O ISLAM DO ALCORÃO A mensagem de Allah sem tribalismo, sharia, hadith e fatwas Thiago Tamosauskas Versão digital gratuita impressa e outros recursos: https://linktr.ee/Alcorao 1 2 SUMÁRIO A MENSAGEM 6 CÓDIGO DE SEGURANÇA: PORQUE CONFIAR NA ALCORÃO? 11 DICIONÁRIO DE TERMOS CHAVE 29 ZIKR - A LEMBRANÇA 32 SALAT - ORAÇÃO DE CONTATO 35 Um Modelo de Salat 38 ZAKAT - CARIDADE REGULAR 41 SIYAN - JEJUM INTERMITENTE 44 HAJJ - PEREGRINAÇÃO 47 O CÓDIGO DE CONDUTA DE ALLAH E SEU MENSAGEIRO 52 Teologia 53 Religião 54 Epistemologia 56 Ética 57 Saúde 59 Sociedade 61 A ÉTICA UNIVERSAL DO ALCORÃO 65 MELHORANDO A COMPREENSÃO DO ALCORÃO 73 3 4 A MENSAGEM “Em verdade, fizemos o Alcorão de fácil entendimento. Haverá quem queira aprender? - Alcorão, 54:17 E m um planeta rochoso coberto por 70% de água orbitando uma estrela de quinta grandeza, uma mensagem foi recebida. Essa mensagem demorou 23 anos para ser completamente transmitida e seu conteúdo revelava aos nativos deste mundo "aquilo que eles não sabiam." Uma mensagem com orientações sobre metafísica, ética, filosofia e ciências naturais muito além daquelas alcançadas pelo desenvolvimento daquele povo. Trazia também uma série de regras de conduta que se fossem aplicadas pelo indivíduo e pela sociedade levaria os moradores de qualquer região do universo ao seu pleno desenvolvimento nesta vida e na próxima vida. Sim a mensagem falou sobre uma outra vida depois dessa, uma na qual a conduta de cada um seria julgada e receberia justa punição ou recompensa por parte daquele que deveria ser o único a ser adorado, o criador do universo, Allah, que era ele mesmo o autor dessa mensagem. Como veremos a mensagem foi codificada de tal forma que certifica tanto sua origem quanto sua integridade, mas deixemos isso para o próximo capítulo. Por enquanto entenda 5 que o receptor desta mensagem e encarregado de levá-la às demais pessoas foi Muhammad, um homo sapiens como todos os outros nativos que morava em uma região desértica organizada de forma tribal. Aquela não era a primeira vez que uma transmissão daquela natureza havia sido enviada ao planeta, mas desta vez a mensagem não era só para uma tribo, nem só para sua região. Era agora destinada a todos os humanos de todas as épocas e de todos os lugares. Tudo parecia estratégico para que a mensagem se espalhasse. A região em que a mensagem foi recebida era ligação entre três grandes continentes e por lá passavam as principais rotas comerciais. O idioma usado foi o árabe desenvolvido por comerciantes por séculos para descrever as mais variadas e estranhas mercadorias mas ainda não utilizado para escrever nenhum grande tratado sobre o que quer que fosse. Além disso, o árabe é uma língua especialmente flexível que permite não apenas a inflexão como em outros idiomas do planeta mas também uma expansão quase que ilimitada com base nas raízes das palavras. Para todos os efeitos o Alcorão pode ser entendido como um manual para construir uma civilização do zero. De fato todos os povos que de alguma forma se destacaram de seus vizinhos na construção de uma sociedade melhor em algum grau aplicou algumas das lições ensinadas neste livro. O Alcorão conta sobre a ascensão e queda de alguns desses povos como os egípcios, babilônicos, os sabeus e o povo de Israel. Da mesma 6 forma, todos os indivíduos da história que se destacaram por sua nobreza, genialidade ou disposição foram aqueles que aplicaram um ou mais dos princípios ensinados por esta mensagem. Entre estes o Alcorão coloca o nome de Abraão, Moisés, Salomão, Maria, Jesus e muitos outros. Em primeiro lugar, o Alcorão apresenta fatos básicos do mundo natural essenciais de sobrevivência que sociedade precisa dominar para se desenvolver. Fala por exemplo do uso dos astros como calendário (6:96, 10:5), das estações do ano (106:2), do ciclo da água (106:2,23:18), da higiene pessoal (2:222), da auto-defesa (2:190-192) e da agricultura (15:22, 6:99, 6:141, 67:15, 32:27, 39:21, 2:22, 13:4). Além de uma série de outras exortações e admoestações sanitárias que poderão ser vistas mais à frente neste livro. Além disso sugere conhecimentos naturais não tão básicos como por exemplo a origem aquática da vida (24:45, 21:30) e seu desenvolvimento em etapas (71:14,17), as correntes oceânicas (24:40), noções de geologia (78:7-8, 50:8, 71:19 27:88), neuroanatomia (96:15-16, 4:56), o desenvolvimento dos fetos (39:6, 23:13-15), o formato ovalado da Terra (79:30), às camadas atmosféricas (71:15 21:32) e ate da vida fora da Terra (42:29). Não apenas apresenta estes fatos, mas possui um verdadeiro tesouro em conselhos de como desenvolver a investigação racional do mundo, como poderá ser visto nas exortações e admoestações epistemológicas adiante. 