Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 REPRESENTAÇÃO ARQUITETÔNICA PARA PESSOAS COM D EFICIÊNCIA VISUAL – UMA REFLEXÃO ARCHITECTURAL REPRESENTATION FOR VISUALLY IMPAIRED PEOPLE – A REFLECTION DIAS DE LIMA , Victória Graduand a ; Universidade de Brasília , Faculdade de Arquitetura e Urbanismo vickdiasdelima@gmail.com Orientador (a) : GABRIELE , Maria Cecília Professora Doutora ; Universidade de Brasília , Faculdade de Arquitetura e Urbanismo cecilia.gabriele@gmail.com Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 RESUMO: A temática enfoca a comunicabilidade entre arquitetos e pessoas com deficiência visual, que compõem grande parte ativa da sociedade e usufru em da arquitetura cotidianamente , se apoiando em outros sentidos além - visão. Por isso, t a l comunicação deve considera r recursos de representação arquitetônica físicos e/ou digitais que considerem a acessibilidade à luz da multissensorialidade. A partir de dados sociais e conceituais, NBR 9050, legislações e exemplos reais de representações além - visão na arquitetura para esse público , propõe - se uma reflexão quanto à necessidade e à disponibilidade dessas alternativas – reforçando a importância da inclusão no âmbito da arquitetura – , além de contribuir para esse campo de pesquisa ainda pouco explorado. Conclui - se que a s tecnologias novas e tradicionais aplicadas à representação arquitetônica, quando aliadas aos conceitos de acessibilidade e multissensorialidade, são efetivas para a comunicação projetual às pessoas com deficiência visual – contemplando - as PALAVRAS - CHAVE : representação em arquitetura deficiência visual arquitetura acessível multissensorialidade inclusão. ABSTRACT The theme focuses on the communicability between architects and visually impaired people, who are a large part of society and appreciate architecture daily , relying on other senses beyond sight. Therefore, such communication must consider physical and/or digital architectural representation resources that consider accessibility in the light of multisensoriality. Based on social a nd conceptual data, NBR 9050, legislation and real examples of representations beyond - vision in architecture for this public , a reflection is proposed on the need and availability of these alternatives – reinforcing the importance of inclusion in the scope of architecture – , in addition to contributing to this field of research still under explored. It is concluded that new and traditional technologies applied to architectural representation, when combined with the concepts of accessibility and multisensor ia lity , are effective for project communication to people with visual impairments – contemplating them KEYWORDS: architectural representation visual impairment accessible architecture multisensor iality inclusion Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 INTRODU ÇÃO A preferência pelo estímulo da visão na arquitetura em detrimento dos demais sentidos humanos na cultura ocidental é questionada por Juhani Pallasmaa (2011), que reforça a ideia da multissensorialidade na arquitetura e a de que “todos os sentidos, incluind o a visão, são extensões do tato”, afirmando que “a arquitetura articula a experiência de se fazer parte do mundo e reforça nossa sensação de realidade e identidade pessoal”. Refletindo acerca do pertencer ao mundo por meio da arquitetura, tem - se que as p essoas com deficiência visual (PDV) são parte considerável da nossa sociedade e, portanto, transitam pelas cidades e edifícios e usufruem da arquitetura cotidianamente como qualquer outra – porém, utilizam outros sentidos além da visão para perceber o mund o. Desta forma, se faz necessário o uso de alternativas acessíveis na representação de projetos de arquitetura, de modo a facilitar a comunicação entre usuário com deficiência visual e projeto reproduzido física ou digitalmente, visto que são potenciais clientes ou colega s de qualquer arquiteto. A inclusão das pessoas com deficiência na arquitetura ganhou maior atenção após a Segunda Guerra Mundial, quando veteranos que sobreviveram com sequelas encontraram diversas barreiras arquitetônicas ao usufruir de edificações que utilizavam modelos que padroniza vam o homem e suas dimensões para a concepção de espaços e objetos, deixando aqueles que fugiam do modelo – deficientes, crianças etc. – desconsiderados no ato de projetar. Anos depois , surge a primeira padronização conside rando a acessibilidade, derivada do conceito de Desenho Universal – “ design de produtos e de ambientes para serem usados por todas as pessoas, na maior extensão possível, sem a necessidade de adaptação [...] ” – este, apresentado no final do século XX, nos Estados Unidos. Dentre seus princípios, além de fatores estéticos, econômicos e sustentáveis, estão: uso equitativo, flexibilidade, uso