CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 1 CRB-6 Informa CONSELHO REGIONAL DE BIBLIOTECONOMIA 6ª REGIÃO 19ª GESTÃO CRB-6 Informa | Belo Horizonte | v.11 | n.1 | 2022 www.crb6.org.br | MEIO SÉCULO DE MEIO SÉCULO DE FISCALIZAÇÃO FISCALIZAÇÃO PG. 20,21, 22, 23, 24 E 25 ISSN 1982-775X Sistema CFB / CRB Conselho Federal de Biblioteconomia Conselho Regional de Biblioteconomia CONFIRA PROJETOS DE LEI EM TRAMITAÇÃO FEDERAL E QUE PODEM IMPACTAR O SEU TRABALHO INVESTIR EM CURSOS, TREINAMENTOS E PÓS- GRADUAÇÃO ABRE NOVAS ÁREAS DE ATUAÇÃO REGULAMENTAÇÃO DE CENTROS DE INFORMAÇÕES DIGITAL BIBLIOTECÁRIOS SÃO ESSENCIAIS NA SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO PG. 36 E 37 PG. 28 E 29 PG. 32 E 33 PG. 8 E 9 CONSELHO COMPLETOU 55 ANOS ENTRE MUDANÇAS NA SOCIEDADE, NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL E AO COMEÇO DE UMA NOVA BIBLIOTECONOMIA CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 2 SUMÁRIO SUMÁRIO PALAVRA DO PRESIDENTE DENÚNCIA Fiscalização recebe 191 denúncias e envia 587 ofícios COMUNICAÇÃO CRB-6 mantém investimento em comunicação com importantes resultados PERFIL Dados do conselho apontam atuação fora da capital e no setor público com expectiva de mudanças na graduação MERCADO DE TRABALHO Conhecimento sobre novas tecnologias incrementa recolocação profissional RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL Linkedin é porta de entrada para bibliotecários no mercado de trabalho que requer estratégias e cuidados NOVA BIBLIOTECONOMIA Diversidade na profissão abre novas vagas no mercado NOVA BIBLIOTECONOMIA Empreendedorismo ganha espaço entre bibliotecários AÇÕES Profissão permite conciliar atuação com atividades literárias RESPONSABILIDADE SOCIAL Biblioteconomia como carreira e amor ao próximo 3 4 5 6 e 7 8 e 9 10 e 11 12 e 13 PÓS PANDEMIA Retomada das atividades ainda requer protocolos eficazes 55 ANOS DO CRB-6 Mais de meio século de contribuição cultural 55 ANOS DO CRB-6 55 anos de conquistas e parcerias importantes INOVAÇÃO Podcast como estratégia para crescimento profissional BIBLIOTECA DIGITAL Centros de informações virtuais são regulamentados RETRATOS DA LEITURA Pesquisa revela baixa frequência em bibliotecas brasileiras LGPD Bibliotecários são essenciais na segurança de dados NOVOS LEITORES Pandemia amplia acesso a “domínio público” LEGISLAÇÃO Projetos de lei nacionais focados na bibilioteconomia 14 e 15 18 19 26 e 27 28 e 29 20 a 23 24 e 25 30 e 31 32 e 33 33 e 35 36 e 37 CRB-6 Informa ISSN 1982-775X Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região Av. Afonso Pena, 867 – Salas 1.110/1.112 Belo Horizonte/MG – CEP 30130-002 Telefones: (31)3222-4087/3224-8355 crb6.org.br blog.crb6.org.br facebook .com/crbseis 2 16 e 17 EXPEDIENTE Comitê Editorial Coordenação-geral: Álamo Chaves (CRB-6/2790) Conselheira:Priscila Reis dos Santos (CRB-6/2517) Diretora Administrativa: Rosana Matos da Silva Trivelato (CRB-6/1889) Edição e diagramação ZOOM Comunicação Rua São Paulo, 1665 Conjunto 401 Lourdes Belo Horizonte/MG 98494-9695 CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 3 PALAVRA DO PRESIDENTE Camila Alcântara As bibliotecas são ambientes de aprendizado fomen- tadores da cultura, disseminadores de informações e com- partilhadores de conhecimento nas escolas, universidades, empresas e também nas praças públicas. O Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6) fiscaliza as bibliotecas em Minas Gerais e Espírito Santo para garantir a existência desses espaços, correta- mente coordenados por profissionais Bibliotecários, devida- mente habilitados. A Lei 12.244 estabelece que as instituições brasileiras de ensino, públicas e privadas, são obrigadas a terem uma biblioteca. Já, a Lei 4.084 determina que somente Bibliote- cários, com bacharelado concluído em Biblioteconomia e registro ativo no Conselho Profissional, podem administrar, dirigir e coordenar bibliotecas. No ano passado, o Conselho encaminhou mais de 1.000 ofícios para prefeitos e diretores de escolas, alertan- do sobre a obrigatoriedade da existência de bibliotecas e lembrando que somente Bibliotecários podem coordená-las. É importante destacar que Minas Gerais tem 853 municípios e o Espirito Santo, 78 e, todos receberam o documento do CRB-6, visando cumprir a legislação. O Conselho mantém seu papel de proteger a sociedade e segue apurando todas as denúncias recebidas. Apenas em 2021, foram mais de 170 denúncias sobre irregularidades em bibliotecas mineiras e capixabas. Desse total, 74 foram em relação à falta de Bibliotecários na coordenação das bibliotecas, 12 sobre concursos públicos, cujos editais apresentavam irregularidades e 12 envolvendo leigos na coordenação de bibliotecas, entre outras situações. ÁLAMO CHAVES Presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia da 6ª Região (MG/ES) O CRB-6 fez mais de 245 manifestações em ações judiciais e 24 acordos com Bibliotecários irregulares, elaborando 33 pareceres e procedendo outras 155 ações jurídicas para atender a denúncias recebidas e irregularidades identificadas. Ao longo do