7 Mais importante do que tudo isso, o Alcorão oferece uma base moral que pode ser aplicada universalmente e é capaz de aprimorar qualquer sociedade e melhorar qualquer indivíduo, baseada no monoteísmo puro (ex. 3:2) e em um senso moral universal que garante que as pessoas prestarão contas de seus atos (ex.3:30). Isso é ilustrado com imagens fortes mas que não entram em detalhes metafísicos desnecessários que poderiam criar disputas religiosas e distrair os leitores de seu propósito. As exortações e admoestações teológicas dadas a seguir mostram como essa visão de mundo é bastante prática e às exortações e admoestações religiosas dão a quem as seguir uma estrutura, rotina e preceitos claros para praticar este modo de vida. Por fim, o Alcorão dá ainda uma vasta coleção de exortações e admoestações sociais sobre como organizar a sociedade civl com regras para a economia, administração pública, casamento, trabalho, herança e para lidar com disputas, crimes e guerras. Um resumo deste sistema é o que tentaremos apresentar nesta obra. Tentaremos ser o mais sucintos possível, mas tenha em mente que Allah, o autor do Alcorão, não o escreveu na forma de uma constituição ou um códice legislativo, mas com um livro rico, recheado de narrativas, parábolas, exemplos e ilustrações. Isso significa que é assim que o autor quer que ele seja lido. 8 Por mais sucinta e direta que seja, nem essa lista, nem qualquer outra forma de codificação ou jurisprudência pode substituir ou sequer ser comparado com o Alcorão. O próprio texto sagrado alerta contra aqueles que parcionam seu texto (15:90) e o transformam em fragmentos (15:91). Essa não é a intenção desta obra. Pelo contrário, queremos que você com ela se estimule a ler Alcorão todos os dias. Estude-o. Recite-o. Aprenda árabe e leia no original. Medite sobre o que está escrito. Não coloque intermediários entre você e Allah. Que estas páginas sejam apenas o capacho para a porta de entrada do palácio que é o Alcorão. 9 CÓDIGO DE SEGURANÇA: PORQUE CONFIAR NA ALCORÃO? “E se estais em dúvida sobre o que Nós revelamos ao Nosso adorador, então produzi um capítulo como esse.” - Alcorão, 2:23 E xistem muitos livros considerados sagrados na literatura mundial. Temos a Torá judaica, os Evangelhos cristãos, o Bhagavad-Gita hindu e muitos outros. Ainda que consideremos qualquer um destes genuínos, como podemos ter certeza que não passou por algum tipo de modificação até chegar até nós? Peça, por exemplo para um cristão ou judeu culto usar um único argumento a favor da legitimidade de seu respectivo livro sagrado que um muçulmano também não possa usar em favor do Alcorão. Antecipando o resultado desta brincadeira, você provavelmente vai ganhar uma aposta e perder um amigo. Profecias realizadas, sentimentos latentes no fundo do coração... se temos isso em no Novo e no Antigo Testamento em grego e hebraico, temos também em árabe no Alcorão. O grande problema de tentar justificar uma religião utilizando argumentos humano é que elas são 10 subjetivas e portanto dependem da boa vontade das pessoas em aceitar ou não seus argumentos. Mas um livro de origem divina não se limitaria aos argumentos humanos, se fizer este mesmo desafio para alguém que realmente conheça o Alcorão, você pode se surpreender. Alcorão, uma escritura preservada? De cara o Alcorão é o único livro sagrado que tem um gabarito confirmado. Os textos da Torah se perdem no passado, os livros atribuídos a Moisés relatam a morte e o sepultamento de Moisés, algo que dificilmente seria escrito por ele, por exemplo. Já a visão mais otimista coloca o Novo Testamento sendo escrito quase um século depois da morte de Cristo e não pelos apóstolos originais e sim por pessoas que conviveram