intuitivo, informação perceptível, tolerância ao erro, baixo esforço físico e tamanho e espaço de aproximação e uso (MEL LO, 2015). A informação perceptível se baseia no ato de percepção, ou seja, na combinação dos sentidos a fim de reconhecer um objeto ou espaço. A informação é de fácil percepção quando “ [ ... ] é transmitida de forma a atender as necessidades do receptador, seja ela uma pessoa estrangeira, com dificuldade de visão ou audição” (CARLETTO; CAMBIAGHI, 2007, p.14). Assim, a utilização Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 de diferentes maneiras de comunicação – símbolos, Braille, design tátil, sinalização auditiva etc. – facilitam o reconhecimento de espaços, objetos e representações As PDV no Brasil são amparadas por recursos legais – como a Constituição, normas técnicas e leis – que visam a inclusão e reconhecimento destas como membros da sociedade, englobando aspectos sociais, de saúde, de educaç ão, de direitos, de assistência e de trabalho. A abordagem do Desenho Universal e da Acessibilidade também estão presentes nas diretrizes desses recursos a fim de nortear adaptações em projetos, cidades e espaços construídos. Além do reconhecimento das PD V na sociedade , a produção deste trabalho foi impulsionada por razões pessoais. Minha tia tem deficiência visual congênita e são nítidas as dificuldades que enfrenta no dia a dia devido à baixa visão: falta de amparo, de estratégias e de infraestrutura que contemplem suas necessidades e de outras pessoas. Como futura profissional , as PDV são potenciais clientes – até mesmo colegas – e, para estabelecer uma comunicação acessível e tangível entre a pessoa com deficiência visual e o projeto de arquitetura que a ela interessa, é preciso adotar alternativas de representação arquitetônica que contemplem o Desenho Universal, à luz da multissensorialidade. Atualmente, o campo de pesquisa relacionado ao tema abordado ainda é pouco explorado, com p ouca bibliografia específica. Em vista dessa lacuna e demanda, esse trabalho procura ser uma fonte de consulta para futuras pesquisas nessa área de estudo. Nesse contexto, também, busca uma reflexão quanto à necessidade e à disponibilidade de alternativas além - visão , mostrando possibilidades que existem na atualidade ou que estão em aprimoramento tecnológico voltadas aos usuários com deficiência visual , visando reforçar a importância da inclusão das PDV no âmbito da arquitetura. DEFICIÊNCIA VISUAL : DADOS E CONCEITOS Dados censitários e sociais das pessoas com deficiência visual Os dados censitários globais mostram que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) em seu relatório “ World report on vision ” (2019), cerca de 2,2 bilhões de pessoas possuem alguma Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 deficiência visual – dificuldade de enxergar, baixa visão ou cegueira – e destas, pelo menos um bilhão dos casos poderiam ter sido evitados ou tratados. Nesse levantamento, é preocupante a projeção que mostra a demanda global crescente por tratamento ofta lmológico nos próximos anos devido ao crescimento populacional, envelhecimento e mudanças de estilo de vida (OMS, 2019). Tal projeção mostra que o número de pessoas que precisarão de adaptações tanto nos espaços construídos, quanto nas cidades poderá ser c rescente e, consequentemente, a demanda por ambientes acessíveis capazes de garantir conforto e independência para as PDV poderá aumentar. Portanto, a forma como a representação do espaço arquitetônico será transmitida, a fim de expressar a espacialidade de outras maneiras além - visão, vai exigindo maiores reflexões e soluções para transpor a dificuldade de comunicação entre o projeto representado e as PDV. No Brasil, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de acordo com o Censo Demográfico 2010 constam que 3,44% da população (6.562.910 pessoas) possui deficiência visual, sendo 506.377 pessoas com cegueira e outras 6.056.533 pessoas com grande dificuldade de enxergar, mostrando que uma considerável parcela do país precisa de assistência e infraestrutura voltada ao público com visão comprometida. D eficiência visual: cegueira, baixa visão e visão monocular O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) emitiu o relatório “As Condições de Saúde Ocular no Brasil” (2019) contendo dados oftalmológicos, inclu indo a definição de cegueira, baixa visão e visão monocular e os termos relacionados de acordo com a OMS, a q ual estabelece quatro níveis de função visual, sendo elas: visão normal, deficiência visual moderada, deficiência visual grave e cegueira. Os parâmetros usados para avaliar a deficiência visual são duas escalas oftalmológicas: a acuidade visual – ou seja, a “capacidade de reconhecer determinado objeto a determinada distância” – e o campo visual – ou