos exortados a oferecer a Deus o sacrifício de louvor, e temos o exemplo de nosso Senhor e de seus Apóstolos para nos animar a fazer este exercício delicioso, não encontramos no Novo Testamento nenhum conjunto de salmos, hinos e cânticos. Em que sentido é razoável supor que os cristãos primitivos compreenderiam a direção apostólica: "Está alguém contente? Cante salmos"? Para ajudar o cristão simples a determinar qual é a resposta adequada a esta pergunta, deixe- me propor outra pergunta. Quando o Senhor disse aos seus ouvintes: "Examinai as Escrituras", em que sentido se deve supor que esta direção seria compreendida? Ninguém iria supor que nosso Senhor projetou que seus ouvintes o entendessem como instruindo-os a preparar escritos, cujo assunto deveria ser retirado da Bíblia, os quais eles poderiam consultar para seu aperfeiçoamento, ao invés de buscar as Escrituras Sagradas para sua edificação. Igualmente irrazoável seria supor que a direção apostólica, no que diz respeito aos salmos cantados, poderia ser entendida pelos cristãos primitivos, como autorizando-os a preparar salmos para serem usados no culto a Deus, em vez daqueles que Ele mesmo tinha fornecido em sua palavra. Como o mandamento de Cristo, "Examine as Escrituras", supõe que havia em existência escritos sagrados, com os quais aqueles a quem o mandamento foi dirigido, estavam familiarizados, assim a direção apostólica, "cante salmos", supõe que havia salmos em existência, que aqueles a quem foi dada a direção, deveriam usar. Aqueles cristãos a quem as palavras do Apóstolo Tiago foram originalmente dirigidas, sabiam muito bem que entre os escritos sagrados que Deus tinha dado à sua igreja, havia um "livro de Salmos". E a exortação para cantar salmos seria naturalmente entendida por eles como uma direção para fazer uso dos salmos que o Espírito de infinita sabedoria já havia providenciado. E em que sentido os cristãos hebreus entenderiam as palavras do Apóstolo, quando ele os exortava a fazer continuamente o sacrifício de louvor a Deus? Esses hebreus sabiam muito bem como era importante que em todas as suas ofertas, essas coisas só fossem apresentadas no altar que o próprio Deus tinha apontado. Eles sabiam, além disso, que o próprio Deus tinha preparado e dado à sua igreja, uma coleção divina de salmos, hinos e cânticos, para serem empregados no canto do seu louvor. E sabendo dessas coisas, pode-se supor que eles se sentiriam livres para deixar de lado aquelas canções que Deus havia preparado, e que se comprometeriam a fornecer outras mais adequadas para si próprios? Podemos por um momento entreter o pensamento de que eles poderiam entender o Apóstolo como autorizando-os a desconsiderar o cordeiro que Deus tinha provido como uma oferta para si mesmo, e a vir perante o Senhor com o cego, o aleijado, e o coxo? Se eles tivessem presumido fazer isso, não teriam motivo para compreender a execução da frase: ‘Pois seja maldito o enganador que, tendo macho no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o meu nome é temível entre os gentios.’ (Malaquias 1:14) E, além desta consideração, devemos notar particularmente que embora não haja um livro de Salmos no Novo Testamento, não há nenhuma indicação que um fosse necessário, nem há uma direção dada a qualquer homem para prover tal livro, nem uma única promessa das influências do Espírito Santo para ajudar qualquer homem a preparar um. 18 Veja N.T. 1 Sob a dispensação anterior, Deus levantou um "doce salmista de Israel" a quem Ele dotou com os dons do Espírito Santo, e eminentemente qualificado para o importante serviço. E pela instrumentalidade de um homem, a quem Deus chamou e preparou para o trabalho, uma coleção de cantos sagrados foi comunicada à igreja, que os cristãos de todo o mundo, em todas as épocas, encontraram na experiência confortável, para serem admiravelmente adaptados ao fim para o qual foi dado. E quando nosso glorioso Senhor, com quem está o restante do Espírito, ressuscitou dentre os mortos e subiu muito acima de todos os céus para cumprir todas as coisas; e deu alguns evangelistas, e alguns pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do corpo de Cristo. Se fosse necessário para a edificação de sua igreja, não seria razoável supor que entre outros dons, ele teria conferido o Espírito de Salmodiar? Mas entre os vários serviços aos quais diferentes indivíduos foram chamados pelo Cabeça da Igreja, e para os quais ele os qualificou, ao transmitir-lhes os dons do Espírito Santo, a preparação de um sistema de salmodia, para a edificação do corpo de Cristo, nunca é mencionada. Embora com ele esteja o restante do Espírito, não foi seu prazer levantar e ungir um "doce salmista de Israel" sob a dispensação do Novo Testamento. E por que ninguém foi chamado para este importante ofício? A única resposta racional que pode ser dada é que Aquele em quem estão escondidos todos os tesouros de sabedoria e conhecimento, não considerou isto necessário. Por mais liberal que Ele possa ser na distribuição de seus dons, Ele não dá nem um