ano, ocor- reram diversas reuniões com deputados, vereadores e outras autoridades para socializar a importância das bibliotecas na educação e cultura nos dois Estados. Uma das principais ações para proteger a sociedade e preservar o acesso geral às bibliotecas está nas ativi- dades fiscalizatórias efetivas, orientando, educando e, quando necessário, punindo. O CRB-6 também monito- ra leigos para evitar exercício ilegal da profissão nas escolas, bibliotecas públicas ou instituições privadas. As tecnologias de informação serão aproveitadas em 2022 para iniciar o julgamento virtual de novos processos fiscaliza- tórios, garantindo maior eficiência na solução de denúncias e das irregularidades. Alguns dos resultados já são observa- dos em diversas prefeituras com a reativação das bibliotecas públicas e escolares e abertura de concursos públicos para contratação de Bibliotecários e também muitas empresas pri- vadas criando o cargo de Bibliotecário para coordenação. Apesar de todos os obstáculos decorrentes desse difí- cil momento socioeconômico e da desolação com a pandemia, o CRB-6 reafirma seu compromisso com os Bibliotecários, através da fiscalização. Juntos, cons- truiremos um CRB-6 ainda mais forte para garantir o di- reito às bibliotecas administradas por Bibliotecários. Aproveito para felicitar os colegas de profissão pela passa- gem do Dia do Bibliotecário, celebrado em 12 de março. Esperamos que o Bibliotecário e Bibliotecária sejam, cada vez mais, reconhecidos pela sociedade e mais valorizados pelo mercado de trabalho. A atuação dos Bibliotecários, em prol da ciência e do conhecimento, é fundamental para que sejamos uma nação mais justa e desenvolvida. Parabéns! A FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL EM PROL DOS BIBLIOTECÁRIOS CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 4 DENÚNCIA FISCALIZAÇÃO RECEBE 191 DENÚNCIAS E ENVIA 587 OFÍCIOS O ano de 2021 foi extremamente produtivo para o CRB-6, pois, depois de se adaptar ao “novo normal”, os últimos me- ses serviram como teste para observar se as ações sugeridas no período pandêmico foram ou não bem-sucedidas. O Conselho recebeu 191 denúncias no ano passado, sendo a maioria delas (80) referente à falta de Bibliotecários em biblio- tecas. As demais indicações relacionavam-se a concursos públicos (12), cursos de pós-graduação (13), designação em Minas Gerais (31), ética na profissão (2) e denúncias sobre o piso salarial (53). A equipe respondeu 275 e-mail s e enviou 587 ofícios sobre a falta de Bibliotecários em bibliotecas (115), concursos públicos (9), cursos de pós-graduação (1), ofícios enviados às coordena- ções de cursos (86) e ofícios referentes ao retorno das visitas fiscalizatórias (376). As ações para cuidar da classe profissional no Espírito Santo e em Minas Gerais também foram auxiliadas pela assessoria jurídica do CRB-6, que atendeu 373 demandas. Algumas delas foram ações judiciais (205); acordos financeiros com Bibliotecários (21); contratos, aditivos e licitações (5); pareceres (27); reuniões (8) e respostas de e-mail s e baixa de protestos (107). Nesse setor, o mês de maior trabalho foi julho, quando atenderam 52 demandas, sendo 23 manifestações em ações judiciais e 20 respostas de e-mail s e baixa de protestos. A atividade de fiscalização, que desde o começo da pande- mia estava ocorrendo remotamente, rendeu ao CRB-6, em 2021, recursos provenientes de multas aplicadas a governos (estadual e municipal) e a instituições de ensino superior que não contavam com Bibliotecários em sua biblioteca. Neste ano, os fiscais passam a fiscalizar in loco , em três dias da semana, no entorno de Belo Horizonte e, nos demais dias, ficam em atividades internas. A Bibliotecária-fiscal, Orfla Maria Mudado (CRB-6/756), conta que este ano deverá ser melhor. “Pretendemos que seja um ano mais produtivo, já que as atividades foram dificultadas pela pan- demia, no ano passado”, afirma. As novidades do Conselho para este ano incluem a posse de Daniel Henrique da Silva no corpo técnico de fiscalização. O concurso ocorreu no ano passado e a entidade já finalizou a contratação. Orfila Maria Mudado Bibliotecária-fiscal CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 5 COMUNICAÇÃO CRB-6 MANTÉM INVESTIMENTO EM AÇÕES DE COMUNICAÇÃO COM IMPORTANTES RESULTADOS A 19ª gestão do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região Minas Gerais e Espírito Santo (CRB-6) acompa- nha o ritmo imposto pela modernidade, mantendo investi- mento também em comunicação. O processo acontece há mais de um ano e já surtiu efeito. O CRB-6 manteve o contrato com a ZOOM Comunica- ção para a gestão das redes sociais que apresentou resul- tados extremamente satisfatórios. O conteúdo dos canais, nos 12 meses de 2021, por exemplo, alcançou 241.272 pessoas, somente pela página do Conselho no Facebook No mesmo período, o perfil já reuniu 4.135 curtidas, sen- do que as mulheres se sobrepõem aos homens (75,63% e 23,91%, respectivamente) como seguidores, morando, em sua maioria, nas capitais Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Já, o