Nós somos estudantes de diversos cursos da USP, militantes do movimento Rebeldia, do PSTU e estudantes independentes. Achamos que a única forma de enfrentar os ataques dos governos é na construção de um novo movimento estudantil combativo que represente democraticamente os estudantes. Queremos um movimento estudantil que vá para além dos muros da universidade, que faça unidade com os operários, o povo pobre e toda a classe trabalhadora, porque só assim podemos derrotar de verdade Bolsonaro-Mourão, Dória e todos que nos atacam e roubam nossas vidas, nosso presente e nossas perspectivas de futuro! Os gritos de rebeldia da juventude, dos trabalhadores e do povo pobre ecoam pela América Latina e por todo o mundo. As grandes lutas do Chile e do Equador contra as medidas neoliberais de seus governos, ou os enfrentamentos em Hong Kong, são só alguns exemplos das rebeliões dos de baixo que indicam que acabou a paz para os de cima. Seguir o caminho que essas rebeliões populares apontam é urgente para derrotar os governos e os planos imperialistas para o Brasil, e nós - estudantes e jovens - temos um papel a cumprir nisso. Infelizmente, as direções das grandes centrais sindicais e entidades estudantis, inclusive nosso DCE, apontam um outro caminho destinado ao fracasso: o da conciliação, das alianças eleitorais com a burguesia, da desmobilização. É por isso que nós construímos uma chapa de oposição consequente para as eleições do DCE Livre da USP de 2020 – por um movimento estudantil aliado aos trabalhadores, que ocupe a USP e as ruas com sua revolta! O governo atual representa de forma escancarada exatamente todo o contrário do que defendemos. Um presidente com uma relação cada vez mais explícita com as milícias, inclusive com denúncias de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Como fizeram com Marielle e Anderson, querem fazer com toda a juventude negra, pobre e das periferias, continuando e aprofundando o extermínio da população negra. Da mesma forma, acelera as políticas de genocídio dos povos indígenas que lutam por suas terras, enquanto o agronegócio segue saqueando e destruindo a Amazônia em nome do lucro dos grandes empresários e do capital estrangeiro. O projeto de Bolsonaro e Guedes também envolve a privatização de todas as esferas da vida, desde a Embraer e a Petrobrás, até inclusive a educação, através do projeto Future-se e do corte das bolsas públicas de pesquisa - o que abre ainda mais espaço para a iniciativa privada na graduação e na pós. Na prática, isso significa a expulsão de parte dos jovens pobres e negros das salas de aula, além de colocar todo o conhecimento que é produzido nas universidades à serviço apenas da ganância dos megaempresários da educação e da produção de mão de obra barata. A nossa universidade, através de muita luta, conseguiu a vitória histórica da aprovação das cotas étnico-raciais – contudo, se depender de Bolsonaro e Dória, as taxas de evasão dos estudantes negros e indígenas vão aumentar por falta de políticas de permanência. A luta em defesa da educação >>> CHAPA DE OPOSIÇÃO - ELEIÇÕES DO DCE DA USP 2020 u m g r i t O d e r e b e l d i a 1 1 9 5 1 6 3 4 8 5 9 M A R I N A DIAS DE VOTAÇÃO: 5, 6 E 7 DE NOVEMBRO @ R E B E L D I A _ J U V E N T U D E F A C E B O O K . C O M / R E B E L D I A U S P QUEM SOMOS CONTRA BOLSONARO, MOURÃO E DÓRIA - A SAÍDA É REBELIÃO! P Á G I N A 2 UM GRITO DE REBELDIA | CHAPA DE OPOSIÇÃO - ELEIÇÕES DO DCE DA USP 2020 >>> pública passa necessariamente pela defesa e melhoria da moradia estudantil para toda a demanda, reajuste e ampliação das bolsas e reabertura de vagas nas creches, entre tantas outras. Ao mesmo tempo, nossas reivindicações se combinam com pautas históricas dos professores e trabalhadores da USP, que com a retirada de direitos pela reitoria de Vahan e pelo governo de Dória exigem a contratação de professores por regime integral, a contratação efetiva e direta dos trabalhadores terceirizados, o reajuste salarial etc. Quando nos levantamos pelos direitos de estudar, de trabalhar e até mesmo de existir, somos acusados de promover a “balbúrdia” e nossos professores de serem doutrinadores privilegiados. Nós sabemos que nada disso é verdade! O investimento feito por estudante no país é bem abaixo da média dos países ricos, e com mais de R$7 bilhões