dom que não seja necessário. E, tendo já feito provisão para a edificação de sua igreja, fornecendo-lhe um livro de Salmos, Ele não chamou nenhum daqueles que, depois de sua ascensão, Ele dotou com os dons do Espírito, para prover outro livro do tipo. Já que, então, estamos no Novo Testamento ordenados a cantar salmos, mas nunca dirigidos a fazer salmos, chegamos à conclusão de que temos a sanção do Rei de Sião, autorizando o uso dos salmos, hinos e cânticos, que já haviam sido fornecidos, para a edificação do corpo de Cristo. Pode-se, contudo, dizer que estas considerações, no máximo, não provam nada mais do que devemos empregar os cânticos da Escritura na adoração de Deus; mas não estabelecerão a posição, que a igreja deve ser confinada ao uso daqueles cânticos que estão contidos no livro de Salmos. Quanto a isso eu digo, que pelo fato de Deus ter dado à sua igreja um livro de Salmos, parece ser a vontade divina que este deve ser usado com a exclusão de todos os outros. Já tivemos ocasião de observar que, nos dias antigos, em várias ocasiões, indivíduos, sob a influência do Espírito de inspiração, deram expressão à gratidão dos seus corações, num canto de louvor. Tais cânticos de louvor são encontrados em várias partes da Bíblia. Mas, ao longo do tempo, uma grande variedade de cânticos, compostos por homens diferentes em várias ocasiões, foram reunidos num único livro, que não só tem lugar no volume da inspiração, mas ao qual o próprio Deus deu um título peculiar, "O livro dos Salmos", ou cânticos de louvor. O título peculiar do livro designa o fim para o qual foi especialmente destinado. E é um fato que merece atenção especial, que algumas das canções contidas no Livro de Salmos, são encontradas igualmente em outras partes da Bíblia. O décimo oitavo salmo é encontrado no segundo livro de Samuel, e o nonagésimo sexto, e as partes de alguns outros salmos, são encontrados no segundo livro de Crônicas. Outras canções, como o cântico de Moisés no Mar Vermelho, o cântico de Débora e Baraque e outros, encontrados em diferentes partes da Bíblia, não são transferidos para o livro de Salmos. E a questão surge naturalmente. Por que essa distinção é feita? Por que algumas dessas canções, que são encontradas em outras partes da Bíblia, são introduzidas da mesma forma no livro de Salmos, enquanto outras não têm lugar nessa coleção? Eu posso conceber uma resposta tão satisfatória como esta: que o livro de Salmos sendo destinado para uso permanente na adoração de Deus, contêm estes cânticos, cujos, na avaliação da Sabedoria Infinita, foram melhor adaptados à construção da igreja em todos os tempos. Parece então, que no Antigo Testamento, o dever de louvar a Deus cantando salmos ou cânticos, é claramente reconhecido. Em várias ocasiões, homens que foram movidos pelo Espírito Santo, forneceram cânticos de louvor apropriados às circunstâncias da igreja de Deus. Entre aqueles que Deus teve o prazer de empregar neste serviço, Davi, o profeta real, que é preeminentemente distinguido como o doce salmista de Israel. No decorrer do tempo, uma seleta e variada coleção de cantos sagrados, composta por diferentes homens inspirados, em diversas ocasiões, foi dada à igreja pelo Deus de Israel, à qual ele mesmo anexou o título, o livro dos salmos. Estes cânticos não são efusões de piedosos, bem intencionados, mas de homens falíveis; são produções do Espírito Santo, que falou pela boca de seus servos, os profetas. Nesses hinos sagrados, não temos uma exibição de visões humanas da verdade divina, que podem ser corretas ou errôneas, mas temos a própria palavra de Deus, que é pura como prata provada numa fornalha de terra, purificada sete vezes. Os louvores de Deus são exibidos nestas canções divinas, não nas palavras que o homem sábio do homem ensina, mas que o Espírito Santo ensina. Que Deus aceitará as atribuições de louvor que lhe são dadas nestes salmos, estamos absolutamente certos, porque neles o seu Espírito nos ensinou a atribuir-lhe a glória que é devida ao Seu nome. Passamos ao Novo Testamento e encontramos o nosso Senhor e os seus Apóstolos não só reconhecendo o dever, mas dando um exemplo de louvor a Deus. Que salmos e hinos particulares eles usaram, não nos é dito expressamente; mas cada parte do Novo Testamento fornece evidência de sua familiaridade com o livro de Salmos. E que aquele em quem habitava toda a plenitude do corpo da Divindade, e seus Apóstolos que foram dotados de poder do alto, não usaram as efusões de homens não inspirados no culto a Deus, é certo. Em uma entrevista com os Apóstolos, depois de sua ressurreição, nosso Senhor lhes dirigiu as seguintes palavras: ‘São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos19.’ (Lucas 24:44). A partir desta e de outras declarações de caráter semelhante no Novo Testamento, temos evidência infalível de que o próprio Jesus Cristo é o grande tema do livro de Salmos. Isto os Apóstolos compreenderam, quando o seu divino Mestre abriu as suas compreensões, para que pudessem compreender as Escrituras, e a mesma coisa será compreendida por todos os que são ensinados pelo Senhor. E quando consideramos quão frequentemente os Apóstolos introduzem os salmos em seus discursos e epístolas, não podemos duvidar que eles consideraram a questão destas canções sagradas como muito apropriada para ser empregada na adoração de Deus. Uma coisa, porém, é certa, que nem nosso Senhor nem seus Apóstolos forneceram salmos ou canções no Novo Testamento, para uso da igreja, muito menos um livro de Salmos. E mais ainda, não há nenhuma indicação dada a nenhum homem para fornecer salmos para serem empregados na adoração de Deus, nem há uma promessa do Espírito de Salmodiar, para ajudar alguém a realizar este importante serviço.”20 III. Estas considerações e argumentos requerem grande autoridade do fato, geralmente reconhecido, de que a igreja de Cristo é uma e a mesma sob ambos os Testamentos –– o Antigo e o Novo. Ela é a "boa oliveira" (Rm. 11) da qual os judeus foram separados como ramos deteriorados e estéreis, e na qual os gentios foram "enxertados". Certa aparência desta única Igreja, foi – – é verdade –– removida no advento, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O modo de administração do Evangelho foi, em certa medida, mudada. Tipos, cerimônias, ritos – todos 19 N.t: ênfase do autor 20 Pressly em Salmodia, pp. 83-91. os quais tinham referência ao Messias como seu antítipo e substância –– passaram, tendo respondido ao fim da sua instituição. Mas a verdade permanece, a lei permanece. Nós ainda adoramos o mesmo Jeová, através do mesmo Mediador, pelo mesmo Espírito. Os dez mandamentos ainda são a regra sumária do dever e obrigação humana. A história do Antigo Testamento é agora, como sempre, a história das relações providenciais de Deus com os homens, com as nações e com a Igreja. O Livro de Provérbios é ainda o livro dos preceitos inspirados de sabedoria, prudência e pureza. As Profecias são a herança peculiar da dispensação do Novo Testamento. Todas aquelas porções da Palavra de Deus que "vieram dos velhos tempos" são dadas à igreja em todos os tempos, para os mesmos fins de instrução, admoestação e consolação, que eles tinham a intenção de conservar quando primeiro revelados e postos em ordem pela instrumentalidade dos homens de Deus, que "falaram como se fossem movidos pelo Espírito Santo". “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.” (Romanos 15:4). E novamente, “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3:16,17). Se então outras Escrituras são dadas para nosso uso e proveito, cada parte de acordo com sua própria natureza e fim, por que não o Livro dos Salmos, também, eternamente, como um Livro dos Salmos, para ser cantado como apontado por Deus para este mesmo propósito, tão verdadeiramente como o Decálogo foi dado para ser o resumo do dever humano para o fim do mundo? Uma vez dado à igreja para ser usado na celebração do louvor de Deus, onde é que temos algum ato que o coloca de lado, mais do que o Decálogo? Onde temos o mandado de introduzir outros Salmos ou hinos para substituir este manual inspirado e nomeado? E, finalmente, estes inquéritos são os mais pertinentes e sugestivos, tendo em conta que este Livro contém, como já provamos, tudo o que a Igreja requer para os seus exercícios de sagrado louvor no canto. CAPÍTULO 3 HÁ ALGUMA AUTORIZAÇÃO PARA FAZER OU USAR, NO CULTO A DEUS, SALMOS OU HINOS QUE NÃO AQUELES JÁ PROVIDENCIADOS POR DEUS PARA A SUA IGREJA? Consideramos aqui,— I. Os argumentos empregados em defesa do uso de hinos não inspirados. E, I. É afirmado que estes têm uma sanção bíblica. (1.) Os “dizeres” de Maria (Lucas 1:46-55), e a profecia de Zacarias (Lucas 1:68-79), são considerados como “precedentes” que implicam uma tal sanção para o canto de hinos. Isso é claramente falso. Pois a respeito de Maria, é meramente declarado que ela “disse”. Suas declarações não são chamadas de cântico; nem há qualquer evidências de que ela própria, ou qualquer outra, tenha cantado as mesmas. Essas palavras não são mais do que uma irrupção de ação de graças– e sem dúvida inspiradas. Quanto a Zacarias, é dito que ele ficou “cheio do Espírito Santo e profetizou” {Lc. 1:67}. Somos totalmente incapazes de ver como isso pode ser interpretado como sendo uma ordenança para a produção de cânticos para a igreja por parte de homens não inspirados, os quais nem sequer professam “profetizar”! Além disso, tudo isso estava sob a economia do Antigo Testamento, e não sob o Novo. (2.) Referência é feita ao fato que o nosso Salvador e Seus discípulos “cantaram um hino, e saíram para o monte das Oliveiras” (Mt. 26:30). Se fosse admitido, ou provado, que esse “hino” foi produzido para a ocasião por parte de nosso Salvador, ou por parte de um dos apóstolos, que autoridade seria então fornecida para a produção de hinos por parte de meros homens, e estes não inspirados? Certamente, nenhuma de forma alguma. Porém esse “hino”, é ora quase universalmente reconhecido, era o “Grande Hallel”, consistindo de alguns Salmos consecutivos, os quais nós agora – em sua ordem, no Livro dos Salmos, e eram sempre cantados no fechamento da festa pascal. o Dr. Clarke, ele próprio sendo um defensor do uso de hinos não inspirados, diz: “Quanto ao próprio hino, sabemos a partir do consenso universal de antiguidade judaica, que aquele era composto dos Salmos 113, 114, 115, 116, 117 e 118, denominado por parte dos judeus como HALLEL, a partir de HALLELU-JAH, a primeira palavra no Salmo 113. Estes seis salmos eram sempre cantados em toda solenidade pascal. Eles cantaram esse grande hallel por causa dos cinco grandes benefícios referidos a este; nomeadamente, 1. O êxodo desde o Egito. 