MENU INÍCIO / PORTUGAL Andreas Schleicher: "Portugal é a maior história de sucesso da Europa no PISA" O diretor de Educação e Competências da OCDE, que participa hoje, com vários ex-ministros da Educação portugueses, num debate organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos no auditório do Liceu Camões dedicado à evolução do país nos testes PISA, não poupa elogios aos progressos nacionais desde 2000. Mas é igualmente acutilante a apontar as fragilidades que o país ainda tem de ultrapassar, a começar pelas elevadas taxas de retenção e o facto de estas afetarem sobretudo alunos oriundos de contextos mais carenciados, defendendo a mobilização dos professores. Pedro Sousa Tavares 10 Fevereiro 2017 — 00:43 N os últimos testes PISA, pela primeira vez, os alunos portugueses ficaram acima da média da OCDE. Na sua opinião, o que levou a estes resultados? TÓPICOS Foi um longo progresso que Portugal fez. É a maior história de sucesso na Europa. Não é Educação uma coisa que possamos associar a um período específico. Começou no ano 2000 e muitas PISA - Programa Internacional coisas contribuíram. Podemos olhar para algumas reformas estruturais, a parte complexa de de Avaliação de Alunos OCDE consolidar a rede escolar, que no passado tinha escolas antigas, muito pequenas e com Portugal poucos alunos, que não tinham as oportunidades que lhe são dadas hoje. Essa foi uma mudança difícil mas que seguramente contribuiu. Também o enfoque na qualidade do Relacionados ensino. Não creio que a situação da profissão docente já seja aquela que se pretende mas Portugal deu mais atenção a formas de atrair pessoas talentosas para a profissão, a apoiá- las melhor. Há também mais enfoque, mais rigor e coerência nos currículos escolares, tornando mais claro o que significa uma boa prestação. Outros países evoluíram com mais altos e baixos no processo... EDUCAÇÃO Jovens portugueses Portugal tomou algumas decisões difíceis às quais outros países se esquivaram. A reforçam resultados acima da média da OCDE consolidação da rede escolar é uma coisa necessária em muitos países mas poucos têm a coragem e a liderança para a levar avante. Em Portugal é frequente diferentes governos criticarem a política educativa dos antecessores. Até há quem defenda, por isso, a necessidade de um pacto na educação. Afinal, somos mais consistentes do que pensamos? É verdade que houve algumas diferenças nas orientações mas muito menos do que em muitos outros países . De facto, penso que Portugal foi bastante mais coerente nesta evolução. Quando olhamos para a França ou para a Espanha, esses países foram muito mais voláteis em termos de politizar a educação. Julgo que Portugal resistiu a essa tendência. Houve coisas na margem - exame sim, exame não - , mas não houve mudanças que afetassem os pilares da educação. E a educação só pode progredir dentro dessa coerência. Existe a reforma pretendida, a implementada e a alcançada, e Portugal tem tido sucesso a alcançar o que pretende. É claro que faltam fazer mudanças importantes, sobre isso não há dúvidas. PUB A propósito de mudanças necessárias: continuamos com a retenção muito elevada. Este é um desafio que implica mudar mentalidades? Sim, a percentagem de alunos com insucesso ainda é muito elevada e penso que a resposta passa por conseguir que os professores percebam melhor que os alunos aprendem de forma diferente, e que consigam apoiar os alunos de forma mais individualizada. A retenção baixou ligeiramente mas continua a ser muito alta. E retenção é um sintoma de que o professor não consegue ajudar o aluno, deixando-o fazer a mesma coisa outra vez. É caro, ineficaz e estigmatiza. E, no caso de Portugal, os alunos que repetem o ano nem sempre são os que têm mais dificuldades de aprendizagem, mas tendem a ser os mais desfavorecidos. O que se deve desejar é um sistema que diagnostica precocemente as fraquezas dos alunos - e os professores são muito bons a reconhecê-las - e intervém. No Vietname, os 10% de alunos mais pobres, que vêm de contextos muito difíceis, têm resultados tão bons como o aluno médio. O sistema educativo português teve de massificar-se rapidamente, após a revolução de 1974. Isso pode explicar alguma falta de flexibilidade? Sim, mas não estão sozinhos. Essa expansão aconteceu em muitos países. A Coreia, nos anos 1960, o Vietname, que nos últimos 20 anos triplicou a participação e, ainda assim, teve capacidade alcançarem sucesso com alunos carenciados. Em Portugal a influência desses fatores [de contexto] ainda é muito forte. É uma das áreas em que ainda não vimos muitos progressos. Hoje, todos olham para o topo do PISA em busca de exemplos. Mas há filosofias quase antagónicas, como alguns estados asiáticos, que cultivam muitas horas de trabalho, e a Finlândia, que dá mais liberdade aos alunos. Qual é o denominador comum do sucesso? PUBLICIDADE · CONTINUE A LEITURA A SEGUIR Eu vejo muito mais pontos em comum do que diferenças. O primeiro tem a ver com o valor que a sociedade atribui à educação. Ninguém questiona o investimento na educação. Segundo, há uma crença muito enraizada de que todos os alunos podem ter sucesso. Não há tolerância para o insucesso. O professor pensa em como adaptar-se às dificuldades do aluno e não em chamar os educandos ao seu estilo de ensino. E em terceiro lugar a capacidade desses sistemas para tornarem o ensino atrativo. Não é só uma questão de salários, não é só tornar a profissão financeiramente compensadora, mas também intelectualmente atrativa. Fora do tema: Betsy DeVos, conhecida como ativista da livre escolha da escola, foi nomeada ministra da Educação dos Estados Unidos. O que esperar? É muito difícil de prever. A Educação dos Estados Unidos já está em muito má forma. Não temos visto os progressos desejados. Em Portugal, tendo em conta o contexto económico dos últimos 10 anos, podemos dizer que o país fez um milagre. Nos Estados Unidos têm todo o dinheiro que se imagine e os resultados em matemática são piores do que os portugueses. A livre escolha dificilmente será a resposta para todos os problemas, mas de que o sistema de escolas dos Estados Unidos precisa de uma reforma significativa, não há dúvida. PA R T I L H A R PARTILHAR NO FACEBOOK EXCLUSIVOS PREMIUM MUNDO PREMIUM 03 DEZ 2019 Nova liderança do SPD PREMIUM TUDO SOBRE GRETA THUNBERG PREMIUM TINDERSTICKS Mães de militares da Guerra Colonial deixa Alemanha em Da causa à crise na família, dos Tindersticks: "O Mediterrâneo é detestavam as tatuagens dos filhos apoiantes aos críticos e às fake news hoje um mar de sofrimento" suspenso O "Robin dos Bosques" da Renânia e a deputada especialista em tecnologia surpreenderam ao vencer as eleições do partido social-democrata. 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