seja, a “amplitude da área alcançada pela visão”. Em 2003, a consultoria da OMS para a “Padronização da Definição de Perda de Visão e Funcionamento Visual” sug eriu alterações na definição de cegueira, substituindo termos e definições para melhor caracterizar o tratamento oftalmológico, conforme Tabela 1 Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Tabela 1: Categorias de deficiência visual Fonte: CBO, 2019 A deficiência visual pode ser congênita ou adquirida, em que a influência genética e a predisposição a certas doenças também podem afetar a visão. D e acordo com o Decreto Federal nº 3.298 de 1999, art. 4º, III, a cegueira é caracterizada quando a acuidade visual é igual ou menor que 0, 05 no melhor olho e a baixa visão é caracterizada pela acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, ambos com a melhor correção óptica. Neste Decreto (1999), a visão monocular é definida como “a presença de visão normal em um olho e cegueira no olho c ontralateral – acuidade visual inferior a 0,05 com a melhor correção visual”. Este caso interfere na percepção da tridimensionalidade e na percepção espacial dos objetos, reconhecendo formas, cores e escala, mas tendo dificuldades em avaliar distâncias e p rofundidade (CBO, 2019). Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 N BR 9050 e aspectos legais no Brasil De acordo com a Norma Técnica NBR 9050 – Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos (ABNT, 2015), a acessibilidade engloba “possibilidade e condição de alcance, p ercepção e entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, [ ... ] , informação e comunicação, [ ... ] ”, destacando que a forma de transmitir de maneira acessível faz parte da inclusão social das PDV. Isso nos permite fazer uma ponte com as informações contidas em projetos arquitetônicos, que , por mais visual que sejam, é possível torná - los acessíveis aos que possuem deficiência visual ao buscar métodos de representação pautados no uso de outros sentidos além da visão. O contraste visual tem como função “destacar elementos entre si por meio da composição claro - escuro ou escuro - claro para chamar a atenção do observador” (ABNT, 2015) e é definido pelo valor da luz refletida na superfície na escala de 0 a 100, sendo 0 o valor do preto puro e 100 o do branco puro. As PDV podem não conseguir identificar cores, mas podem conseguir perceber tons claros e escuros. É um importante aspecto para diferenciação e situação de pessoas com baixa visão e visão monocular, podendo ser aplicado em mater iais para composição de maquetes, modelos táteis, impressões gráficas, entre outras formas de representação no âmbito de projetos de arquitetura construídos e/ou não construídos. Já n o contraste sonoro, é utilizado um conjunto de sons para informações verb ais ou não verbais. Os sons são percebidos pelo aparelho auditivo e são especialmente importantes para as PDV para que tenham clareza de sua localização e das advertências e instruções que possam auxiliá - las quanto a orientação e comunicação. O contraste t átil envolve textos e símbolos com alto relevo É recomendado a associação entre textos em caixa alta e em relevo e texto em Braille com as especificações geométricas. Já os símbolos táteis devem ter contornos fortes e bem definidos, simplicidade e estabil idade da forma e relevo. Priorizar o tato é uma das formas mais acessíveis de comunicação textual e a associação entre forma, cor, texto e som permite uma transmissão de informação ainda mais completa, podendo ser incorporada na representação arquitetônic a, assim como o contraste visual e sonoro (ABNT, 2015). Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 No contexto legislativo do Brasil, além das as garantias da Constituição Federal de 1988 , a Lei nº 7.853/89 e o Decreto nº 3.298/99 são base na política nacional para integração da pessoa com deficiência. O Decreto regulamenta a lei em questão e consolida, para as PDV, normas de proteção, interesses coletivos ou difuso, integração na sociedade brasileira e outras previdências (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2019, p.53). Há também a Lei nº 10.098/2000 – Lei da Acessibilidade – e a Lei nº 13.146/2015 – conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência – , a qual é “destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência , visando à sua inclusão social e cidadania” (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2019). Assim como a NBR 9050, ambas se baseiam na aplicação do Desenho Universal para tornar os espaços, os objetos e a vida da pessoa com deficiência a mais acessível e inclusiva possível REPRESENTAÇÃO ARQUITETÔNICA ALÉM - VISÃO Representação arquitetônica – um breve contexto A representação de um projeto arquitetônico inclui uma série de técnicas para transmitir as ideias do