2. A divisão miraculosa do mar vermelho. 3. A promulgação da lei. 4. A ressurreição dos mortos. 5. A paixão do Messias”.21 (3.) Uma autorização para o uso de composições não inspiradas é buscada em Ef. 5:19, e Cl. 3:16,– e quanto a estes os defensores de “hinos” põem a maior ênfase. Que essas passagens não carregam a interpretação que lhes é atribuída como ordenando, ou favorecendo o uso de cânticos não inspirados, é, portanto, satisfatoriamente demonstrado pelo Dr. Cooper. “É admitido por parte daqueles que urgem estas passagens como autorizando o uso de outros cânticos, que não aqueles contidos na Palavra de Deus, que os ‘Salmos’, os quais nós estamos aqui ordenados a cantar, são Salmos de inspiração. Temos a maior autoridade para considerar como 21 Para mais alusões a este assunto, veja a citação do Dr. Cooper sobre Ef. 5:19, etc. um fato admitido que os salmos aqui referidos são os salmos de Davi. Temos a autoridade dos editores do Repertório de Princeton, uma obra publicada sob os auspícios e sustentada pelo patrocínio da Old School Presbyterian Church {Igreja Presbiteriana da Velha Escola}, e editado por homens de erudição e talento superiores. No vol. de 1829, os editores dizem, num artigo intitulado ‘A poesia sagrada dos cristãos primitivos’: ‘Dificilmente podemos conceber a possibilidade de que os salmos de Davi tivessem sido tão geralmente adotados nas igrejas, e tão altamente estimados pelos melhores de os pais, a menos que tivessem sido apresentados e sancionados pelos apóstolos e mestres inspirados.’ Novamente, eles dizem: ‘Parece mais correspondente ao uso bíblico considerar o termo ‘salmos’ aqui como significando o livro dos salmos, como usado em Lucas 24:44, e equivalente a , Lucas 20:42, Atos 1:20, a que os escritores do Novo Testamento tão frequentemente referem-se por profecias, provas e ilustrações de seus fatos e doutrinas’. Noutra parte do mesmo artigo, o leitor encontrará a seguinte afirmação, que irá, sem dúvida, recomendar a si própria ao bom senso dele: ‘Como os primeiros cristãos vieram da sinagoga, eles naturalmente levaram consigo aqueles cânticos de Sião que eram associados com suas lembranças mais antigas e melhores sentimentos, e apropriaram-nos aos serviços da Nova Dispensação’. Olshausen, em seu comentário de Ef. 5:19, diz: ‘ψαλμοι (salmos) são aqui provavelmente os salmos do Velho Testamento, os quais passaram desde a sinagoga para dentro do culto da igreja’. Bengel também os chama de salmos de Davi. Além disso, podemos aduzir o fato de que o livro do Dr. Watts é declaradamente produzido sobre uma admissão de que os salmos aqui mencionados pelo Apóstolo são, de alguma forma, os salmos de Davi, pois temos nesta coleção cento e cinquenta salmos que sem dúvida foram feitos nesta presunção. Nós então, certamente, temos as melhores razões para chegar à conclusão de que todas as partes concordam que o Apóstolo aqui se refere aos salmos de Davi. De fato, a negação disso seria acompanhada de tantas dificuldades que não apreendemos, que os amigos das composições humanas estarão dispostos a assumir qualquer outra posição. Desejamos que o leitor, na discussão subsequente, tenha isso em mente. A questão verdadeira e única, então, para nós, é: Temos qualquer razão para supor que os ‘hinos’ e ‘cânticos espirituais’, aqui mencionados, são qualquer coisa diferente de os ‘salmos’? Não adiantará supor uma diferença. Essa diferença deve ser provada para justificar recorrer a estas passagens como autorizando o uso de qualquer outra coisa que não o Livro dos Salmos. O leitor notará aqui que o ônus da prova recai sobre aqueles que tomam a posição de que os hinos e cânticos espirituais aqui mencionados são tais que não estão contidos na palavra de Deus. Aqui está a questão em análise entre nós e nossos irmãos. Entende-se que multidões interpretam essas passagens sob a força da própria prática deles e as visões preconcebidas sobre as quais essa prática é baseada. Por exemplo, eles estão usando, e têm usado a partir de suas primeiras lembranças, um livro contendo poemas devocionais religiosos sob o cabeçalho distinto de ‘Salmos’, considerando em termos de número uma correspondência exata com a coleção divina, e também em termos de sentimento alguma semelhança a isso. Além destes, há também um grande número que é publicado sob o cabeçalho de ‘Hinos’. Como esses são sempre chamados hinos e os outros salmos, a ideia associada à palavra anterior, como