com aqueles que conviveram com Cristo. Já o Alcorão foi ditado por Muhammad na frente de todos e registrado durante a própria vida do Profeta, repetido diariamente por ele e deixado para a posteridade. Muhammad talvez seja o homem mais biografado que já existiu e muitas destas biografias confirmam que todos os anos, no mês do Ramadã, ele recitava todo o Alcorão até então recebido. Não apenas isso, mas antes de morrer ele o recitou inteiro duas vezes no seu leito de morte e muitos seguidores também decoravam. Como dissemos, de cara, o Alcorão é o único livro cuja autoria pode ser historicamente legitimizada. Enquanto cristãos e judeus fazem debates acadêmicos sobre onde estariam as cópias mais antigas de seus respectivos livros sagrados, os muçulmanos podem visitar os originais do Alcorão na Mesquita de Telyashayakh, no 11 Uzbekistão ou sua cópia contemporânea no Palácio de Topkapı, Turquia. Não existem variações no texto de um alcorão lido em Buenos Aires e outro em Moscou. Além disso, ao contrário do aramaico o árabe é uma língua viva, sendo a mais difundida de todas as línguas semíticas, e falada diariamente por cerca de 150 milhões de pessoas que consideram-na seu idioma materno. Como todos sabemos, nos primeiros anos de cada religião seus livros eram copiados manualmente por seus respectivos seguidores. Mas ao passo que o Alcorão foi escrito e até hoje é copiado em árabe , os textos religiosos de outras religiões podem hoje ser encontrados em todas as línguas possíveis, menos nas suas línguas originais. O Alcorão, embora escrito em árabe num mundo onde mil línguas eram faladas, acabou sendo o grande responsável pela disseminação da língua. Todos eram estimulados a aprender o árabe para lerem as palavras de Deus no original. Já o Cristianismo estimulou a tradução de seus textos nas mil línguas onde a fé era disseminada. No fim da alta idade média os textos cristãos sofriam de um grande mal: a adaptação da adaptação. Qualquer parte não compreendida pelos copistas era ignoradas, traduzidas de qualquer maneira ou pior: retiradas dos textos e colocadas como notas marginais que deveriam ser estudadas por copistas mais aptos para serem reencorporadas no texto depois. O problema com isso é que os novos copistas ignoravam qualquer coisa que não estivesse no corpo do texto e assim essas passagens eram deixadas de fora da nova cópia adulterando, mesmo que sem a intenção, o novo texto. Isso fez com que religiosos cristãos do fim da idade média que decidiram retraduzir o 12 antigo e o novo testamento do original chegassem a afirmar que as Bíblias que corriam pela época e os textos antigos fossem duas obras completamente diferentes. Agora isso tudo não prova que o texto árabe tenha de fato uma origem divina. Só prova que o Alcorão que é lido hoje é exatamente o mesmo que era lido quando surgiu. Seu conteúdo dis que quem o revelou foi Anjo Gabriel que lhe trazia para Muhammad às admoestações e exortações de Deus. Mas como podemos comprovar se o que foi registrado veio diretamente de Deus ou simplesmente tirado da cabeça de um árabe? Muhammad ditava o Alcorão conforme o recebia do Anjo. Esse homem foi o responsável pela maior obra literária já escrita em árabe – sua poesia é admirada e estudada até hoje em todos os continentes. Mas isso ainda não é prova de sua origem divina. A verdadeira prova não vem de sua beleza linguística, a não ser que você considere a matemática uma linguagem. A elegância matemática do Alcorão A forma com que o Alcorão foi concebido faz dele ao mesmo tempo uma obra prima da literatura e uma obra prima das ciências exatas. A preciosidade matemática de sua estrutura é tão complexa que, como veremos mais para frente, não pode ser replicada e só começou a ser entendida mais profundamente após o advento das ciências da computação. Para começar a ter uma idéia da magnitude da coisa, imagine por exemplo que alguém peça para você escrever um livro, mas estipule algumas regras: 13 Ele será dividido em capítulos e os capítulos em versos. A soma de todos os capítulos deve também ser X Ao somar o número total de capítulos ímpares com o número de seus versos o total deve ser X A soma de todos os versículos deve também ser Y Ao somar o número