perfil no Instagram apresentou mais de 24.219 interações com o conteúdo postado e chegou a alcançar 2.501 seguidores. O canal do Conselho no LinkedIn é novo, alcançando mais de cinco mil pessoas e, ainda, conquistou 528 seguidores. Entretanto, os resultados foram conquistados com muito esforço, estratégias eficientes de marketing e, sobretudo, atuando conjunto os profissionais da assessoria de comuni- cação e a 19ª gestão do CRB-6. O presidente do Conselho, Álamo Chaves (CRB- 6/2790), explica que essa sintonia é trabalhosa, mas fun- damental para as ações da gestão fluírem e alcançarem os resultados esperados. “A proposta é unir conhecimentos em prol de um bem maior: o Conselho. Acredito que nossas ações na comuni- cação não devem ser pensadas de forma hierárquica e de cima para baixo. É extremamente crucial debater as ideias e, principalmente, ouvir sugestões”, avalia. Foi por causa desse debate que nasceram as principais campanhas realizadas pelo CRB-6 nas redes sociais, como o “Dia Internacional Mulher”, o “Mês da Biblioteca”, o “Mês do Bibliotecário”, o “Mês da Leitura e do Livro”, entre outras. Além de posts temáticos, foram promovidas lives com diversos convidados de grande relevância no campo da Biblioteconomia, Educação e Cultura. Outra vertente da comunicação que também recebeu investimento da atual gestão foi o relacionamento com a im- prensa. A equipe de assessores da ZOOM Comunicação proporcionou 74 aparições espontâneas na mídia, sendo que, se cada uma delas fosse paga, o CRB-6 desembolsa- ria R$ 300.958,50, de acordo com relatório quantitativo. As inserções foram resultado das mais de cem sugestões de pauta produzidas até o início de novembro. O CRB-6 também obteve espaço com a publicação de artigos escritos por seu presidente Álamo Chaves. A mídia espontânea inclui 16 textos, discutindo os mais diversos assuntos culturais, política e educação, publicados em jornais e sites de grande expressão, como O Estado de S. Paulo, Estado de Minas, A Gazeta, O Tempo e O Dia, entre outros. CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 6 PERFIL Os últimos anos foram marcados por diversas trans- formações nas áreas econômicas, políticas, sociais e tecnológicas. Cada mudança, por sua vez, implica também em melhoria de competitividade em todos os setores, afetando diretamente e de forma significativa as competências e habilidades profissionais exigidas pelo mercado de trabalho. E, claro, o segmento de biblioteconomia não ficou fora desse processo evolutivo. Afinal, a ideia que se tinha de bibliotecas era a de um espaço físico, fechado e silencioso. Surpresa, ou não, o pensamento mudou radicalmente e, consequentemente, o papel do Biblio- tecário também se modificou ao longo desse tempo. Os dados do CRB-6 apontam que a maioria dos Bibliotecários é do sexo feminino (81,5%), trabalha fora das capitais - Minas Gerais (55%) e Espírito Santo (70,9%) -, sendo 44,2% em cargos na área pública, 24,3%, na privada e, 30,6%, não informaram. Ori- ginalmente, esses profissionais tinham como principal função zelar pelo livro e, tradicionalmente, sendo re- conhecidos como os sistematizadores de acervos, ou seja, como aqueles responsáveis pela organização das unidades de informação, dos processos para busca de dados, atuando como um filtro, catalisando tudo. Acredite: a situação mudou e, agora, está muito além disso. Os Bibliotecários devem ampliar seu con- junto de conhecimentos, competências e habilidades para responder às demandas atuais. A maioria (69%) dos registrados no CRB-6 estudou em uma universidade federal, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ou a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).A verdade é que os profissionais são impactados pelas mudanças sociais e as demandas envolvem criati- vidade, liderança, dinamismo, responsabilidade, visão interdisciplinar, profissionalismo, habilidades de síntese da informação, sensibilidade para assuntos de políti- ca de informação, uso da informação para vantagem competitiva e treinamento em recursos informacionais O processo não significa a existência de um perfil profissional único e ideal. O debate já é grande na literatura da Ciência da Informação sobre os perfis profissionais do Bibliotecário com, inclusive, autores buscando uma definição de características, habilida- des e competências. Objetivamente, os pesquisadores investem na coleta, tratamento, recuperação e dissemi- nação da informação, executando atividades técnicas especializadas e administrativas relacionadas à rotina das unidades de informação. DADOS DO CONSELHO APONTAM ATUAÇÃO FORA DA CAPITAL E NO SETOR PÚBLICO COM EXPECTATIVA DE MUDANÇAS NA GRADUAÇÃO CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 7 A Spiderware, empresa especializada em desen- volvimento de sistemas de gestão para conselhos pro- fissionais federais e regionais no Brasil, e que presta serviços de suporte e manutenção de sistema de gestão para o CRB-6, desenvolveu soluções para gerenciar as rotinas no Conselho. O processo permite a extração de dados para traçar