arquiteto, o que inclui desenhos e croquis, maquetes e modelos tr idimensionais – físicos e/ou digitais – e até mesmo recursos sonoros e olfativos. Enfrenta alguns desafios em três diferentes contextos do projeto, definidos por Laseau (1982 apud RAGONHA, 2014): o contexto individual – capacidade de transmitir suas próprias ideias para o papel ou modelo – , o contexto da comunicação de equipe – compartilhar suas ideias do processo projetual com a equipe – e o contexto da comunicação com o público – de forma a transmitir a informação com linguagem acessível ao público leigo. O arquiteto passou a usar o desenho como uma maneira de se expressar e comunicar visualmente com os mestres de obras que iriam materializar o projeto arquitetônico a partir do Re nascimento. O processo de projetar e a representação do espaço se tornaram mais elaboradas por causa dos desenhos de perspectiva, que incluíam conhecimentos como a geometria e a matemática. Desde então, o desenho tem um papel fundamental no processo de cri ação e representação do projeto do arquiteto (RAGONHA, 2014). Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Ainda de acordo com Ragonha (2014), outras formas de representação incluem os modelos tridimensionais físicos e digitais, os quais permitem experimentação e visualização do projeto durante a con cepção projetual e posterior a ela. No período do Renascimento, destacava - se a maquete física e desenhos para a representação arquitetônica, mas ao passar dos anos e com o desenvolvimento da tecnologia dos computadores e impressoras, o uso do desenho à mão e do modelo físico reduziu e passaram a ser mais digitais. O multissensorial na arquitetura e nos modelos de representação Como se expressar quando o receptor da sua informação projetual é uma pessoa com deficiência visual e o aspecto visual não é suficie nte? Para esta reflexão, o caminho mais adequado é o resgate dos outros sentidos além da visão, ou seja, o paladar, a audição, o olfato e, principalmente, o tato, aplicados à arquitetura e suas técnicas de representação, resultando em uma representação arq uitetônica multissensorial. Herssens e Heylighen (2009) afirmam que a arquitetura é experienciada de forma multissensorial e a capacidade humana de captá - la é bastante diversa. Porém, a ênfase do processo de projetar e criar arquitetura baseia - se majoritar iamente na representação visual, em que outros sentidos quase não são representados ou considerados no projeto. Discutem a importância do tato na arquitetura, comparando - a com a importância da percepção visual na captação de informação com o meio que nos c erca, resgatando as visões de Pallasmaa em relação à hapticidade: “ [...] os sentidos são especializações do tecido cutâneo, e todas as experiências sensoriais são variantes do tato e, portanto, relacionadas à tatilidade ” (PALLASMAA, 2011, p. 10) Pallasmaa (2011) exemplifica a experiência multissensorial com um passeio na floresta , onde há interação constante de todas as modalidades de sentidos ou “polifonia dos sentidos”. Para o autor, a arquitetura “envolve diversas esferas da experiência sensorial que int eragem e fundem entre si”, considerando o tato como o sentido inconsciente da visão. Nosso pertencer ao mundo é integrado ao tato: “meu corpo me faz lembrar quem eu sou e onde me localizo no mundo”, assim como a provocação simultânea dos sentidos. O estímu lo da sensação visual se apoia na informação bidimensional (2D) e o da sensação tátil é mais tridimensional (3D) do que 2D, dependendo da escala do meio. Ambas as percepções se Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 baseiam no estímulo provocado pelo material (textura, temperatura, densidade, r ugosidade) e características espaciais (forma, orientação, dimensões, escala). Porém, o sistema háptico depende mais das propriedades do material do que o visual – este, depende mais das características do espaço – , portanto, o modo de captar os estímulos e extrair informação deles são diferentes entre si (HERSSENS; HEYLIGHEN, 2009). A partir da observação: “na representação háptica, a forma é discutível, pois pode não estar relacionada ao seu significado. Isso se dá pelo fato de que, relacionada à forma, a informação visual predomina a informação háptica” (HERSSENS; HEYLIGHEN, 2009, p.5), podemos inferir que apenas o uso do tato pode não ser suficiente para transmitir uma informação, principalmente se ela é complexa como um projeto de arquitetura. Sendo ass im, a associação de sentidos como a visão – ainda que apenas percebidos os tons claros e escuros – , o tato – a partir de formas e linguagens táteis – , a audição – narrativas e sons específicos – , entre outros, se complementa para repassar a informação dese jada que, quando aplicada a modos de representação arquitetônica, tornam - se importantes