A Fábula de Brisa Dourada n No alto de uma árvore antiga vivia uma jovem abelha chamada Brisa Dourada. Seu nome não era apenas bonito — era um destino. Quando ela voava, suas asas deixavam um pequeno rastro cintilante que lembrava poeira de sol. Brisa Dourada nascera para ser forrageira, aquela que traz a vida para o povoado de mel. Ela não tinha coroas como a rainha, nem a força das guardiãs que vigiavam a entrada do ninho. Seu poder era outro: a coragem doce de sair pelo mundo sozinha, confiando apenas no instinto e no perfume das flores. O Primeiro Voo: Certa manhã, quando o botão das rosas ainda carregava o brilho do orvalho, Brisa Dourada abriu os olhos e sentiu o chamado. Era a hora. Ela bateu as asas devagar, depois com firmeza, e subiu pelo túnel do favo até encontrar o ar quente do sol. A luz a envolveu, como se dissesse: “Vai, minha pequena. O céu é seu.” E ela foi. O Encontro com o Vento: Certo dia, enquanto explorava um campo selvagem, o vento soprou forte. Ele tentou empurrar Brisa Dourada para longe, fazer com que ela desistisse. Mas ela não desistiu. Pequena, mas determinada, colocou o corpo na direção certa e continuou batendo as asas, firme. E o vento, encantado com a força daquela criaturinha, acabou cedendo. O Retorno ao Ninho: Quando voltava carregada de néctar, as outras abelhas se reuniam ao redor, curiosas. — Brisa, o que você viu lá fora? — Como é o céu hoje? As flores estão sorrindo? E ela contava tudo — seus voos, suas descobertas, os perfumes do dia. Enquanto falava, as operárias transformavam o néctar em mel brilhante. Um Segredo das Flores: À noite, quando as estrelas abriam seus olhos no céu profundo, Brisa Dourada costumava dormir no canto do favo onde o mel tinha cheiro de infância. A vida é breve... mas pode ser doce. E o mundo é grande... mas cabe inteiro dentro de uma asa que sabe amar. Rafiza Lestoliê