um panorama do perfil dos Bibliotecários registrados em Minas Gerais e no Espírito Santo. O trabalho dos Bibliotecários nos mais diversos es- paços, assim como a busca por maior integração com os demais colegas de profissão, inclusão social e o fortalecimento de suas entidades representativas, con- vergem para o enriquecimento profissional. É importante analisar o amplo papel a desempe- nhar na contemporaneidade, mantendo a biblioteca numa posição-chave em prol do desenvolvimento coletivo. Ser Bibliotecário exige, acima de tudo, uma perspicácia tremenda. Saber interagir com o meio e agregar valores, desde a elaboração, análise, controle, acesso e uso das informações. Os Bibliotecários precisam também reencontrar seu caminho profissional para processar a mudança de paradigma e, neste caso, é essencial ousadia nesse perfil. PERFIL CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 8 COMPORTAMENTO CONHECIMENTO SOBRE NOVAS TECNOLOGIAS INCREMENTA RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL As novas tecnologias da informação e comunicação estimularam um importante processo de mudança no perfil do Bibliotecário e a necessidade de uma for- mação especializada e técnica na área. Até então, a imagem profissional estava atrelada ao cuidado de acervos e função nas tradicionais bibliotecas. A evolu- ção ampliou a atuação no mercado de trabalho para além das bibliotecas físicas. Hoje, somente um bacharelado em biblioteconomia não é mais garantia de emprego. Quem quer aumentar as chances de uma boa colocação deve se manter infor- mado e conhecer as várias oportunidades que a gestão da informação. Sim,conforme a classificação brasileira de ocupação (CBO) e importantes pesquisadores da área, os Bibliotecários são profissionais da informação. A Bibliotecária Carla Floriana Martins (CRB-6/2117), sócia da empresa Praxis Softwares Gerenciais, explica que, por se tratar de uma formação de cunho social e humanista, o futuro profissional está mais atento, desde a graduação às evoluções sociais e tecnológicas, que permeiam a informação registrada. Planejar, organizar, tratar, disseminar, mediar e pre- servar informações para o acesso da sociedade têm sido o campo de atuação desse profissional. O Bibliotecário tem muito para aprender em tem- pos de redes sociais, criação de conteúdo, análise de dados e informação que geram conhecimento a cada segundo. O mercado de trabalho do século XXI requer pro- fissionais aptos a solucionar problemas, possuidores de conhecimento em várias áreas e, principalmente, engajados. A presidente da Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), Maria Elizabeth de Oliveira Costa (CRB-6/1503), informa que a entidade promove diversas atividades para o fortalecimento da biblioteco- nomia, encorajando e incentivando os profissionais em seus projetos de atuação. Segundo Carla, a essencialidade do trabalho do Bibliotecário é tão superposta à cultura da informação, que as pessoas favorecidas por essa atuação não per- cebem, de imediato, porque está intrínseca ao objeto informação. “Por ser tão justaposto, nosso trabalho dá ares que a promoção da leitura, está de tal forma entrelaçada à produção da informação, que a parte em que o Biblio- tecário se dedica para tratar os dados, tecnicamente, não é percebida pelo usuário final“, afirma Carla. Entretanto, ela acrescenta que o tratamento da in- formação é o processo principal para a qualidade do acesso à informação. Ela ainda observa que, muitas vezes, a valorização e o reconhecimento profissional somente acontecem quando um jornalista, um professor, aluno, cientista, artista ou qualquer tipo de leitor se depara com portas fechadas, sites fora do ar ou negativas de acesso a documentos, ficando com sua demanda pendente. MERCADO DE TRABALHO Maria Elizabeth de Oliveira Costa Presidente da ABMG CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 9 RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL Maria Elizabeth avalia que, entre as diversas ativi- dades oferecidas pela ABMG, sempre foi um árduo compromisso proporcionar a qualificação profissional e, por decorrência, a inserção no mercado. É a par- tir desse argumento que a entidade investe em cursos preparatórios exploraram melhor o seu potencial em qualquer contexto que deseje atuar. A carreira pública é mais um dos vários campos de atuação, sendo que a ABMG observa a grande deman- da da classe pela área, por diversas razões. Todavia, a aprovação em concursos requer um planejamento de estudos, sobretudo em relação a conhecimentos específicos. Desde 2018, a associação promove os chamados cursos preparatórios para concursos públicos, com foco em conhecimentos específicos para os cargos de Biblio- tecário. A proposta é auxiliar o candidato no planeja- mento de seus estudos, com instruções e dicas, entre outras estratégias, propiciando um bom desempenho nas provas. A Prefeitura de Belo Horizonte, por exemplo, pu- blicou um edital para concurso de Bibliotecário e des- pertou o interesse entre os profissionais para trabalhar na capital. As vagas permitirão