ocorre nessas passagens, é: que estes são algo parecido com o que é encontrado no livro deles. Muito pouca reflexão, no entanto, deve ser suficiente para mostrar a qualquer pessoa: que como essas passagens foram escritas pelo Apóstolo muitos séculos antes da existência de qualquer livro-de-hinos ora em uso, então devemos ir a alguma outra fonte caso quisermos averiguar a ideia ligada a esta palavra pelo Apóstolo ao nos direcionar a cantar não apenas salmos, mas também hinos. A pergunta para você, leitor, responder é exatamente isso. Como você sabe, e que razão você tem para apresentar, que os hinos mencionados pelo Apóstolo não são aqueles que estão contidos na palavra de Deus, ao invés de este livro-de-hinos que foi produzido a dez, vinte ou cinquenta anos atrás? Ora, se você não consegue apresentar nada mais do que o simples fato de que em seu livro eles são chamados hinos, você deve imediatamente ver que você não tem nada que, no mínimo, afete a questão da autoridade divina. Talvez você estará pronto para dizer: são os ‘salmos, e hinos e cânticos espirituais’, mencionados pelo Apóstolo, apenas nomes diferentes para as mesmas coisas? Suponha que digamos que sim, como você provará que estes não são? Como você provará que qualquer um proveniente da coleção inspirada não é um hino, ou um cântico espiritual? Se você negar isso, então queira ter a bondade de apresentar uma razão para isso. A única razão que eu posso conceber como sendo capaz de ser apresentada por você, é que aqueles são chamados por nomes diferentes. Bem, queira ter a bondade de nos dizer a diferença entre estatutos, e juízos e mandamentos na seguinte passagem, 1 Reis 6:12, ‘Se andares nos meus estatutos, e executares os meus juízos, e guardares todos os meus mandamentos, para neles andares; então cumprirei a minha palavra contigo’. Aqui estão nomes diferentes, e estes não relacionam-se, pois, às mesmas coisas? Não são os estatutos de Deus os Seus juízos? Mas suponha que digamos que não – eles não significam a mesma coisa; os salmos não são apenas a mesma coisa que hinos, e hinos não são apenas a mesma coisa que cânticos espirituais. O que seria então? Ora! parece que existe uma diferença. Mas a pergunta ainda reaparece: qual é esta diferença? É esta a diferença que existe entre o que é inspirado e o que não é inspirado? Você não enxerga claramente que, a menos que você prove uma tal diferença como esta, você não tocou na questão em análise entre nós? Podemos imaginar mil diferenças, mas estas não têm relevância quanto ao ponto diante de nós; a menos que estas mostrarão que esses nomes são projetados para expressar o que é inspirado e o que não é inspirado. Ora, leitor, isso você nunca vai conseguir demonstrar. Você pode tentar o quanto quiser; mas você falhará em todo esforço. Isso você verá como sendo o caso antes de terminarmos com o exame desta passagem. Aqui podemos, com a maior confiança, deixar toda a questão, Deus deu à Sua igreja um livro de louvor, e uma devida consideração por Ele como seu autor, requer seu uso até que aqueles que nos oferecem algum outro livro, com base no fato de Ele exigir que cantemos hinos e cânticos espirituais, mostre-nos que hinos e cânticos espirituais não são encontrados neste livro {o Livro dos Salmos}. Logo chegamos a um contra-argumento: Mas os adeptos de uma salmodia inspirada não têm nada para sustentar sua posição, argumentando que o Apóstolo, por esses três termos, se refere à mesma coisa, ou pelo menos que ele não, por hinos e cânticos espirituais, quis dizer aqueles que não são inspirados? Para que o leitor possa julgar isso, submeteremos à sua franca atenção as seguintes considerações: (1.) A diferença defendida por parte dos defensores da salmodia humana não é praticamente observada por eles mesmos. A Old School Presbyterian Church {Igreja Presbiteriana da Velha Escola} tomou traduções métricas do vigésimo terceiro e do centésimo salmos, e as colocou entre seus “Hinos”. Deixe o leitor comparar esses salmos com a tradução em prosa, e estamos satisfeitos que ele reconhecerá imediatamente que se pode haver uma tradução métrica dos salmos, eles podem, com a maior propriedade, ser assim chamados. Certamente, se houver um entre os cento e cinquenta do Dr. Watts que pode ser chamado de salmo, estes dois merecem o nome de ‘salmos’. Deixe-me perguntar, então: São estas duas traduções métricas dos salmos de Davi, hinos? Assim a Assembleia Geral declarou. Por que o restante não pode ser chamado pelo mesmo nome? (2.) “Se houver uma distinção entre salmos e hinos, estamos obrigados ao mesmo modo de interpretação a supor uma distinção entre hinos e cânticos espirituais. Porém, o leitor poderia nos dizer o que é essa distinção? Que um hino ou cântico espiritual seja lido a partir da coleção deles, e exigimos alguém que possa dizer a que classe aquela canção pertence. Posso aqui referir-me à prática daqueles que usam hinos de composição humana, para mostrar que tal distinção não é reconhecida. Eu tenho agora perante mim o Livro de Hinos agora em