recursos de comunicação projetual. Um exemplo desses recursos são os modelos visuo - hápticos mencionados por Vermeersch (2013), usados na concepção projetual da Lille To wn Hall do escritório belga ONO Architectuur – fruto de uma competição que envolveu dois usuários/especialistas cegos no processo projetual. Trata - se de artefatos de representação 3D explorados e criados com base na abordagem háptica usados nas reuniões en tre os arquitetos e as duas pessoas cegas para facilitar a colaboração mútua, sendo que estas ajudaram na criação dos modelos durante um workshop Destaca - se a coleta de informações pelo estudo das representações de Chris Downey e Carlos Mourão Pereira – a rquitetos cegos que serão abordados posteriormente – junto com as informações derivadas dos arquitetos e dos colaboradores cegos para a criação dos artefatos representativos. Foram criados três modelos em três escalas diferentes que representavam o terreno e as intenções projetuais (Figura 1). O modelo na escala 1:1000 servia para ter uma visão geral do terreno, contexto e volumes existentes ou propostos. A parte urbana foi feita com um papelão e uma foto sobreposta, as ruas adjacentes ao terreno foram rep resentadas por linhas de papelão e os edifícios feitos de papel pluma, sendo que os existentes foram fixados na maquete e os propostos eram soltos e Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 manipuláveis. Porém, esse modelo não fornecia detalhes do interior do espaço proposto e, por isso, foram fe itos outros modelos nas escalas 1:500 – com maior detalhe espacial do interior criado com camadas de papelão e zoneamento interno, de forma abstrata e com auxílio de texturas – e 1:200 – focado no interior, com mais detalhamento e possibilidade de percorrê - lo com a mão (VERMEERSCH, 2013). Figura 1: Modelos 1:1000 (01); 1:500 (02) e 1:200 (03). Fonte: Compilado a partir de VERMEERSCH, 2013. Nas reuniões, uma das colaboradoras cegas sugeriu que o arquiteto pegasse a mão dela e a guiasse pelo modelo enquanto explicava a parte do projeto referente ao que ela tocava, o que Vermeersch (2013) chama de “gestos co - produzidos”. A associação de gestos guiados e as narrativas do arquiteto facilitou o entendimento das qualidades espaciais do projeto (proporções, orientação no terreno etc.), corroborando com a discussão, questionamentos e críticas da colaboradora. Após percorrer o modelo com auxílio e comp reendê - lo, conseguia explorá - lo sem ser guiada, podendo voltar e analisar melhor a configuração espacial, construindo sua própria narrativa acerca do projeto (Figura 2). Figura 2 : Demonstração dos gestos de reconhecimento no modelo visuo - háptico. Fonte: VERMEERSCH, 2013. Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 As representações verbais, gestuais e físicas têm seus prós e contras no ato de projetar/representar e geralmente são utilizadas simultaneamente. Quando colaborado res com deficiência visual se envolveram no processo, a produção de modelos visuo - hápticos foi decisiva para a comunicação entre a equipe e discussão de projeto, porém, à medida que a reunião evoluía para tópicos ainda incertos – que não foram traduzidos e spacialmente – , a conversa se mostrava mais efetiv a . De qualquer modo, os modelos permitiram uma explicação da configuração espacial do projeto dos arquitetos para os colaboradores cegos, de forma a assimilarem as qualidades espaciais e construírem uma dis cussão frutífera, com troca de informações úteis à acessibilidade do projeto, mostrando - se um recurso efetivo de comunicação projetual acessível (VERMEERSCH, 2013). Tem - se assim que o estímulo dos sentidos além - visão, principalmente do tato e da audição, d irecionado às formas de representação arquitetônica estabelecem um modo de comunicação eficiente da proposta espacial – amparada pelo uso de materiais diversos, cores, texturas e recursos sonoros, incluindo a narrativa humana – entre arquiteto e usuário co m deficiência visual, tornando - as acessível tanto para videntes quanto não videntes. O uso de linguagem tátil como o Braille também complementa informações de projeto dispostas em textos ou incluídas em representações para sinalizar nome d e ambientes ou ma teriais usados. ARQUITETOS CEGOS E SEUS MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO Carlos Mourão Pereira Arquiteto formado pela Universidade Técnica de Lisboa em 1997, mantinha seu ateliê em Lisboa desde 1998. Perdeu sua visão em 2006 decorrente de um acidente, mas isso não o impediu de continuar sua carreira na arquitetura, tratou tal acontecimento como uma oportunidade de pesquisar ainda mais sobre arquitetura sensorial e o espaço não - visual com um ponto de vista diferente: de um arquiteto cego que reaprendeu o mundo e a a rquitetura (ANTUNES, 2017). De acordo com Beatriz Antunes (2017), para continuar seu trabalho como arquiteto e professor, Pereira tinha que ser capaz de interpretar os desenhos e conseguir transmitir suas ideias para seus colaboradores e alunos. O arquitet o procurou métodos que o ajudassem a transformar linhas de desenho em relevos para que conseguisse senti - los hapticamente, interpretá - los e procurar técnicas para os corrigir. Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Com o auxílio de pintores e escultores, aprendeu técnicas (Figura 3) como colocar uma mão na extremidade da folha para que pudesse ter consciência do espaço que havia para desenhar, escalonando com sua própria dimensão física. Para conseguir perceber seus desenhos, usa uma base de borracha com: [ ... ] Um papel translúcido, [...] uma ponta seca, uma esferográfica sem tinta, se estiver a pressionar sobre esse papel, como tenho a borracha por baixo, o relevo vem para cima, em vez de vir para baixo, o que permite que quando estou a desenhar, eu estou com as pontas dos dedos a ac ompanhar a linha que estou a fazer e não a perco, de modo que consigo fazer desenhos e comunicar. (PEREIRA apud ANTUNES, 2017, p. 75). Figura 3 : Pereira desenhando com base de borracha. Fonte: ANTUNES, 2017. Das alternativas que encontrou, o arquiteto começou a usar Lego® para montagem de maquetes, já que é um material de encaixe reutilizável e disponível em vários formatos. Porém, as peças não sã o fabricadas para serem usadas em maquetes rigorosas quando se trata do uso minucioso da escala. A partir da ideia existente, o arquiteto desenvolveu um protótipo onde as peças são pensadas de acordo com a escala. Pereira também usa de forma recorrente as maquetes, que podem ser feitas com inúmeros materiais, como papel cartão (Figura 4), gesso, argila (Figura 5), madeira, isopor, entre outro s Antunes (2017) afirma que o arquiteto recorre frequentemente ao gesso pela maior liberdade de trabalhar com esse m aterial que com o Lego® ou seus protótipos, já que o uso destes dificulta o desenho de curvas, enquanto o gesso permite moldes que nossa mão consegue produzir. Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Figura 4 e 5 : Pereira usando materiais variados para modelos físicos. Fonte: VERMEERSCH, 2013. O uso de seus protótipos e maquetes em suas aulas de arquitetura tornou - se uma troca interessante entre o arquiteto e seus alunos, que o apoiaram após perder a visão. Enquant o em outras aulas usava - se principalmente o desenho para orientações de projeto, suas aulas tinham uso intenso de materiais hápticos para mostrar evolução dos trabalhos e para apresentações finais (ANTUNES, 2017). A continuidade de projetos que já tinha e o obstáculo causado pelo acidente que o cegou levou Pereira a buscar outras maneiras de recolher dados, já que não tinha mais como observar o espaço a intervir e o recurso de fotografia já não lhe servia. Foi assim que começou o uso de recursos sonoros atr avés de vídeos, onde captava o som, o movimento e a imagem, localizando - se na obra. Tal recurso é válido no caso do arquiteto por ele já ter tido a experiência visual antes de se tornar cego, visto que, segundo Warren (1974 apud ANTUNES, 2017) “uma pessoa com deficiência visual, que já tenha visto durante um período da sua vida, retém memórias de referência visual, ou um sistema de referência espacial”. Apoiou - se na experiência do tato para tocar em tudo que iria intervir – das paredes ao chão – e desde ent ão, sua arquitetura e o modo de projetar tomaram rumos diferentes. Antes era comum ver linhas retilíneas e ângulos simples em seus projetos, atualmente a presença de Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 curvas e formas mais convidativas ao toque, presença de texturas variadas e não apenas sup erfícies lisas são incorporadas às suas ideias (ANTUNES, 2017). Pereira u s a seu próprio corpo e sua própria mão como um modelo para explicar formas para seu colaborador, este também interage com a mão do arquiteto para se comunicar, como um modelo flexível . Esse processo de manipulação é fluido e pode ajudar a manipular a escala de forma mais imediata, onde sua mão transforma - se na parte do edifício, no edifício inteiro, no lote etc. O impasse desta alternativa é a falta de registros físicos fixos, já que n ão há fixação da forma estudada como em uma maquete física, por exemplo (VERMEERSCH; HEYLIGHEN, 2012). De acordo com Vermeersch (2013), Pereira fotografa uma certa textura junto com uma mão tocando o material e assim fornece uma escala para seus colaborado res reproduzir em a textura. Para levar consigo as qualidades hápticas, ele registra a forma dos elementos com um fio de arame maleável, pressionando o fio na textura para obter a impressão precisa do elemento. Outra técnica para imitar desenhos de projeção é cortar silhuetas de papelão. Pereira