aplicar as potenciali- dades na gestão das bibliotecas, assim como também mostram o papel do Bibliotecário como agente trans- formador social pelo acesso e uso da informação no contexto municipal. Segundo Maria Elizabeth, como são profissionais gerenciando a informação, será possível encontrarem oportunidades em diferentes espaços para acessar da- dos de forma rápida, organizada e com segurança. Ela acredita que é extremamente necessário o posi- cionamento profissional na internet , assim como em outras áreas distintas, em redes sociais, como LinkedIn , ambiente já destinado ao mundo corporativo. Os gru- pos de apoio on-line , atualização da qualificação e portfólio também fortalecem o networking e ajudam a fazer a diferença para uma contratação ou indicação ao mercado de trabalho. Hoje, o que se percebe é uma demanda enorme de atuação, com outras habilidades focadas em no- vas tecnologias, como a criação de podcast feita por Everton da Silva Camillo. Os cursos fortalecem o ensino-aprendizagem dos participantes, mediante o acompanhamento das aulas ministradas por docentes e Bibliotecários experientes nos assuntos específicos da bibliografia do concurso. O que se percebe é uma demanda enorme de atuação, Everton da Silva Camillo (CRB-6/962ES), assim como desenvolver aptidão para validar a fonte de informação, identificar notícias falsas e plágio em artigos acadêmicos. Durante a pandemia, ele desenvolveu um podcast que se tornou um sucesso na comunidade escolar para manter o atendimento e motivar a interação dos alunos com a biblioteca. “Tive de adquirir, ao longo dos anos, as competên- cias relacionadas à tecnologia, como por exemplo, a gestão de banco de dados, arquitetura da informação, noções de informatização e gestão de repositórios ins- titucionais”, lembra. Ganhou novos espaços com o avanço da tecnologia dentro das empresas. Cada vez mais os profissionais saem dos livros e conquistam importantes cargos na carreira digital, como UX ( User Experience ) e até no combate às fake news. Carla Floriana Martins Sócia da empresa Praxis Softwares Gerenciais MERCADO DE TRABALHO CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 10 O LinkedIn se tornou uma rede profissional muito ex- pressiva no mundo e também no Brasil com 50 milhões de usuários. A plataforma é uma importante ferramenta para relacionamento e estratégia entre empresas e profis- sionais, funcionando como uma eficiente rede digital para ingresso no mercado de trabalho. O canal é uma opção estratégica para quem procura trabalhadores qualificados e, não apenas, recrutadores, mas também, empresas que querem colaboradores com o perfil ideal. A consultora em gestão de dados e informação, Renate Land, acredita que qualquer pessoa que busca emprego, trabalho ou uma oportunidade de carreira, de uma forma geral, deve estar bem posicionada nessa plataforma digital. P Contudo, se você acredita que apenas criar um perfil já é suficiente, comete um grande equívoco, afinal, o que está em foco é um canal gratuito essencial para contatos profissionais. Quem quer aproveitar melhor os benefícios do LinkedIn precisa entender a linguagem e conhecer as funcionalidades. A plataforma é muito prática e permite a criação de um perfil bem detalhado e bastante atrativo para um adequado contato com o mercado. O canal permite manter um bom networking com profis- sionais e empresas de diferentes áreas, considerando que as oportunidades surgem a qualquer momento, envolvendo diversos segmentos. Não é como se você estivesse intera- gindo em outras mídias sociais, como o Instagram ou o Facebook. Não é como se você estivesse interagindo em outras mídias sociais, como o Instagran ou o Facebook. O comportamento do candidato deve ser diferenciado, estratégico e com mais participação. O principal ponto para um novo usuário está em fortalecer sua credibilidade profissional, demonstrando co- nhecimento, experiência e ações de qualidade. À medida que posta publicações e artigos, passa a estabelecer cone- xões com foco mais profissional. Durante a pandemia, por exemplo, muitas profissões foram reinventadas, sendo que vários profissionais usaram a plataforma, estrategicamente, na transição de carreira.A verdade é que, há muitos anos, a tecnologia beneficia diversos profissionais, principalmente, neste cenário pandêmico. No caso dos Bibliotecários, os avanços tecnológicos influenciaram fortemente o modo de exercer as atividades, pois já não é mais o mesmo. Renate explica que a biblioteconomia tradicional perdeu espaço com o home office e a tendência está nas bibliote- cas migrarem para o ambiente digital. Ela recomenda que é importante conhecer e usar outras nomenclaturas, evitando usar apenas Bibliotecário no perfil. A profissão se torna cada vez mais fluída e, por isso, acredita-se que a rede tende a contribuir bastante para a empregabilidade do bibliotecário. Entretanto, deve-se ter atenção às várias denominações que essa função pode ter. “A área de atuação ganhou amplitude com o desen- volvimento da tecnologia e, mais do que nunca, devemos ter nosso