CARTA CARIs PELO CLIMA - COP 30 Nós, estudantes de Relações Internacionais, e seus Centros Acadêmicos de Relações Internacionais (CARIs), reunidos na iniciativa "CARIs pelo Clima", manifestamos por meio desta carta, nossa profunda preocupação com os impactos crescentes do déficit de participação da sociedade civil brasileira nas políticas de combate às mudanças climáticas no âmbito da COP30. A Conferência das Partes (COP) é um momento em que os países signatários da Convenção do Clima se reúnem para apresentar relatórios sobre as suas emissões de gases de efeito estufa e novas políticas de redução. Além disso, discutem financiamento climático, tecnologia verde, adaptação a desastres e transição energética. A COP 30 ocorre em um momento decisivo para a governança climática global. Encerra-se o primeiro Balanço Global ( Global Stocktake ) do Acordo de Paris, cujo relatório de 2023 evidenciou que os esforços coletivos ainda são insuficientes para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, e inicia-se um novo ciclo de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que deverão ser submetidas pelos países até outubro de 2025. Nesse cenário, o Brasil, enquanto país anfitrião, assume papel estratégico tanto na condução das negociações multilaterais, quanto na demonstração de liderança democrática e participativa diante da crise climática. Trata-se da primeira COP realizada em um país democrático, após uma sequência de três Conferências realizadas em países petrolíferos e autocráticos, o que inviabilizava também a participação da sociedade civil fora dos espaços formais da COP30. A JUVENTUDE GLOBAL PELO CLIMA Atualmente, é notável um crescente aumento da participação da juventude nas discussões climáticas. A sua participação pode ser classificada em duas frentes: a primeira sendo a dimensão intergeracional da crise climática, já que as decisões afetam a geração atual, porém com efeitos nas futuras. Enquanto isso, a segunda frente pode ser resumida na capacidade de mobilização dos movimentos juvenis, que cresceram ao longo das décadas. Esse movimento acontece porque inegavelmente, a geração jovem será a mais afetada pelas mudanças climáticas no futuro, além de serem aqueles que 1 presenciarão os resultados das políticas de prevenção delas. Assim, se torna imprescindível a presença da juventude global nas decisões sobre o clima ao lado dos atores governamentais e institucionais. A juventude aumenta a legitimidade de movimentos sociais, já que possui uma grande influência na opinião pública e têm a capacidade de pressionar as lideranças para que deem voz às questões levantadas por eles. Isso é possível porque, devido à globalização e ao fácil acesso à informação, além de se mobilizarem dentro de sua própria vizinhança, os jovens também possuem a capacidade de se movimentarem através das redes sociais, atingindo um público que se identifica com suas lutas globalmente. Especificamente sobre o clima, a YOUNGO, por exemplo, reúne jovens de todo o mundo para trabalhar em prol do meio ambiente, justiça climática, sustentabilidade e direitos humanos. Seu impacto dentro das COPs é inegável, porque representa a voz da juventude mundial nas negociações climáticas e conseguiu se tornar um ator político dentro da própria ONU ( constituency ). O grupo evidencia o interesse da juventude nas causas do aquecimento global e sua preocupação com as consequências das mudanças climáticas em suas vidas. A CRISE CLIMÁTICA É TAMBÉM DEMOCRÁTICA Entendemos, entretanto, que os desafios da democracia climática permanecem significativos. As Conferências das Partes, embora representem o principal espaço multilateral de deliberação ambiental, ainda refletem profundas assimetrias de poder entre o Norte e o Sul globais, além de limitações na participação efetiva da sociedade civil. Embora a juventude, os povos indígenas, as comunidades tradicionais e as populações periféricas sigam com um crescente acesso aos espaços de negociação , os interesses corporativos e econômicos têm prevalecido sobre as agendas de justiça social e ambiental. Atualmente, 9 grupos temáticos participam oficialmente das COPs, entre eles, a YOUNGO (Juventude), a IPO (Organização de Povos Indígenas) e a WGC (Mulheres e Gênero). Há um evidente crescimento na participação desses grupos, principalmente a juventude global que, na COP 29, teve uma participação de 10,5%. Por outro lado, os povos indígenas e mulheres tiveram uma participação de 3,3% e 2 3,6%, respectivamente, na COP 29, que apesar de ser uma pequena porcentagem, teve um crescimento de cerca de 30% em relação à COP 28. Ainda assim, é uma desigualdade evidente já que grupos como o BINDO (Negócios em Indústria) possuem a terceira maior participação dentro das COPs, com aproximadamente 13,3% na COP 29, perdendo apenas para a ENGO (Organizações Não Governamentais