total de capítulos pares com o número de seus versos o total deve ser Y Difícil não? Sim, embora isso ainda seja possível de reproduzir com algum esforço. Mas o pedido ainda não terminou. A palavra Homem deve aparecer exatamente o mesmo número de vezes que a palavra Mulher. Da mesma forma devem aparecer exatamente o mesmo número de vezes os seguintes pares simétricos de palavras: - Céus/Terra - Anjos/Satã - Vida/Morte - Benfeitor/Corrupto - Tragédia/Graças - Caridade/Prosperidade - Provação/Paciência 14 - Medo/Esperança - Injustiça/Justiça - Perto/Longe - Malefício/Benefício - Castigo/Retidão/Recompensa - Sol/Luz/Sombra - Plantas/Crescimento/Frutos Além disso, mais alguns detalhes significativos: ● A palavra dia deve aparecer 365 vezes. ● A palavra mês 12 vezes. ● A palavra dias 30 vezes ● A palavra “Anos” deve aparecer 7 vezes e “ano” 12 vezes, igualando o número de bissextos e anos regulares no Cíclo Metónico. A palavra Terra e Mar, devem aparecer na proporção em que se distribuem sobre a face do nosso planeta, por exemplo: Mar pode aparecer 32 vezes e terra apenas 13 vezes: 32 +13 = 45 pois 32/45 X 100% = 71.11111111% 13/45 X 100% = 28.88888888% 15 O livro é claro, não deve ser uma salada de palavras, mas versar sobre os mais diversos assuntos como economia, ética, política, higiene, filosofia, história, jurisprudência, etc... Além disso deve ter uma mensagem coerente, unificadora em toda obra. E claro, a mais importante: você só vai ditar o livro para alguém escrever e você só vai terminar de escrever o livro quando morrer, assim não poderia simplesmente parar de escrever quando bem entender e não terá nenhuma chance de revisá-lo por completo e nem mudar um verso depois de revelado. Todas estas improbabilidades podem ser encontradas no Alcorão que, de quebra, também revelou-se de uma beleza poética incomensurável sendo considerado a obra prima literária da língua em que foi escrito. Mas essa ainda não é a evidência mais forte. Um mistério se apresenta Todos os dados acima são relativamente conhecidos por muçulmanos cultos ao longo da história, e, talvez, se reuníssemos hoje os esforços combinados de estudiosos e peritos em literatura árabe e super computadores consigamos escrever algo parecido com o que um árabe humilde e solitário recitou no deserto a cerca de um milênio e meio atrás. Parecido, mas não igual. Embora estes dados sejam assustadores, foi só em 1974 que o verdadeiro milagre matemático por trás do Alcorão começou a realmente se revelar, graças a algumas varreduras feitas por computador realizadas por um estatístico egípcio chamado Dr. Rashad Khalifa. 16 Sua descoberta estava ligada à um mistério que acompanhava a fé islâmica há séculos e que persistia justamente por causa do escrúpulo dos muçulmanos em propagar o texto sagrado passado a Muhammad mesmo sem entendê-lo por completo. O mistério já havia feito muitos mullás queimarem o turbante na tentativa de resolver e era uma pedra no sapato de muitos religiosos: Logo no início de 29 dos capítulos do Alcorão existem algumas letras soltas, colocadas lá sem nenhum propósito aparente, algo que se houvesse ocorrido nos textos cristãos teria uma grande chance de haver se perdido nos séculos de cópia do Novo Testamento. Ao que tudo indica as pessoas ficaram com vergonha de perguntar a Maomé o que essas letras estavam fazendo lá, talvez ele mesmo não soubesse, hoje não há como dizer. Como é comum entre os clérigos de qualquer religião uma série de explicações elaboradas foram imaginadas. Abaixo estão as principais teorias a respeito das letras misteriosas segundo os principais comentaristas do Alcorão de antigamente: Seriam siglas de alguma grande profecia? Seriam abreviações de atributos divinos? Seria uma linguagem secreta entra Deus e Maomé? Seria uma forma de chamar a atenção do leitor antes da recitação? Seria uma para mostrar que o grande Alcorão foi escrito de letras tão simples? Cada livro sagrado tem seu mistério, o mistério do Alcorão são estas letras, observa um comentarista. Mas na verdade esta é uma forma pomposa de dizer: Nós não fazemos a mínima idéia! 