perfil atualizado com clareza, focando em nossos objetivos para conquistá-los”, observa. A contratação está mais direcionada, com base na pró- pria plataforma, ou seja, as empresas reduziram os erros na admissão dos profissionais. “O fato da carreira ganhar mais abrangência, muitas vezes, apresenta as oportunidades, disfarçadamente, em outros cargos. E, aí, é essencial manter a proatividade para bater na porta e conseguir entrar”, avalia. O principal propósito de um recrutador é atrair mais candidatos com conhecimento e informações relevantes, assim como experiência na área de atuação. Do ponto de vista empresarial, estar no Linkedin é uma superestratégia para conquistar novos talentos. Renate des- taca que, a todo momento, existem casos de profissionais abordados através das redes sociais, recebendo proposta de trabalho no Brasil e/ou no exterior. “Hoje, encontramos pessoas morando no Brasil, mas trabalhando para empresas em qualquer lugar do mundo”, analisa. Não é nenhuma novidade as empresas adotarem a plataforma como meio viável para divulgação de vagas. A especialista conta que os Bibliotecários em início de carreira, ou mesmo aqueles em transição, devem criar e manter um perfil atualizado para incrementar as chances de obter a vaga desejada e mais condizente com o próprio perfil. Um dos erros mais cometidos é considerar que as vagas surgirão com as mesmas nomenclaturas digitadas no menu busca ou iguais àquelas apresentadas no perfil. Muitos cargos com outra denominação e, muitas vezes, pode ser que não existam vários empregos, mas há muito trabalho, pois a profissão cresceu e se reinventou. LINKEDIN É PORTA DE ENTRADA PARA BIBLIOTECÁRIOS NO MERCADO DE TRABALHO RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 11 RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL Para se ter uma ideia, o mercado apresenta de- zenas de Bibliotecários nas áreas de governança de dados, UX writing e arquitetura da informação, entre outras. O caminho é a educação continuada e foco nas descrições das funções para saber o que as em- presas buscam. Aprender a usar ferramentas e novas tecnologias, manter a leitura técnica em dia e um perfil claro e objetivo na plataforma, assim como investir em postagem e comentários nas redes são ações essenciais para incorporar à rotina. O LinkedIn aproveita alguns recursos como medi- dores de interatividade e engajamento, observando as conexões do usuário e seguidores, frequência de publicações, conteúdo de qualidade e categoria pro- fissional. Se, anteriormente, as próprias empresas coman- davam todos os processos seletivos, atualmente, os candidatos, talvez, tenham esse poder, dependendo muito do modo como se apresentam e da variação no conteúdo. CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 12 NOVA BIBLIOTECONOMIA DIVERSIDADE NA PROFISSÃO ABRE NOVAS VAGAS NO MERCADO As áreas de atuação para os Bibliotecários estão cada vez mais abrangentes para quem investe em qua- lificação além das bibliotecas. A recomendação dos especialistas em recursos humanos é manter o investi- mento em capacitação e treinamentos após a gradua- ção, focando em aperfeiçoamento do conhecimento e adequação à diversidade para atuação. Ao contrário do que muitos acreditam, a profissão não está mais restrita apenas à organização de livros em bibliotecas. A diversificação da atuação cresce e, com a “nova biblioteconomia”, surgem cada vez mais alternativas. O CRB-6 entrevistou para identificar uma série de fun- ções que estão ganhando espaço no mercado, para o Bibliotecário e você poderá conferir no infográfico, nesta matéria. A Bibliotecária Carla Floriana Martins (CRB- 6/2117), sócia da empresa Praxis Softwares Geren- ciais, explica que é preciso destacar a atuação dos Bibliotecários no desenvolvimento de tecnologias que beneficiam a sociedade e do legado de estarem pre- sentes, por exemplo, também em entidades de preser- vação do ambiente, da memória ou da cultura e nos grupos que prosseguem em meio à globalização e ao acelerado crescimento industrial. Os Bibliotecários podem trabalhar, sim, em soluções tecnológicas no aperfeiçoamento dos processos nas bibliotecas ou empresas - com a organização de um arquivo digitalizado -, no desenvolvimento de platafor- mas e na curadoria de conteúdo. Everton da Silva Camillo (CRB-6/962ES) se formou pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e atua como Bibliotecário escolar na Unidade Municipal de Ensino Fundamental (UMEF) Senador João Calmon, em Vila Velha (ES). A pandemia o estimulou a aproveitar as novas tecnologias para criar um podcast , em meados de 2020. O objetivo era motivar a interação dos alunos com a biblioteca, durante o distanciamento social, que manteve os em casa. Ele avalia que a formação acadêmica tradicional em biblioteconomia envolve o estudo de questões cultu- rais e sociais, entre bibliotecas universitárias, públicas, escolares, comunitárias, especializadas e prisionais, entre outras que surgem. “Todas elas, cada vez mais próximas da tecnologia da informação com a amplia- ção das bibliotecas