ambientais), com 42,4%, e para a RINGO (Organizações Não Governamentais Independentes e de Pesquisa), com 18,5%. Essa desigualdade estrutural se expressa também no contexto nacional. As recentes NDCs brasileiras, reestruturadas durante a COP 29, apesar de apresentarem metas mais ambiciosas, como a redução de emissões entre 59% e 67% até 2035, tomando 2005 como base, e a neutralidade de carbono até 2050, foram formuladas com participação social e acadêmica limitada, reproduzindo um modelo tecnocrático e centralizado. A crise climática, portanto, não é apenas ambiental, mas também democrática. A ausência de mecanismos de deliberação inclusiva compromete tanto a eficácia quanto a legitimidade das políticas de mitigação e adaptação. A despeito desse déficit de participação da sociedade civil nos espaços formais de tomada de decisão, seja no âmbito doméstico, seja no internacional, a expectativa para a COP 30, é de uma presença sem precedentes de mobilizações da sociedade civil brasileira e internacional, exercendo pressão às lideranças globais em toda a cidade de Belém. MOBILIZAÇÃO SOCIAL DE RESISTÊNCIA A despeito da falta de participação significativa nos espaços oficiais de negociação da COP30, ressaltamos a relevância da intensa articulação da sociedade civil brasileira para viabilizar a presença e manifestação ampla de movimentos sociais na cidade de Belém, exercendo pressão popular de fora para dentro desses espaços institucionais. Destacamos os esforços significativos da Cúpula dos Povos, que está mobilizando cerca de 15 mil ativistas para estarem presentes em Belém, com uma série de atividades na Universidade Federal do Pará (UFPA) e em toda a cidade, como a realização de uma Marcha Global pelo Clima (no dia 15 de novembro), e uma barqueata internacional, que neste momento já está trazendo centenas de 3 barcos para aportarem no rio Guamá da cidade de Belém, durante a COP30. Igualmente, destacamos os esforços dos povos indígenas, que estimam a presença de 3 mil indígenas na Aldeia COP, também sediada na UFPA. Assim, se torna evidente como a sociedade civil brasileira está buscando alternativas para a participação da COP 30 em Belém. Mesmo com a especulação imobiliária, ativistas, como a Cúpula dos Povos e os povos indígenas, organizam caravanas solidárias com destino a Belém, além de promoverem acampamentos para aqueles que não conseguem se manter com os altos preços. Isso demonstra como as discussões e as soluções climáticas estão vivas, são populares e deveriam ser cada vez mais escutadas e incorporadas pelos tomadores de decisão, domésticos e internacionais. QUAL VISÃO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ESTARÁ PRESENTE NA COP 30? A presença do campo acadêmico das Relações Internacionais na COP 30 é de relevância vital, vide o papel estratégico dos conhecimentos diplomáticos sobre acordos internacionais, de produção de dados sobre a implementação de compromissos adotados multilateralmente em políticas domésticas etc.. Entendemos que a área das Relações Internacionais pode corroborar, de modo prático e intenso, durante todos os momentos da COP 30, as mobilizações sociais e acadêmicas, com workshops preparatórios, promoção de debates, interlocução com setores públicos, pesquisas com membros da sociedade civil, projetos de extensão, entre outros meios de articulação. Todavia, destaca-se uma evidente assimetria em relação a quais universidades e acadêmicos são aceitos como representantes de todo o campo, o que afeta diretamente a ideia de representatividade e democratização das diferentes visões sobre as Relações Internacionais. Enquanto faculdades localizadas em grandes centros urbanos do sudeste, como a Universidade de São Paulo e a Fundação Getúlio Vargas, detêm destaque em discussões e pesquisas, outras - a grande maioria - não têm sido introduzidas ou tido o mesmo protagonismo, principalmente quando se trata de universidades que estão presentes nos estados mais afetados pelas mudanças climáticas. 4 Durante as enchentes do Rio Grande do Sul em 2024, por exemplo, faculdades como Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), entre diversas outras, sofreram danos de milhões de reais em suas estruturas, o que gerou um grande impacto para os alunos, e ainda assim são faculdades que não possuem um protagonismo marcante nas discussões da COP 30. A COP 30, sediada em Belém, proporciona uma visão amazônica, que ressalta uma ideia de valorização territorial, cultura local e justiça socioambiental. Essa lógica traz à tona uma noção de cooperação, reciprocidade e autonomia dos povos. A Amazônia se torna então um meio capaz de trazer soluções para a crise climática, podendo ser realizada através de tecnologias comunitárias e práticas sustentáveis. Com isso, pensar em Relações Internacionais na perspectiva amazônica significa defender uma governança climática