17 Assim que o Dr. Khalifa colocou o Alcorão no computador e realizou uma série de análises estatísticas destas letras misteriosas o programa começou a revelar alguns fatos que farão a parte anterior deste texto parecer a tabuada do 5. Das telas de fósforo de seus monitores começou a emergir um intrincado design matemático por trás de toda a sua escritura sagrada. O milagre estatístico do número 19 Não se trata de um caça palavras como o famoso ‘Código da Bíblia’ apresentou e que pode ser replicado com Moby Dick ou qualquer outro livro. No caso do Alcorão são números de uma complexidade sobre-humana que falam. Para começo de conversa Khalifa não transformou o Alcorão em uma sopa de letras para pescar algo de lá. Com seus computadores ele fez um levantamento estatístico da incidência de cada letra e cada palavra que existem em cada capítulo do Alcorão. Analisando estes padrões ele percebeu que o número primo 19 era a pedra angular de uma complexa estrutura... Isso é matematicamente significativo por inúmeros motivos: Os números primos possuem uma característica que o distinguem de todos os outros números existentes, eles são blocos sólidos que podem ser divididos apenas por um e por si mesmo. Porque isso é relevante? Por que qualquer estudo estatístico, quando apresenta um resultado como este deve ser submetido a testes para saber se é um resultado real ou se é apenas uma “ilusão de ótica”. É algo tão complexo que chega a ser contra intuitivo. É neste momento que um pouco de desatenção pode fazer você não entender os resultados de Khalifa, mas você não vai querer tratar um assunto destes com um pouco de desatenção. 18 Suas análise mostraram que, por exemplo: O 2º capítulo abre com as letras A, L e M, e neste capítulo estas letras aparecem 9899 vezes. O 3º capítulo abre com as letras A, L e M, e neste capítulo esta letra aparece 5662 vezes O 7º capítulo inicia com as letras A, L, M e S, e estas letras se repetem 5320 vezes neste capítulo. No primeiro caso, ele reparou que o menor divisor de 9899 é o primo 19 (9899/19 = 521). No segundo caso, ele reparou que o menor divisor de 5662 é o primo 19 (5662/19 = 298). No terceiro caso, ele reparou que o menor divisor de 5320 é o primo 19 (5320/19 = 280). A importância de ter um número primo como chave do padrão está no fato da chave do código ser uma menor unidade. Como vimos um primo não pode ser dividido por nenhum outro número além de si mesmo e um, isso mostra que o padrão não foi uma escolha conveniente como por exemplo o uma repetição que se baseasse no número 30, já que ele reuniria padrões divisíveis ainda por 2, 3, 5, 6, 10 e 15. Sendo que as repetições de padrão 6, 10 e 15 ainda poderiam ter uma chave menor. Uma repetição constante indica que de fato um padrão se esconde por trás de um código. É como um ritmo que permeia algo, como uma batida de coração. Tenha em mente que dada a improbabilidade estatística da sua existência de sua existência este tipo de padrão é justamente o que o projeto SETI, desenvolvido pela 19 NASA busca em seus radiotelescópios na esperança de encontrar mensagens vinda do espaço e provar a vida inteligente fora de nosso planeta. Mas o padrão 19 não acontece só nos três primeiros capítulos letrados. Este padrão se mantém até o capítulo 68 do Alcorão! Curiosamente entre o primeiro e o último capítulo iniciado com estas letras temos 38 capítulos sem letra alguma, outro múltiplo de 19. (19 x 2) E adicionalmente você nem precisa saber ler em árabe para constatar estes fatos, basta contar as letras. Agora, para que você entenda a complexidade desta ocorrência, vamos propor um novo desafio. Esqueça todas aquelas exigências malucas da primeira parte deste texto e imagine que temos apenas uma nova encomenda de livro sobre-humano para você escrever. Faça um exercício muito mais simples e tente escrever um poema bonito e com sentido no qual a primeira letra tem a repetição de um número primo de dois digitos. Se achar difícil considere então um livro inteiro no qual: 1- O primeiro capítulo repete a letra S no múltiplo do número que você escolheu. 2- O segundo capítulo repete a letra B no múltiplo do número que você escolheu. 3 – O terceiro capítulo repete as letras T e G no múltiplo do número que você escolheu. 4 – O quarto capítulo repete as letras K e D no múltiplo do número que você escolheu. 20