mantém tanto a parte recortada quanto a negativa para interpretar com as mãos, técnicas que permitem fácil exploração bidimensional. Para projetar qualidades visuais, Pereira confia em suas memórias e nas descrições de seus colaboradores, que produzem as representações visuais posteriormente. Ao relacionar elementos de design a edifícios ou objetos conhecidos, Pereira ainda pode fazer julgamentos sobre cores, por exemplo. Para interpretar desenhos técnicos como os de CAD ( Computer Aided Design ), seus colaboradores imprimem o desenho espelhado e traçam linhas fortes em relevo e, ao virar o desenho, o arquiteto consegue sentir com seus dedos as linhas do desenho e compreender o projeto (VERMEERSCH, 2013). CHRISTOPHER “CH RIS” DOWNEY Arquiteto americano que atua em São Francisco com aproximadamente 25 anos de experiência profissional, Christopher Downey atualmente faz parte do SmithGroup – escritório de arquitetura com projetos voltados a área da saúde, educação e ao setor público – no qual contribui para consultorias em designs para as PDV (VERMEERSCH, 2013). Formado pela Universidade Estadual da Carolina do Norte em Design Ambiental e mais tarde obteve o grau de Mestre em Arquitetura pela Universidade da Califórnia, em Berkeley (ANTUNES, 2017). Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Perdeu sua visão e olfato em 2008 após uma cirurgia por causa de um tumor no cérebro. Assim como Pereira, considerou sua nova condição como uma opor tunidade para reinventar sua carreira na arquitetura, se interessando pelo ramo de qualidades multissensoriais, principalmente na questão tática e acústica. Também precisou buscar alternativas para seu processo de projetar, aprendendo sobre novas ferrament as e maneiras de comunicação de ideias com a infraestrutura provida pela SmithGroup, ajudando na mediação entre clientes e usuários com deficiência visual e proposta de projetos do grupo. O escritório utilizava o modo tradicional de apresentação de projeto s, como o uso de plantas baixas, cortes, elevações e renderizações 3D, todos de forma visual. Quando Downey entrou na equipe, a representação arquitetônica precisou ser modificada para artefatos hápticos que o arquiteto produziu para seu próprio entendimen to e das PDV envolvidas nos projetos (VERMEERSCH, 2013). Devido às limitações tecnológicas, Downey precisou encontrar o tamanho ideal de papel – limite máximo de folha A3 – para que conseguisse perceber a escala na folha impressa com a impressora em questã o – que também tem o espaçamento entre os pontos limitado – e adaptar o modo como a informação seria compilada e representada na escala possível. Imprime os desenhos técnicos e desenhos em perspectivas tridimensionais (Figura 6) (VERMEERSCH; HEYLIGHEN, 201 2). Além da plotagem, o arquiteto combina as impressões com Wikki Stix® , uma cera modelável colorida para “brincar” com o espaço impresso e propor modificações se preciso – tanto arquiteto, quanto colegas colaboradores – , manipulando o modelo ou o esboço tridimensional para manter uma comunicação harmônica com a equipe (VERMEERSCH, 2013). Com ela, desenha sobre o papel com as impressões em alto - relevo onde estaria a tinta do desenho e consegue ir representando suas ideias e/ou modificações (Figura 7 ) (ANTUNES, 2017). Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Figura 6 e 7 : Reconhecimento através do toque - planta baixa em impressões em alto relevo e Wikki Stix® combinada com impressão em alto relevo Fonte: VERMEERSCH, 2013. Downey também usa seu próprio corpo para aprender e entender os ambientes e testar materiais através do toque e d e su as características acústicas para propostas compositivas , tocando com suas próprias mãos ou batendo com sua bengala, dando ricas informações de projeto – contraste de texturas, conforto, qual idades acústicas etc. – voltadas às PDV (VERMEERSCH, 2013). O arquiteto, que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias assistivas , também colabora com o desenvolvimento do inTACT Sketchpad – tecnologia que “permitirá desenhar s obre um tablet e sentir a linha que se forma ao passar a caneta sobre a superfície” (DOWNEY apud MACLEOD, 2015). As informações gráficas poderão ser passadas para um computador através de uma conexão USB (MACLEOD, 2015). Tal tecnologia é semelhante à alter nativa usada por Pereira com o papel translúcido, mas combina a tecnologia digital à técnica física. Outra tecnologia que Downey encontrou como representação arquitetônica além - visão foi trabalhar junto com engenheiros de áudio da empresa Arup no Arup’s So undLab . O estúdio de modelagem acústica consegue sintetizar modelos BIM ( Building Information Modeling ) de um espaço arquitetônico, incorporar todos os atributos acústicos de todos os materiais usados no modelo e demonstrar como o espaço será ouvido, usand o um laboratório de som sofisticado que te coloca sonoramente dentro do modelo acústico (KILCREASE, 2016). Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 [...] bato minha bengala, eles gravam isso como um arquivo de origem e o colocam dentro do espaço. Eles podem me fazer atravessar o prédio com aquele som de batida, como se fosse uma animação de alguém andando pelo espaço. E você pode ouvir como o som evolui com base em como a arquitetura o molda. [...] . Dessa forma, o SoundLab permite testar projetos e trabalhar para obter maior diferença e clareza acústica ( D OWNEY apud KILCREASE, 2016, tradução nossa). UMA LUZ NA ESCURIDÃO – OUTRAS POSSIBILIDADES ALÉM - VISÃO Modelos táteis, impressão 3D e prototipagem De acordo com Bem e Pupo ( 2015), é preciso ter clareza na representação dos elementos que compõem os mapas e maquetes táteis para que a leitura não seja prejudicada. Para isso, a aplicação da prototipagem rápida (PR) no contexto tátil possibilita a fabricação de texturas claras e e ficientes, “propiciando conforto tátil na leitura e durabilidade quanto à utilização por parte dos usuários na leitura dos materiais”. No trabalho dos autores, são analisados estudos de caso de mapas e maquetes táteis envolvendo técnicas como impressões 3D , características de mapas táteis 2D, prototipagem digital e associação de técnicas com recursos sonoros e linguagem tátil – como o Braille. O primeiro estudo de caso dispõe sobre um mapa tátil de uma área de Barcelona – desenvolvido por Gual et. al (2011 apud BEM; PUPO, 2015) – impresso em 3D sob os princípios do Desenho Universal que implementa a impressão 3D colorida para avaliação de sua funcionalidade (Figura 8). O mapa traz volumetrias 3D, características típicas de mapas táteis 2D e legenda, desenvo lvido para ser usado com a percepção tátil e a percepção visual associadas para ampliar sua possibilidade de utilização. Seu objetivo era representar a área onde se localiza o museu Mrítim e assim facilitar o acesso à cultura para as PDV. Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Figura 8. Estudo de caso de Barcelona. Fonte: BEM; PUPO, 2015. O utro estudo de caso exemplifica a combinação de duas técnicas de Prototipagem Digital desenvolvidas por Capeli e Bernardi em um trabalho de iniciação científica, cujo objetivo era “o aprimoramento de um mapa tátil com recursos sonoros para a área central do ca mpus da UNICAMP, com o desenvolvimento de simbologias e instrumental apropriado para leitura e manipulação” (BEM; PUPO, 2015) por PDV, analisando a inclusão de tecnologias que permitem a obtenção fácil e correta da informação – como o som – e sua eficácia de uso. Primeiro se utilizou o corte à laser em placas de laminado para representar a rota de deslocamento daquela região do campus , depois se utilizou a impressão 3D baseada em pó para a fabricação de legendas em Braille e de edificações existentes no cam pus . Os modelos foram analisados pelos usuários PDV e foram sendo ajustados para determinação da melhor escala de representação das simbologias e dos materiais e texturas utilizados. A prototipagem rápida surge então como uma ferramenta extremamente útil n a confecção dos modelos táteis (Figura 9) . Uma das características que pode ser destacada é a possibilidade de representação com grande resolução das texturas, símbolos e texto em braile facilitando a sua leitura, além da resistência do produto à dinâmica associada à sua leitura. (BEM; PUPO, 2015, p. 151) Ensaios em Arquitetura e Urbanismo | ARQUI Ensaios 1 Jul/dez de 2021 Figura 9 Maquete feita com prototipagem digital . Fonte: BEM; PUPO, 2015. Já no estudo de Mussi et. al (2016), são analisadas plantas táteis como forma de meio de colaboração entre arquitetos e PDV a fim de possibilitar o desenvolvimento de um projeto arquitetônico de um centro para PDV, à luz da arquitetura inclusiva e multissensorial. Segundo Milan (2008 apud MUSSI et. al, 2016), a “eficiência da maquete tátil na orientação de deficientes visuais depende também da capacidade de raciocínio espacial desses usuários, e não apenas da qualidade do modelo”. A planta tátil estimula os sentidos e permite que a pessoa com deficiênci a visual explore o ambiente e tenha as percepções espaciais antecipadas Pode atuar como mecanismo pedagógico de compreensão espacial , sendo um estímulo sensorial como treino sensorial e ao percorrer o ambiente em si possibilitaria a estimulação sensorial como exploração sensorial, no momento que a PDV terá contato direto com o objeto a perceber (MUSSI et. al, 2016). Para a análise , foram elaboradas plantas táteis da APACE de Passo Fundo/RS. Foram feitos dois tipos de planta tátil para o mesmo espaço de for ma a compará - las e elencar qual seria mais adequada para aplicar ao grupo de PDV selecionados (Figura 1 0 ).