democrática, inclusiva e territorializada, em que a proteção da floresta implica na proteção dos povos, cooperando para um avanço no combate às mudanças climáticas e discutidas em âmbito global, ressaltando a importância da inclusão democrática em fóruns como a COP. Ressaltamos a importância de uma participação total do campo das Relações Internacionais brasileiras, para que exista um legado institucional, proporcionando uma interação entre universidades nacionais e internacionais para uma maior colaboração com a temática que deve ser tratada como uma pauta emergencial de ação coletiva. No plano global, destacamos a importância de intensificar a perspectiva da cooperação Sul-Sul nas Relações Internacionais. É preciso discutir como as tecnologias verdes, a agroecologia e as medidas de mitigação e adaptação climática precisam fortalecer a autonomia dos países em desenvolvimento e reduzir as desigualdades estruturais. Corre-se o risco de, em nome de agendas verdes, reproduzirmos modelos extrativistas e geradores de dependência na relação entre o norte (detentor das tecnologias verdes) e o sul global (gerador dos créditos de carbono para compensação de emissões do norte e fonte de matérias primas críticas para tecnologias verdes). É igualmente essencial reconhecer e difundir as tecnologias climáticas comunitárias, desenvolvidas por povos indígenas e comunidades tradicionais, que 5 historicamente têm sido guardiões das florestas e dos ecossistemas. Essas inovações, frequentemente invisibilizadas, devem ser valorizadas e integradas às estratégias globais de mitigação e adaptação, contrapondo-se a um modelo de “inovação verde” centrado em altos investimentos e dependência tecnológica do Norte Global. O QUE QUEREMOS PARA A COP 30? 1. Fim da exploração dos combustíveis fósseis, inclusive na Foz do Rio Amazonas A principal demanda da sociedade civil é o fim imediato da exploração de combustíveis fósseis como a resposta mais eficaz para evitar o ponto de não retorno climático provocado pelo aquecimento global. Paradoxalmente, às vésperas da COP 30, o governo brasileiro, ao invés de aproveitar a sua presidência da COP 30 para articular metas globais de descarbonização energética, aprova pesquisas para a exploração de combustíveis fósseis do Rio Amazonas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), autorizou a Petrobras a perfurar um poço exploratório em águas profundas da Margem Equatorial, região de extrema relevância ecológica. A decisão tomada a poucas semanas da COP 30, levanta questionamentos sobre a coerência do Brasil como líder ambiental global. Em junho de 2025, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizou o quinto ciclo de Oferta Permanente de Concessão de blocos de petróleo, oferecendo 172 blocos exploratórios, divididos entre as 5 bacias brasileiras. De acordo com o relatório de 2025 da Fossil Fuel Non-Proliferation Treaty Initiative , 47 desses 172 planos de exploração estão concentrados na Foz do Amazonas, o que leva o tema a um patamar de urgência internacional. A exploração da região da Foz do Amazonas é de extremo risco para o ecossistema regional, uma vez que não possui muitos estudos sobre o local, de acordo com o Instituto Clima Info (2024), reforçando a importância de garantias concretas de segurança ambiental e social. Mais uma vez, a sociedade civil doméstica e global não está sendo escutada pelos tomadores de decisão. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM, 2025) reforça que a discussão sobre o futuro energético brasileiro deve envolver a sociedade civil, defende que uma transição energética justa requer a participação 6 efetiva das comunidades locais, que são as primeiras a sentirem o impacto socioambiental da exploração. Portanto, a contradição entre o papel de anfitrião da COP 30 e o aumento da exploração petrolífera, como destaca o The Guardian (2025), é um sinal preocupante à coerência do discurso com a prática climática do país. Tornando a discussão da exploração da Foz do Amazonas mais do que um debate doméstico, um problema internacional de governança e de justiça climática, pois interfere diretamente nas metas globais de neutralidade de carbono e no cumprimento do Acordo de Paris. A iminência de uma crise climática sem possibilidade de retorno demanda que toda a comunidade internacional, até mesmo os países em desenvolvimento e com matriz energética majoritariamente limpa, como o Brasil, se comprometam com o fim da exploração de combustíveis fósseis. Insistir na exploração de combustíveis fósseis em plena crise climática significa retroceder em décadas de esforços e avanços globais pela descarbonização. Portanto, a exploração da Foz do Rio Amazonas deve ser tratada como uma pauta prioritária nas discussões da conferência. A COP 30 deve ser uma reafirmação do compromisso brasileiro com a transição energética justa e com a proteção da Amazônia. 