digitais”, ressalta. O trabalho nas bibliotecas virtuais, segundo Ca- millo, é uma opção importante para quem deseja se aprofundar em novas tecnologias de automação. A recomendação dele é se manter atualizado, realizar capacitações e conhecer softwares para buscar por fontes seguras. Carla observa que outra área para atuação em biblioteconomia que admira - e que as pessoas ainda ouvirão falar muito - é a Biblioterapia. De acordo com ela, é uma faceta transformadora da profissão para estabelecer alternativas de crescimento individual de seus atores através da leitura orientada. “É uma esco- lha desafiadora e que exige muito empenho e estudo constante”, alerta. Vale informar que a pandemia ainda abriu espaço para o crescimento em outra área: saúde. Afinal, os pro- fissionais desse setor também necessitam de conteúdo relevante e acesso rápido, a partir de fontes confiáveis. A literatura nacional e internacional apontam três variações no perfil do Bibliotecário e sua atuação na área da saúde: o Bibliotecário clínico, o Bibliotecário médico e o informacionista. Priscila Reis Pesquisadora e coordenadora de uma biblioteca universitária em Belo Horizonte CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 13 NOVA BIBLIOTECONOMIA O Bibliotecário clínico atua em conjunto com as equi- pes médicas, como suporte na seleção dos dados mais precisos para a tomada de decisão. Ele é o profissional que desempenha as suas funções em instituições de ensino (bibliotecas universitárias em ciências da saúde ou hospitais), porém não integra as equipes médicas. Ele pesquisa em diferentes meios de comunicação es- pecializados e bases de dados para colaborar com o diagnóstico preciso sobre a situação apresentada pelo paciente. O “médico” é o profissional que desempenha as suas funções em instituições de ensino (Bibliotecas universitárias em ciências da saúde ou hospitais), porém não integra as equipes médicas. Ele pesquisa em dife- rentes meios de comunicação especializados e bases de dados para colaborar com o diagnóstico preciso sobre a situação apresentada pelo paciente. Já, o informacionista atua como mediador entre as equipes clínicas e a informação especializada, buscan- do dados atualizados e as melhores evidências cien- tíficas a serem tratadas pelo corpo clínico. A atuação foca na análise dos dados para encontrar informações necessárias e precisas de acordo com cada caso. Uma variedade muito interessante da atuação está no trabalho como agente cultural, prestando suporte para o desenvolvimento de ações incentivadoras da criatividade individual, a partir da reflexão sobre os mais diversos aspectos culturais. A atuação pode acon- tecer dentro de bibliotecas ou em outras instituições. A recomendação é atenção à multiplicidade cultural para as atividades desenvolvidas atenderem o público de maneira mais ampla e sem exclusão. É possível trabalhar em galerias e museus de arte; em centros de cultura e lazer, apresentando informações, desenvol- vendo promoções culturais; atuando em agências de turismo com informações turísticas locais, nacionais e internacionais e pesquisa de mercado. Para a pesquisadora Priscila Reis (CRB-6/2517), que coordena uma biblioteca universitária em Belo Ho- rizonte, os Bibliotecários devem buscar especialização, atualização e investir em habilidades de comunicação. “É importante se especializar em uma área, mas, também, se manter atualizado em relação às deman- das do mercado, pois as mudanças são constantes. A formação é generalista, porém, é possível buscar nos estágios ou trabalhos voluntários, ainda durante o curso, assim como na pós-graduação, para conhecer e se especializar em uma ou mais áreas. E, além de uma formação consistente, para ser atrativo no con- corrido mercado de trabalho tradicional ou nas áreas em expansão, uma boa comunicação - verbalmente, formalmente e até nas redes sociais - é fundamental”, destaca Priscila. CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 14 NOVA BIBLIOTECONOMIA EMPREENDEDORISMO GANHA ESPAÇO ENTRE BIBLIOTECÁRIOS O empreendedorismo ganha cada vez mais espaço na biblioteconomia, devido à crescente geração de oportunidades para novos negócios no mercado bra- sileiro. Atualmente, o profissional da informação tem possibilidade de ultrapassar os ambientes meramente físicos dos centros de informação, abrindo atuação em áreas como consultoria, assessoria, palestras, cursos e gestão de negócios. O empreendedorismo deve ter foco em oportunidade, necessidade e, então, desenvol- ver um serviço, ou seja, o profissional deve atender a uma necessidade do mercado. O presidente do CRB-6, Álamo Chaves (CRB-6/2790), avalia que esse é um dos problemas da graduação em biblioteconomia. Geralmente, os cursos preparam o graduando para ser empregado público ou privado, mas, nem sempre, para empreender. A Bibliotecária Carla Floriana Martins (CRB-6/2117), sócia da empresa Praxis Softwares Gerenciais, observa que o senso comum ainda vê o Bibliotecário apenas como a “pessoa atrás da máquina”, recebendo os materiais retirados como empréstimo e auxiliando