de corte a situação só vai piorar. Para além disso, os cortes de bolsas de pesquisa atingem em cheio os principais centros de produção de conhecimento científico do país, como a nossa universidade, jogando ao desespero estudantes que dependiam dessas bolsas, de valor já abaixo do necessário, para sobreviver e se manter estudando. É um projeto de precarizar para privatizar e privatizar para precarizar - um projeto elitista e excludente. Se não bastasse, o governo ainda nos ameaça com tentativas de censura, intervenção ideológica e restrição das nossas liberdades democráticas: o projeto “Escola Sem Partido” e a “CPI das Universidades” são exemplos disso. Acompanha isso a mistura de pseudociência, militarismo e fundamentalismo religioso na política de Bolsonaro e do MEC. Temos que barrar essa intromissão, em defesa da liberdade do ensino e da ciência, garantindo a verba e a autonomia para a educação e a pesquisa científica. A fala de Eduardo Bolsonaro insinuando um “novo AI-5” é emblemática nesse sentido, e nossa resposta deve vir das ruas - se os de cima radicalizam contra nós, seremos radicais contra eles, com a mesma bravura dos povos do Chile e do Equador! CONSTRUIR A UNIDADE PARA LUTAR, NÃO PARA CONCILIAR! Contra Bolsonaro e a direita, dizemos: toda unidade possível é necessária. Aqueles que se colocam no campo de oposição a nível nacional, desde seus partidos, centrais sindicais e entidades de base, devem fazer um esforço para a construção de iniciativas de luta em comum. Para nós, estudantes, o primeiro passo é nos colocar ao lado dos trabalhadores que hoje lutam por seus salários, pela aposentadoria, pela moradia, pelas terras, pela saúde e tantos direitos que o capitalismo nos nega diariamente. Entretanto, a unidade que construímos nas mobilizações não pode significar o fim das críticas e autocríticas, nem ser desviada das ruas para as urnas. É nesse sentido que fazemos a seguir a crítica à atual gestão do DCE Livre da USP, e às organizações que a constroem (PT, PC do B e Consulta Popular). PARA O MOVIMENTO ESTUDANTIL AVANÇAR: UMA NOVA DIREÇÃO! As tarefas que temos pela frente são grandes, e acreditamos que os estudantes têm um papel fundamental a cumprir nesse momento crítico. Muitos estudantes, diante da ausência de um movimento estudantil ativo e organizado na USP nos últimos anos, têm dificuldade de participar dele, ou mesmo de acreditar que é possível outro tipo de movimento – nós dizemos, os estudantes podem avançar muito, se as direções traidoras saírem da frente! Vimos em maio deste ano um ato de milhares de estudantes saindo da USP em direção a uma manifestação ainda maior na Av. Paulista, construindo na prática a unidade da educação em todo o Brasil e entre estudantes, professores e os demais trabalhadores. É essa a disposição que historicamente colocou a juventude a frente de grandes processos de luta, inclusive em nossa universidade, que foi ativa no combate à ditadura militar, que fez parte das ondas de ocupações de reitorias contra a precarização e privatização do ensino em 2007, entre tantos outros. Contudo, agora que temos o maior desafio para o movimento das últimas décadas nos perguntamos: o que aconteceu com a revolta dos estudantes? Por que não saímos às ruas depois de maio? P Á G I N A 3 UM GRITO DE REBELDIA | CHAPA DE OPOSIÇÃO - ELEIÇÕES DO DCE DA USP 2020 Hoje, para derrotar Bolsonaro é preciso, além de debater sobre os rumos do movimento estudantil, debater sobre os rumos do país! Queremos discutir um projeto de educação radicalmente diferente do que nos é imposto pelo capitalismo: que todos tenham acesso à educação, e que ela seja organizada democraticamente pelos trabalhadores, povo pobre e oprimido, em que o conhecimento seja produzido para atender as nossas necessidades e interesses, e não para atender a fome de lucro de um punhado de ricos. Para garantir a educação pública, gratuita e de qualidade para todos e os direitos dos trabalhadores e da juventude, a saída para o país passa pela construção de um governo dos trabalhadores, uma rebelião que rompa com o capitalismo e construa uma sociedade socialista. Acreditar que o caminho é tentar administrar esse sistema capitalista podre e falido de maneira mais humana só serve para enganar o povo e não resolve a mazelas que ameaçam a vida dos jovens