2. Povos indígenas e comunidades tradicionais no centro das decisões climáticas O enfrentamento da crise climática requer democratizar os espaços de negociação e decisão. É essencial institucionalizar fóruns permanentes de participação social nas COPs, com assentos formais para juventudes, povos tradicionais, academia e organizações da sociedade civil. No âmbito nacional, urge garantir mecanismos de escuta ativa durante a formulação e revisão das NDCs, por meio de consultas públicas, conferências temáticas e integração com as universidades. Defendemos também o fortalecimento da transparência e do controle social, com a criação de plataformas públicas de monitoramento das metas climáticas e ampla disponibilização de dados sobre emissões e políticas setoriais. Além disso, é imprescindível democratizar o acesso ao financiamento climático, descentralizando fundos e garantindo que comunidades locais, universidades e organizações de base 7 possam acessar e gerir de forma direta recursos internacionais destinados à mitigação e à adaptação. E não existe participação da sociedade civil sem a proteção de defensores ambientais. Por isso, reforçamos a necessidade do Congresso Nacional brasileiro ratificar o Acordo de Escazú, primeiro tratado da América Latina e do Caribe focado em garantir o acesso à informação, a participação pública e o acesso à justiça em questões ambientais, prevendo, especificamente, a proteção de defensores ambientais. O Brasil assinou em 2018, mas recentemente a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados se manifestou contrariamente à incorporação do acordo, alegando que geraria “insegurança jurídica” e poderia "impor obrigações excessivamente onerosas ao setor produtivo brasileiro". Entre os defensores do meio ambiente, é preciso garantir a centralidade de escuta, fala, propostas, gestão e financiamento dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Conforme relatório da Food and Agriculture Organization (FAO) e da Fund for the Development of Indigenous Peoples of Latin America and the Caribbean (FILAC), os povos indígenas e tribais das Américas participam da governança de 320 a 380 milhões de hectares de florestas na América Latina e Caribe. Só no Brasil, a floresta da Amazônia Legal armazena cerca de 49 bilhões de toneladas métricas de carbono, valor superior ao total de carbono armazenado nas florestas da Indonésia ou da República Democrática do Congo. Os territórios formalmente titulados coletivamente por povos indígenas contêm cerca de um terço de todo o carbono armazenado nas florestas da América Latina e Caribe, e 14% do carbono armazenado nas florestas tropicais mundiais. Suas técnicas ancestrais de manejo sustentável são um verdadeiro celeiro de tecnologia e de soluções climáticas, que precisam ser protegidas, financiadas e difundidas. Sua relevância histórica e atual no cuidado com o meio ambiente precisa ser traduzida nas dinâmicas das COPs. Povos indígenas criticam o espaço das COPs por serem inacessíveis: custo alto, barreira linguística, exclusão dos espaços de tomada de decisão. Reclamam que sua presença, quando ocorre, é "tokenizada", apenas simbólica, em eventos paralelos, da própria sociedade civil, falando para os seus próprios pares e não para os negociadores e diplomatas. Ademais, é fundamental assegurar o mínimo: o respeito ao direito de consulta prévia, livre e informada dos povos indígenas e comunidades tradicionais 8 para a adoção de qualquer medida que cause impacto ao seu modo de vida. O direito à consulta prévia, garantido desde 1989, pela Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no âmbito das discussões climáticas, precisa ser garantido, por exemplo, projetos relacionados à geração de créditos de carbono em seus territórios. Esse direito deve ser garantido não apenas às comunidades que já possuem seus territórios demarcados, mas também àquelas que ainda lutam pelo reconhecimento de suas terras. As Salvaguardas de Cancún, adotadas durante a COP 16 (2010), devem servir como parâmetro para proteger os direitos humanos, culturais e territoriais desses povos, evitando que mecanismos do mercado de carbono aprofundem desigualdades históricas ou resultem em novas formas de exploração e expropriação ambiental. Essa preocupação está presente, especialmente, no mercado de carbono voluntário, com denúncias de assédio de povos indígenas e comunidades tradicionais por empresas que não explicam o que são os projetos de carbono, seus impactos, as obrigações e restrições do uso da terra geradas por eles, e sem repasse justo dos recursos gerados para essas comunidades. O próprio Ministério Público Federal tem recomendado aos povos indígenas e comunidades tradicionais a não fazerem parte de projetos REDD + (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal) e também tem questionado judicialmente os já realizados. Demanda atenção também a atual discussão da constitucionalidade do direito de consulta prévia da Convenção da OIT pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 5905), pois pode levar a retrocessos na garantia desse direito. 