uso na Old School Presbyterian Church {Igreja Presbiteriana da Velha Escola}. Ao examiná-lo, encontro uma coleção chamada ‘Salmos’, com cento e cinquenta. Eu também encontro uma coleção chamada ‘Hinos’, consistindo de seiscentos e oitenta. Mas onde está a coleção chamada ‘Cânticos Espirituais’? Estes não estão no livro. Que prova mais clara poderíamos ter de que nenhuma distinção, como essa alegada, é reconhecida mesmo por aquelas igrejas que fazem uso de composições humanas na adoração a Deus? Os irmãos irão esperar até que reconheçamos uma distinção que eles próprios praticamente ignoram? Talvez, pode-se dizer que a coleção de ‘Doxologias’ neste livro foram pretendidas para ser ‘Cânticos Espirituais’. Se assim for, eles não são assim designados. Nós temos [no livro deles] o que é chamado de ‘A Doxologia Cristã’ imediatamente após os ‘Salmos’, e então temos o é chamado de ‘Doxologias’ imediatamente após os ‘Hinos’. A qual desses pertencem? Porém, isso não é suficiente para mostrar o quão total esta distinção é ignorada. O leitor encontrará entre estes hinos alguns que são denominados cânticos. O que poderia mostrar mais conclusivamente a total falta de fundamento da distinção que os defensores de composições humanas defendem e que é a base de sua interpretação dessa passagem? (3.) “Há fortes presunções contra o reconhecimento de tal distinção como a que está sendo defendida. Ou esses hinos ou cânticos espirituais foram escritos por inspiração divina, ou não foram. Se eles foram assim escritos, então temos nessa ordenança uma direção para cantar uma salmodia inspirada, a coisa exata pela qual contendemos. Mas qual é a conclusão a que essa admissão nos traz, baseada na suposição de que esses hinos e cânticos espirituais não são encontrados nas Escrituras? A conclusão necessária é que uma parte dos escritos inspirados foi perdida, uma conclusão à qual temos certeza de que o leitor não estaria disposto a crer. Os sentimentos piedosos do coração dele se revoltariam contra isso . Ele irá, sem dúvida, estar pronto para dizer com os editores do Repertório que ‘Não é provável que algum tenha sido escrito sob a influência de inspiração, ou teria sido preservado com outros escritos inspirados’. Suponha, contudo, que tomemos outra posição, e dizemos com esses editores, ‘Que homens de erudição, caráter e piedade empregaram seus talentos na composição de hinos e odes espirituais, que, sendo aprovados pelo Apóstolo, foram introduzidos para dentro dos cultos da igreja’. Então—deixando totalmente de lado o fato importante de que não temos agora os Apóstolos a cujo julgamento podemos submeter nossos hinos não inspirados, e que estes não professam ter o imprimatur desses santos homens—quatro dificuldades apresentam- se à mente: (a.) Por que é que não temos, em nenhuma das Escrituras, a menor alusão à produção de hinos e odes espirituais por parte desses homens de ‘erudição, caráter e piedade’? Quanto a este assunto, reina por toda a Escritura a quietude da sepultura. Não é isso estranho, especialmente quando consideramos a importância do louvor como parte da adoração divina, e a agitação que ‘a introdução de hinos nos cultos da igreja’ frequentemente produz no momento atual? (b.) É razoável supor que na exata infância da igreja do Novo Testamento seria encontrado um número suficiente de tais homens qualificados para suprir a igreja com esses hinos e odes espirituais? Tome estes efésios, por exemplo. Sabemos o que eles eram antes de serem convertidos ao cristianismo. Eles foram afundados em toda a ignorância e poluição da idolatria, tendo sido desde de sua infância adoradores da ‘grande deusa Diana’. Sem, de forma alguma, presumir pôr em causa a existência entre eles de homens de erudição, caráter e piedade, cremos que não é de modo algum uma suposição irrazoável, que não teria sido seguro atribuir a homens recém-convertidos de sua adoração idólatra, e, consequentemente, porém parcialmente iluminados e estabelecidos na verdade, a produção de ‘hinos e cânticos espirituais’, para celebrar os louvores de Jeová. Em nossa opinião, isso parece ser uma experiência perigosa. (c.) A produção de hinos por parte de homens não inspirados, produziria, com toda a probabilidade, dificuldades entre os cristãos hebreus e gentios. Na linguagem dos editores do Repertório, ‘Os cristãos hebreus provavelmente estavam acostumados desde a infância a somente considerar os salmos inspirados admissíveis no culto do santuário, e nutriam um temor santo e até mesmo supersticioso de todas as coisas tal como inovação ou afastamento de os bons e velhos costumes de seus pais’. É provável que nessas circunstâncias o apóstolo iria dirigir ao uso de hinos não inspirados, quando eles tinham ‘aqueles cânticos de Sião que eram associados a todas as suas lembranças e sentimentos mais antigos?’ E se a direção, em relação aos hinos e cânticos espirituais, fosse destinada apenas aos cristãos gentios, não seria sua introdução calculada para manter um mau estado de sentimento entre essas duas classes de cristãos, que estavam tão dispostos a nutrir sentimentos hostis em relação um ao outro? (d.) A presunção mais forte, entretanto, que apresenta-se à nossa mente contra essa interpretação é: que esta coloca composições não inspiradas em pé de igualdade com aquelas que são inspiradas. Aqui temos, de acordo com esse ponto de vista, o apóstolo associando, na mais íntima conexão, aquilo que é confessadamente a palavra de Deus, com a palavra do homem; e não só isso, mas direcionando-a para ser usada para o mesmo fim. Agora, gostaríamos de dirigir a nós mesmos a essa reverência que o leitor cristão preza pela palavra de Deus, e perguntamos a ele se é razoável uma interpretação que envolve tal presunção como esta? Caso o ouvíssemos dando uma resposta afirmativa a essa pergunta, devemos dizer que a receberíamos sem nenhuma surpresa. (4.) Outra evidência a favor de supor que o apóstolo quis dizer a mesma coisa por estes três termos , é o fato que estes são empregados assim por parte de escritores ingleses, gregos e hebreus que não são inspirados, e também por parte de escritores inspirados. Uma multiplicidade de exemplos pode ser dada, mas nos limitaremos a alguns. No prefácio de uma obra recente, intitulada ‘Os Salmos de Davi, traduzido por J. A. Alexander, professor do Seminário Teológico de Princeton’, o leitor encontrará as seguintes observações: ‘Uma semelhança ainda mais marcante é que eles (os Salmos) são todos não apenas poéticos, mas líricos, i. e. cânticos, poemas, pretendidos a serem cantados, e com um acompanhamento musical. Em terceiro lugar, todos eles têm letras religiosas, até mesmo aqueles que parecem à primeira vista os mais seculares em tema e espírito, mas que são todos encontrados na investigação como sendo fortemente expressivos do sentimento religioso. Em quarto lugar, todos eles têm letras, salmos e hinos eclesiásticos, pretendidos a serem usados permanentemente na adoração a Deus, não excetuando aqueles que têm a impressão mais clara da conexão original com as relações e experiências sociais, domésticas ou pessoais dos escritores’. Agora temos este professor altamente estimado e respeitado, declarando não apenas que os Salmos de Davi são todos pretendidos a serem permanentemente usados no culto público de Deus (uma observação que merece a atenção do leitor), mas também que todos estes são cânticos e hinos. Essa linguagem será justificada? Então por que supor que o apóstolo quis dizer qualquer outra coisa por esses termos, senão os mesmos salmos de Davi, e por que representar aqueles que confinam a questão de seu louvor a esses salmos, como opondo-se ao uso de hinos e cânticos espirituais? Josefo refere-se aos Salmos de Davi sob o nome de cânticos e hinos. Os Cânones Apostólicos contêm esta injunção: . ‘Que alguém cante os hinos de Davi, e que o povo repita as linhas finais.’ Aqui temos não apenas uma prova da grandíssima antiguidade do uso dos Salmos de Davi na igreja cristã, mas também uma prova que estes eram conhecidos pelo nome de hinos—o mesmíssimo nome no original que o apóstolo emprega no texto. O Dr. Gill nos diz que estes não mencionados no Talmud pelo nome de ‘cânticos e louvores, ou hinos’. Abramos agora as sagradas Escrituras, e nelas encontraremos prova quanto ao mesmo efeito. Encontramos os Salmos chamados ‘Sepher Tehillim’ (o Livro de Hino), no próprio título da cópia hebraica dos Salmos. O 145º Salmo é chamado Tehilla l’ David, o qual Gesenius traduz por ‘um hino de Davi’. O mesmo termo é frequentemente introduzido no corpo do Salmo. Que o leitor compare o 22º Salmo e o 23º verso do hebraico, com o grego de Hebreus 2:12, e ele descobrirá a declaração do salmista: ‘Cantar-te-ei louvores no meio da congregação’, [ahalleka] traduzido pelo apóstolo como [ ] ‘Cantar-te-ei um hino’. A palavra “Aleluia”, a qual tão frequentemente ocorre no Salmos, é apenas uma convocação para cantar um hino ao Senhor. Outras ilustrações disso podem ser dadas, mas que estes sejam suficientes. Ora, quando encontramos os escritores sagrados, e entre estes o próprio apóstolo, usando precisamente este termo ‘hino’ em aplicação aos cânticos de inspiração, não é justo inferir que ele usou- o com a mesma aplicação na passagem diante de nós? Mas isso não é tudo. Geralmente é pressuposto que o apóstolo fez uso da versão Septuaginta das Escrituras. Com essa versão os efésios e colossenses, sendo gregos, estavam, sem dúvida, familiarizados. Abramos, então, essa versão dos Salmos, e encontraremos alguns destes tendo o título de um salmo, outros de um hino, e outros de um cântico, exatamente correspondente aos três títulos {cabeçalhos} hebraicos: Mizmar, Tehilla e Shir. Estas palavras na Septuaginta são as mesmas que aquelas as quais são empregadas pelo apóstolo quando ele direciona os efésios e colossenses a ‘cantarem salmos, hinos e cânticos espirituais’. Irá o leitor então olhar para isso e perguntar a si próprio se as probabilidades em favor de nossa interpretação dessa passagem não são tais que quase equivalem a uma certeza moral. Podemos, justamente, observar que