e trabalhadores. Um projeto eleitoreiro é uma ilusão de melhorar o capitalismo por dentro conciliando com a classe dominante. Dizemos: os trabalhadores não estão derrotados e a revolução socialista é necessária, e ossível! Qualquer outra saída só serve de engano! Os estudantes seguem revoltados e dispostos, mas seus anseios são esmagados por uma direção que não tem como projeto organizar a mobilização. O PT e o PCdoB, assim como desde dentro da CUT e CTB traíram a Greve Geral chamada para junho deste ano, e como desde a direção majoritária da UNE não chamaram pela unificação das lutas da educação quando as federais, como a UFSC, davam um exemplo de luta contra o “Future-se”, na USP deixaram o movimento largado às moscas enquanto se reúnem a portas fechadas com a reitoria e as diretorias. Seu projeto político de seguir apostando nas eleições e na conciliação de classes, e de colocar a campanha em defesa de Lula acima das demandas imediatas dos estudantes, foram um verdadeiro entrave para a mobilização. É por isso que construímos uma chapa de oposição para essas eleições - é preciso destravar as mobilizações para dentro e para fora da universidade! Não podemos repetir os erros desses setores. É preciso superar a direção atual no DCE para realmente unificar os estudantes e construir um novo movimento que seja democrático, combativo e construído no dia a dia dos cursos, e que não fique atrelado à velha estratégia de conciliação, pois já vimos no que isso deu. Precisamos de um movimento estudantil mais amplo e radicalizado, pronto para responder aos ataques, pois os de cima já estão prontos para radicalizar e nos atacar. E acreditamos que, nesse momento, inclusive no processo eleitoral para nossa principal entidade, os setores que são contra o governo, e que enxergam a necessidade de superar a direção petista, deveriam construir uma ampla unidade. Entretanto, parte da oposição da esquerda ao DCE infelizmente não é coerente com isso - vemos uma prática diária de setores do PSOL e PCB em compactuar com os erros da gestão do DCE, e apesar de uma ou outra exigência por mais reuniões e maior abertura, se abstêm de debater um projeto político de fundo que escape à lógica eleitoreira à sombra do PT e do PC do B, e aposte na força do estudante ao lado do trabalhador. O que acontece quando seguimos apostando em estratégias por dentro de um sistema falido já está bem demonstrado por Flávio Dino do PCdoB, que apesar de carregar um nome “de esquerda”, foi favorável à entrega da Base de Alcântara para os Estados Unidos, e a expulsão de centenas de famílias quilombolas para concretizar isso. Não há mais tempo para nos agarrar às ilusões desse sistema em decomposição: precisamos de um mundo novo, um futuro nas mãos dos trabalhadores! NOSSA ESTRATÉGIA É REVOLUCIONÁRIA! NOSSA SAÍDA É O SOCIALISMO! #ORGANIZE SUA REBELDIA Para derrotar os governos que nos atacam, para destruir esse sistema que nos explora e oprime, e para construir uma nova sociedade é preciso lutar e é preciso que nos organizemos politicamente! Por isso te convidamos a conhecer o movimento Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista. Somos um movimento nacional de jovens estudantes e trabalhadores que tem como estratégia a luta revolucionária junto aos operários e o conjunto dos trabalhadores em sua luta para derrotar o capitalismo e construir uma sociedade socialita. Vem com a gente construir essa ferramenta pras lutas! Milite no Rebeldia! P Á G I N A 4 UM GRITO DE REBELDIA | CHAPA DE OPOSIÇÃO - ELEIÇÕES DO DCE DA USP 2020 PARA O BRASIL: PROPOSTAS DA CHAPA Chega de Bolsonaro e Mourão! Fora ministro da educação! Não às privatizações das empresas estatais e ao projeto Future-se! Pelo direito ao estudo e ao trabalho digno! Que tirem 1 trilhão dos banqueiros! Parem de pagar a dívida pública aos empresários e banqueiros! Pela estatização das cem maiores empresas! Revogação das reformas da previdência e trabalhista e da lei da terceirização! Em defesa do emprego! Bolsonaro sai, Amazônia fica! Punição à Vale, Samarco e todos os responsáveis pelos crimes ambientais! Basta de encarceramento e genocídio da população negra e indígena! Investigação e punição a quem mandou matar Marielle e Anderson! Desmilitarização da polícia já! Organizar a autodefesa dos trabalhadores e da