3. Educação climática para transformar Defendemos, ainda, a incorporação da educação climática como eixo permanente da grade curricular dos cursos de Relações Internacionais, valorizando a pesquisa e a extensão universitária como instrumentos de transformação social, para que o campo possa contribuir, cada vez mais, com a política externa brasileira como política pública, integrada às políticas domésticas. No ensino superior público, há uma maior abertura para a abordagem do tema. Mas também no ensino privado, por iniciativa dos alunos, grupos de estudos 9 são criados para discutirem o tema como, por exemplo, o Harmony With Nature da FACAMP. Além disso, projetos de extensão universitária, como o FECOP30, da FECAP, surgem como uma iniciativa de ensino prático para os estudantes terem conhecimento sobre as mudanças climáticas. Ademais, o FARI (Fórum Amazônico de Relações Internacionais) organiza eventos acadêmicos que reúne professores e estudantes para abordar temas políticos, sociais, econômicos e ambientais com uma visão abrangente da região amazônica. O Research Centre Brasilia , ligado à UnB, possui o grupo CLIM (“ International System in the Anthropocene and Global Climate Change ”), que realiza pesquisas que abordam temas como governança da mudança climática, biodiversidade e indígenas, oceanos e Antártica, com foco no Brasil, Amazônia e Cerrado. A Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) sediará uma “ Fulbright Chair ”, entre Brasil-EUA, para discutir estratégias sustentáveis para se preparar, responder e recuperar de desastres ambientais no Rio Grande do Sul, que está fortemente ligado às mudanças climáticas, através do projeto intitulado “Preparação, resposta e recuperação sustentáveis às mudanças climáticas no Rio Grande do Sul por meio da cooperação acadêmica internacional”. Dessa forma, é notável que há diversas iniciativas que estudam as mudanças climáticas e o meio ambiente por parte das universidades brasileiras, algumas com reconhecimento internacional. É notável que também a educação básica brasileira carece de iniciativas que eduquem as novas gerações a respeito das mudanças climáticas no mundo e das políticas públicas que o governo cria para tentar mitigar os efeitos na sociedade. Uma pesquisa nacional da Nova Escola, em parceria com o Office for Climate Education (OCE), revela que 92% dos docentes brasileiros, de um levantamento com 1600 professores, consideram a educação climática muito importante, mas menos da metade consegue tratar do tema com frequência com os alunos. Além disso, o levantamento mostrou que a falta de formação, apoio institucional e materiais didáticos adequados são os principais obstáculos. Mais de 40% das escolas não têm plano de ação climática em seus Projetos Político-Pedagógicos. 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS Reafirmamos, portanto, que não há justiça climática sem democracia. A COP 30 representa uma oportunidade histórica para o Brasil demonstrar que é possível aliar liderança ambiental, compromisso multilateral e inclusão social. Como estudantes e pesquisadores, reafirmamos nosso engajamento na construção de uma governança climática justa, participativa e transparente, em que o futuro do planeta seja deliberado com e não apenas sobre aqueles que o habitam. Por meio desta carta, convidamos todas as instituições acadêmicas, ONGs e atores internacionais a endossar esta carta e se juntarem ao nosso movimento. Juntos, podemos garantir que a COP 30 não seja apenas mais um evento, podemos nos unir em torno de um mesmo princípio: a democratização da ação climática é o caminho para a sustentabilidade global. Assinam esta carta, FECOP30 (FECAP, São Paulo) CARI - Centro Acadêmico de Relações Internacionais Cecília Prado (FECAP, São Paulo) CARIAC - Centro Acadêmico de Relações Internacionais Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (Universidade Positivo, Curitiba) CAREL - Centro Acadêmico de Relações Internacionais (Universidade de Brasília) DARI - Diretório Acadêmico Embaixador Vinicius de Moraes (Universidade Federal do Pampa - Campus Livramento) CARITQ - Centro Acadêmico de Relações Internacionais Thereza Quintella (UNIP, Goiás) CARIMV - Centro Acadêmico de Relações Internacionais Mônica de Veyrac (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) CARIBARAO - Centro Acadêmico Barão do Rio Branco (PUC, São Paulo) CASUAL - Centro Acadêmico Suely Souza de Almeida (UFRJ, Rio de Janeiro) CAERI - Centro Acadêmico Estudantil de Relações Internacionais (UAM, São Paulo) Estudantes de Relações Internacionais do Brasil 11