na pesquisa de conteúdo para estudo, trabalho ou lazer. Ela ressalta que a atuação começa no momento em que um grupo, entidade, instituição, ou mesmo a comunidade, entende que os conhecimentos gerados e registrados em suportes formais da informação, como livros, materiais audiovisuais, digitais, folhetos, carta- zes, revistas, produções acadêmicas, sites , espaços de conteúdos, repositórios, objetos de patrimônio ou memória institucional, começam, por sua quantidade, a exigir curadoria. “Para essas informações cumprirem seu papel social de informar, elucidar, contrapor, comprovar, aprimorar conhecimentos e, claro, proporcionar lazer e diversão acessível e democrática, através da leitura, é preciso organização”, analisa. As diversas situações envolvendo os processos de apuração da informação são os momentos em que o mercado reconhece as qualificações desse profissional que passa a cumprir ocupações específicas e técnicas nas áreas de tratamento da informação. A atuação propicia acesso físico e digital a materiais selecionados e coletados, planejamento e gestão de espaços como as já conhecidas bibliotecas, museus, arquivos, embaixadas, acervos pessoais, religiosos, unidades editoriais nas áreas públicas, privadas, co- munitárias ou particulares. Um dos exemplos de oportunidades no mercado para Bibliotecários, segundo Álamo, está na organiza- ção de informações em sites de vendas. Geralmente, esses canais eletrônicos de vendas não possuem uma taxonomia, um tesauro ou um vocabulário controlado para um cliente/comprador/usuário recuperar informa- ções. Uma pessoa idosa pode procurar por “roupeiro” e, um jovem, por “guarda-roupas” e, há ainda quem pesquisará por “armário”. O sistema deve estar apto a reconhecer essa diversidade de buscas para apresentar o produto. Uma empresa como uma agência, rádio ou TV, pos- sui banco de dados de imagens e vídeos, contudo, a questão é: será que também possui tecnologia que permita recuperar determinada foto ou imagem numa busca mais refinada? É necessário um profissional que perceba a necessidade de indexar, classificar e or- ganizar tudo para que os interessados encontrem a informação ou documento. O desenvolvimento de competências focadas em organização, descrição, recuperação, disseminação e mediação da informação é necessário para quem quer diversificar a atuação em diferentes ambientes e unidades de informação. O empreendedorismo encontrou condições favorá- veis na nova biblioteconomia para ascender. Contudo, grande parte dos currículos não atende a essa neces- sidade, obrigando os profissionais a expandirem seus conhecimentos e habilidades em cursos de formação continuada. O objeto desse profissional é a informação, mas é possível pensar e extrair as possibilidades de atuação de um Bibliotecário, suas maneiras de empreender, além dos espaços tradicionais, como bibliotecas e centros de documentação. CRB-6 Informa v.11, n.1, 2022 – 15 NOVA BIBLIOTECONOMIA O Bibliotecário e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), tecnólogo em Sistemas para Internet pela Universidade Salvador (UNIFACS) e fundador da Barros & Oliveira Consultores Associados, Rafael Marinho, atua há seis anos na pre- paração de documentos e consultoria para processos de reconhecimento de cidadania italiana e portuguesa. Ele conta que acabou investindo em um negócio próprio como um desafio pessoal e ao observar vários colegas insatisfeitos na iniciativa privada, ou por não haver vagas suficientes em concursos públicos. “Come- cei a atuar com reconhecimento de cidadania italiana e portuguesa, basicamente, lidando com documenta- ção, registros históricos e genealógicos para garantir o direito à dupla nacionalidade aos descendentes. Foi uma das formas para transformar produtos e serviços em empreendedorismo e, ainda, produzo e-books e faço palestras para atrair clientes e me posicionar como autoridade em cidadania”, revela. Marinho acredita que tem um grande poder transformador, pois, as ferramentas de trabalho são informações e documentos e, no geral, o cliente/usuá- rio tem pouca prática e conhecimento para lidar com documentos e burocracia. A situação abre diversas alternativas para o Biblio- tecário investir em soluções que atenderão essas ne- cessidades. O presidente do Conselho reforça que o incentivo ao empreendedorismo no curso de biblioteconomia deve acontecer na universidade com disciplinas obriga- tórias, optativas, projetos, eventos ou a própria criação de uma “empresa júnior” para os alunos aprenderem a empreender, ou a despertar o interesse pelo empreen- dedorismo, vislumbrando outros campos de atuação, além dos tradicionais. A inovação na prática didática com uma paulatina associação à biblioteconomia e à educação pode ser uma solução para mudar o perfil do profissional e o desenvolvimento de estudos e pesquisas para o viés do empreendedorismo. Afinal, analisa Álamo que as profissões da informa- ção devem se preparar cada vez mais para suprir as demandas do mundo do trabalho e têm como missão dar acesso a informações desejadas e atender ao usu- ário de