os editores do Repertório dizem, vol. 7, página 76: ‘A evidência externa coloca os títulos dos Salmos precisamente no mesmo fundamento com os próprios Salmos’. O Professor Alexander, de Princeton, diz: ‘Estes são encontrados no texto Hebraico na medida em que podemos rastrear a sua história, não como addenda, mas como partes integrais da composição’. (5.) “Outra consideração que torna altamente provável que o Livro dos Salmos é pretendido pelo apóstolo, é o fato que a mesma linguagem é empregada pelo evangelista em Mateus 26:30, em que ele nos diz que o Salvador e Seus discípulos, na ocasião da celebração da páscoa, cantaram um hino; [ , eles tendo hinado]. Que uma porção dos Salmos de Davi foram usados, é quase universalmente admitido. De fato, dificilmente há algo sobre o qual os comentaristas pareçam mais concordantes do que isso. A evidência a seu favor é tão forte quanto poderia ser sem ser positivamente afirmada pelo historiador. Os escritos dos judeus abundam com testemunho para provar que era costume deles cantar solenemente os seis Salmos de Davi, começando com o 113º e terminando com o 118º. Não há evidência de que um hino tenha sido feito para a ocasião, e sabemos que era costume dele cumprir com as observâncias dos judeus, das quais essa era uma parte e, certamente, a parte mais apropriada. Ora, for admitido que o hino cantado por nosso Salvador e Seus discípulos nessa ocasião mais tocante foi um hino inspirado, argumentamos, a partir desta admissão, que os hinos mencionados pelo apóstolo nessas passagens pertenciam à mesma coleção inspirada. Se essa coleção inspirada foi usada por nosso Senhor e Seus discípulos, a presunção é, na ausência de qualquer prova ao contrário, que estes ainda continuariam a ser usados pelos discípulos. Que essa admissão é feita por aqueles que usam composições não inspiradas, temos apenas que nos referir ao Sr. Barnes. Ele diz sobre essa passagem: ‘A páscoa era observada pelos judeus por meio do cantar, ou entoar, os 113º, 114º, 115º, 116º, 117º e 118º Salmos Não pode haver dúvida que o nosso Salvador e os apóstolos também, usaram os mesmos Salmos na observância deles de a páscoa’. Por que, então, duvidar que o apóstolo referiu-se à mesma coleção quando ele disse aos efésios para ‘cantarem hinos’? Certamente, se qualquer argumento pode ser extraído do usus loquendi dos escritos sagrados, está do lado daqueles que sustentam que a referência nesta passagem é aos Salmos da inspiração divina. (6.) Nas observações precedentes, observamos simplesmente os nomes empregados pelo apóstolo ao designar aquilo que ele teria para que os efésios e colossenses cantassem. Pedimos agora ao leitor que nos dê sua atenção enquanto apresentamos à sua consideração alguma evidência adicional, extraída da linguagem empregada pelo apóstolo em conexão com o uso desses três termos. (a.) Esses cânticos são chamados ‘cânticos espirituais’ [ ]. O pagão fazia uso de odes. A fim de distinguir aqueles que o apóstolo queria que eles usassem, ele os chama de ‘espirituais’. Ora, percebemos que há, no uso deste termo, uma prova de que os cânticos referidos pelo apóstolo eram aqueles contidos nas Escrituras. Se o leitor se esforçar, como temos nos esforçado, para examinar aqueles lugares nas Escrituras do Novo Testamento onde esta palavra ocorre, ele descobrirá que em todo caso onde a referência não é aos espíritos criados, há uma referência distinta ao Espírito de Deus como sendo o autor daquele ao qual o termo é aplicado. Assim, ‘dons espirituais’ são tais que são comunicados diretamente pelo Espírito. Citaremos aqui as palavras do Sr. Barnes a respeito da palavra ‘espiritual’, sendo que ela ocorre em 1 Cor. 10:3-4, ‘E todos comeram do mesmo alimento espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque eles bebiam da Rocha espiritual que os seguia’. ‘A palavra espiritual aqui’, diz o Sr. Barnes, ‘é evidentemente usada para denotar aquilo que era dado pelo Espírito, ou por Deus; aquilo que era o resultado desse dom miraculoso, e que não era produzido por maneira ordinária, e que não era a comida material em que os homens geralmente eram sustentados. Ela tinha uma excelência e valor a partir do fato que ela era o dom imediato de Deus, e assim chamada comida dos anjos, Sl. 78:25. É chamada por Jesefo de ‘comida divina e extraordinária’ [Antiq. 3.1]. Na linguagem das Escrituras, aquilo que é distinguido por excelência, que é o dom imediato de Deus, que é diferente daquilo que é material, e de origem terrena, é chamado espiritual, para denotar sua pureza, valor e excelência; compare Rm. 7:14, 1 Co. 3:1; 15:44, 46; Ef. 1:3. A ideia de Paulo aqui é que todos os israelitas eram nutridos e sustentados dessa maneira extraordinária por meio de comida dada diretamente por Deus’. Novamente ele diz, ‘A palavra espiritual deve ser usada no sentido de sobrenatural, ou aquilo que é imediatamente dado por Deus’. Além das passagens às quais o Sr. Barnes se refere, que o leitor consulte Rm. 1:11; 15:27; 1
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