TEOREMA MILITAR TEMA DE REDAÇÃO 01 - CONSUMISMO PROF. VIVI TEXTO I Nesta civilização onde as coisas importam cada vez mais e as pessoas cada vez menos, os fins foram sequestrados pelos meios: as coisas te compram, o automóvel te governa, o computador te programa, a Tv te vê. (...) As coisas têm atributos humanos, acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura de consumo fez da sociedade o mais lucrativo dos mercados. Os dolorosos vazios do peito são preenchidos com coisas ou com o sonho de possuí-las. E as coisas não se limitam a abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo- condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multitudinário. (...) Dizes-me quanto [e o quê] consomes, dir-te-ei quanto vales. (...). Eduardo Galeano in. “ De Pernas pro Ar: a escola do mundo ao avesso ”. Ed. l&pm, 2011, pp. 255 -277. TEXTO II A Revolução Industrial descobriu que as pessoas não querem apenas o necessário. Se dispõem de poder aquisitivo, adoram ostentar o supérfluo. A publicidade veio ajudar o supérfluo a se impor como necessário. A mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), passou a ocupar os polos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou para o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal declarar: “Consumo, logo existo.” Fora do mercado não há salvação, alertam os novos sacerdotes da idolatria consumista. A fé imprime sentido subjetivo à vida, objetivando-as na prática do amor, enquanto um produto cria apenas a ilusória sensação de que, graças a ele, temos mais valor aos olhos alheios. O consumismo é a doença da baixa autoestima. O pecado original dessa nova religião é que, ao contrário das tradicionais, ela não é altruísta, é egoísta; não favorece a solidariedade, e sim a competitividade; não faz da vida dom, mas posse. E o que é pior: acena com o paraíso na Terra e manda o consumidor para a eternidade completamente desprovido deste lado da vida. Frei Betto, Artigo publicado no Jornal de Ciência e Fé em abril de 2001, ano 2, nº 29 TEXTO III Eu, Etiqueta Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. (...) É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, Carlos Drummond de Andrade Com base nas ideias e sugestões presentes nos textos aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o seguinte tema: O consumo excessivo revela uma ostentação que mascara a personalidade.