periferia! Basta de violência machista, racista e LGBTfóbica! Implementação real da lei Maria da Penha e da criminalização da LGBTfobia! Debate de gênero nas escolas SIM! Pelo direito aos nossos corpos, à nossa sexualidade e à identidade de gênero! As nossas vidas importam! Nem uma a menos: aborto legal, seguro e gratuito já! Não à “cura gay” e pela despatologização das identidades trans e travesti! Não às intervenções militares nas favelas! Em defesa das terras indígenas e quilombolas! Em defesa das liberdades democráticas: lutar não é crime! Ditadura nunca mais! Autonomia ideológica para as instituições de ensino! Não à censura! Lula e PT não são a solução! Que se faça no Brasil como no Chile, construir uma saída a partir das ruas! >>> da USP! Não às câmeras, não às catracas! Não à privatização! Por salários e condições dignas de trabalho na universidade! Efetivação imediata e sem necessidade de concurso dos trabalhadores terceirizados, pelo fim da terceirização! Contratação de professores por regime de dedicação exclusiva já! Não ao corte de ponto dos trabalhadores e ativistas em greve! Contra a estrutura burocrática de gestão da universidade! Fim da lista tríplice! Por uma USP gerida pelos estudantes, funcionários e trabalhadores de forma democrática! Por uma campanha unificada entre as escolas e universidade, estudantes e professores, contra a BNCC, a Reforma do Ensino Médio, o Future-se, o Novotec e o PEI! Por uma USP 100% pública, gratuita, laica, de qualidade e a serviço da classe trabalhadora! PARA A USP: Entrar, permanecer, enegrecer: pela ampliação das cotas étnico raciais proporcional à população! Pelo vestibular indígena! Cotas na pós-graduação já! Cotas para pessoas trans e travestis nas universidades já! Não aos cortes dos auxílios e das bolsas de permanência, da CAPES e do CNPq! Reajuste das bolsas e oferta para toda a demanda! Bolsas sem contrapartida para toda demanda! Devolução dos blocos K e L do CRUSP, ampliação e reforma das moradias estudantis para todos que precisarem! Abertura das vagas nas creches para toda a demanda de mães e pais estudantes e trabalhadoras! Garantir o passe livre e a cota estudantil! Chega de violência e estupros: garantir a implantação do Centro de Referência para Mulheres na USP! Por uma política de moradia específica para LGBTs, mulheres, negras e negros e indígenas, para vítimas de violência e para estudantes sem vínculo familiar! Reabertura plena do Hospital Universitário! Assistência Social e atendimento psicológico em todos os campi! Por uma política de segurança debatida e decidida ampla e democraticamente pelos estudantes e trabalhadores >>> CONSTROEM A NOSSA CHAPA PARA O MOVIMENTO ESTUDANTIL: Por um DCE democrático, combativo e construído pela base, com reuniões abertas e uma gestão proporcional! Democracia no movimento! Por fóruns de deliberação amplos e construídos na base, onde os estudantes decidam sobre o rumo das lutas, sem burocracia ou manobras! Construir um forte Congresso dos Estudantes da USP em 2020! Construir e fortalecer comitês de luta contra Bolsonaro e Dória e contra todos os seus ataques! Os estudantes não lutam sozinhos – unidade com funcionários e professores, das três estaduais paulistas! Apoiar e fortalecer o SINTUSP, a ADUSP e a CSP Conlutas! O movimento estudantil é para lutar contra os governos e os patrões! Contra toda forma de opressão no movimento estudantil, ouvir a voz das mulheres, negros e negras, indígenas e LGBTs! Por um DCE que fortaleça os coletivos de combate às opressões! Construção do Novembro Negro e das Marchas da Periferia para dentro e para fora da USP! GRADUAÇÃO: DIREITO: João Conceição, Gabriel Kodo, Natália Betoni, Renan Ferrão, Aléxia Rosa. | FILOSOFIA: Marina Dias. | FÍSICA: Marina Ansanelli. | HISTÓRIA: Debbie Leite, Marina Cintra, Pedro Vasconcelos. | IME: Juliana Trevine. | LETRAS: Desirée Nunes, Marianna Gabrielli, Alisson Kameya, Guilherme Bastos, Valquiria Rocha | IGC: Clarissa Freitas | FOFITO: Mariana Aparecida | ESALQ: Franscisco Napolitano, João Napolitano. | FAU: Lucas Cazula. | ECA: Leonardo Gilly, Luigi Rizzon. PÓS-GRADUAÇÃO: Anália Cerqueira, Bruna Ornellas, Consuelo Carmen, Alexandre De Chiara, Pedro Pinto, Ronald Núñez, Soraya Misleh, Fabiana Marchetti, Priscila Lirios. CURSINHOS POPULARES DA USP: Rodrigo Sousa.